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Crise em Moçambique: SADC preocupada, espera diálogo

ac | DW (Deutsche Welle) | Lusa
20 de novembro de 2024

Líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral dizem estar preocupados com a crise pós-eleitoral em Moçambique. Antes de agir, aguardam os resultados do diálogo proposto pelo Presidente Filipe Nyusi.

Protestos em Maputo a 7 de novembro de 2024
Moçambicanos protestam contra a fraude eleitoral nas eleições de 9 de outubroFoto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, foi um dos poucos chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) a participar na reunião desta quarta-feira (20.11) em Harare, a capital do Zimbabué.

A crescente tensão política no país depois das eleições gerais de 9 de outubro, com protestos sucessivos contra a alegada "megafraude" na votação, preocupa os governantes do bloco. Dezenas de pessoas foram mortas durantas a manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Nyusi foi a Harare com uma promessa: Está aberto para dialogarFoto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images

Nyusi propôs um diálogo com Mondlane e os restantes três candidatos presidenciais poucas horas antes de participar na reunião em Harare. A SADC decidiu, agora, aguardar mais algum tempo antes de tomar medidas concretas em relação à crise pós-eleitoral moçambicana.

"O Presidente Nyusi disse que estaria aberto ao diálogo com todos os candidatos. Os líderes da SADC vão, portanto, aguardar e ver se esse diálogo vai, de facto, acontecer. Caso esse diálogo seja infrutífero, a SADC iniciará a sua mediação, enviando um mediador a Moçambique", relatou Privilege Musvanhiri, correspondente da DW em Harare.

SADC reage tarde

A decisão não constitui uma surpresa para a analista política zimbabueana Linda Masarira.

Em declarações à DW, Masarira refere que a estrutura da SADC é pesada e quase sempre morosa e burocrática. O mais importante seria evitar que haja mais vítimas na sequência da crise política interna moçambicana, afirma a analista.

"Ninguém merece morrer por causa da política ou por um político. A SADC deveria passar essa mensagem, mas ainda estamos muito longe de ter esse tipo de educação e conhecimento cívicos."

Linda Masarira lembra, a propósito, o recente conflito pós-eleitoral no Zimbabué, em agosto. A delegação de observadores da SADC disse que as eleições "ficaram aquém dos requisitos dos princípios e regras da SADC no que diz respeito a eleições democráticas". E, segundo a analista política, os zimbabueanos esperaram que o bloco "interviesse de forma eficaz".

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"Mas a SADC falhou. Reagiu tarde demais. Por isso, entendo a frustração que muitos moçambicanos deverão estar a sentir", conclui Masarira.

A Amnistia Internacional exortou a SADC a tomar uma "posição firme" face à violência pós-eleitoral em Moçambique.

"A situação piora a cada dia que passa, à medida que o número de mortos aumenta, mas a SADC mantém um silêncio chocante", afirmou a diretora regional adjunta da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral, Khanyo Farisè.

O bloco tem sido "dolorosamente lento a responder à crise de Moçambique", mas "tem de se pronunciar agora com força contra as violações contínuas dos direitos humanos pelas forças de segurança moçambicanas", apelou a Amnistia Internacional.

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