A crise económica atinge o futebol moçambicano. Por falta de fundos, o Moçambola, a maior prova futebolística, pode parar por tempo indeterminado no próximo fim de semana. Paralisação pode ter impacto em várias áreas.
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O Campeonato Nacional de Futebol poderá sofrer uma interrupção por tempo indeterminado, admitiu publicamente a Liga Moçambicana da modalidade. Já no último fim de semana foi cancelada a maior parte dos jogos do campeonato, que mal começou e vai ainda na sexta jornada. Em causa está a falta de fundos para custear as despesas em passagens aéreas para a deslocação das equipas.
A Liga Moçambicana de Futebol reuniu-se esta segunda-feira (16.04) de emergência com os clubes para tentar encontrar propostas viáveis a serem levadas a um encontro com o Governo, agendado para esta terça-feira (17.04), para tentar salvar o Moçambola.
"Ficou claro que estamos em dificuldades, mas todos estamos unânimes em podermos fazer um esforço , de modo a terminarmos o nosso campeonato nacional nos moldes em que se iniciou", disse o presidente da Liga, Ananias Couana.
Crise em Moçambique chega ao futebol
Segundo o dirigente, os participantes no encontro chegaram a um acordo de princípio, mantendo-se em aberto a discussão sobre o tipo de transporte a utilizar nas várias deslocações.
"Temos de massificar o transporte terrestre. Tudo será feito para garantir que o Moçambola prossiga no próximo fim de semana com a conclusão da sexta jornada", afirmou o presidente da Liga."
Consequências
O comentador desportivo Alexandre Zandamela disse à DW África que a eventual interrupção do Moçambola poderá afetar várias áreas. "O Moçambola é um meio através do qual as pessoas convivem e se conhecem. O Moçambola é visto também como um elemento aglutinador, de autoestima, de alavancar a unidade nacional", explica.
Do ponto de vista económico, também haverá consequências, já que "as pequenas empresas e os pequenos negociantes encontram no Moçambola uma oportunidade de fazerem um encaixe financeiro através dos seus negócios", lembra o comentador.
E também a componente desportiva vai ficar mais afetada. "Sem o Moçambola, tudo se desmorona do ponto de vista da ambição, da projeção dos adeptos de futebol", diz Alexandre Zandamela.
O comentador desportivo Manuel Moreira também destaca que uma eventual interrupção do campeonato poderá provocar ainda atrasos na conclusão da prova e chocar com os prazos para a apresentação dos nomes dos representantes do país nas competições africanas.
"Isto está extremamente complicado", considera Manuel Moreira. "Em setembro temos de ter o finalista da taça e um campeão nacional, porque o figurino das competições africanas irá mudar. Não vejo como é que vamos terminar o campeonato nacional e temos ainda a Taça de Moçambique. Começámos o campeonato nacional com três semanas de atraso, já temos duas jornadas que não se vão realizar, uma delas incompleta só com três jogos realizados", lembra.
A ascensão do Futebol Africano
É cada vez mais frequente ver jogadores africanos em grandes competições e em clubes de grande nomeada. Conheça algumas das pérolas africanas, que brilham ao mais alto nível no futebol europeu
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/Shi Song
Mohamed Salah
Foi o melhor jogador africano, em 2017. O "pequeno egípcio" de 25 anos chegou esta época ao Liverpool e os números são assustadores. 31 golos e 11 assistências, em 37 jogos. Salah vale 40% dos 103 golos marcados pelo Liverpool, até agora. O Mundial de 2018 está à porta e Salah irá representar o Egito em solo russo.
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Pierre-Emerick Aubameyang
Protagonizou uma das grandes transferências do "mercado de Inverno". Aubameyang jogou pelo Borussia de Dortmund durante 4 anos e meio. Marcou 141 golos em 213 jogos. O melhor jogador africano de 2015, representa agora o Arsenal, transferência que elevou Aubameyang ao topo dos jogadores africanos mais caros do futebol mundial. Custou aos ingleses 64 milhões de euros.
Foto: Iimago/Sportimage/R. Parker
Sadio Mané
Está a realizar uma das melhores épocas da carreira. Prova disso foi o 2º lugar na luta pelo prémio de Futebolista Africano do Ano (2017). O avançado senegalês de 25 anos é um titular indiscutível do Liverpool. Em 29 jogos, leva já 13 golos e 7 assistências. Está em crescendo a carreira de Sadio Mané, que vai estar pela primeira vez num Mundial de futebol, pelo Senegal.
Foto: Reuters/M.Childs
Naby Keita
É uma promessa já garantida. Que o diga o Liverpool, que vai desembolsar mais de 50 milhões de euros, para resgatar o médio da Guiné Conacri ao RB Leipzig. Para já, Keita vai espalhando magia pelos relvados da Bundesliga. O "motor" do Leipzig leva 7 golos e 2 assistências em 26 jogos esta época. Números fora do normal para jogadores que atuam como médios.
Foto: Getty Images/B.Streubel
Riyad Mahrez
Foi um dos grandes obreiros de uma das mais bonitas e surpreendentes histórias do futebol mundial. Riyad Mahrez, eleito em 2016 como o melhor jogador africano, é um nome que ficará para sempre nos livros do desporto-rei. O avançado argelino de 27 anos "explodiu" há dois anos, quando conquistou a "Premier League" pelo Leicester City. Apesar do atual menor fulgor, Mahrez continua um craque da bola.
Foto: Getty Images/M. Regan
Bruma
Mais um grande talento que saiu de uma das melhores academias do futebol europeu, Sporting e que brilha no estrangeiro. É o caso do português de origem guineense, Bruma. O avançado de 23 anos, em época de estreia na Bundesliga, já é uma das referências do Leipzig, vice-campeão alemão. Bruma conta com 4 golos e 2 assistências e pisca o olho a um lugar na seleção portuguesa, rumo ao Mundial.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Vincent Aboubakar
O avançado camaronês de 26 anos é um dos artilheiros do F.C. Porto. Esta época leva já 26 golos em 34 jogos. Mais uma grande temporada de Aboubakar, depois de na última época, ao serviço do Beşiktaş, ter faturado 19 golos em 28 jogos. Está em crescendo o avançado que garantiu a Taça das Nações Africanas, em 2017, à seleção dos Camaraões.
Foto: Francisco Leong/AFP/Getty Images
Yaya Touré
Apesar dos seus 34 anos, Yaya Touré continua a ser uma das bandeiras do futebol africano, no velho continente. Com a chegada de Pep Guardiola, o "gigante" da Costa do Marfim deixou de ser uma aposta regular do Manchester City mas o clube não desdenha dele. O veterano é, a par de Samuel Eto´o, o atleta mais vezes eleito o futebolista africano do ano (4). Discutívelmente, um dos melhores de sempre.