A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou esta sexta-feira um novo acordo com a Tunísia sobre migração.
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De visita a Tunes, a chanceler Angela Merkel anunciou, esta sexta-feira (03.03), um acordo para acelerar o repatriamento de cidadãos tunisinos a quem tenha sido recusado o pedido de asilo. Com o acordo, será também mais rápido identificar requerentes de asilo sem documentos, segundo a governante alemã.
"Acordámos que o processo de identificação não demorará mais do que 30 dias. Isso é, para nós, uma boa notícia", disse Merkel numa conferência de imprensa. E "se for necessário passar documentos, porque muitos já não têm os papéis da Tunísia, demorará menos de uma semana."
A lentidão da burocracia tunisina terá estado na origem das dificuldades da Alemanha em expulsar Anis Amri, o suspeito do ataque de dezembro a um mercado de Natal em Berlim, em que morreram 12 pessoas.
Eleições à porta
A chanceler alemã está sob pressão. A política de "portas abertas" de Angela Merkel foi criticada por muita gente na Alemanha. E, a poucos meses das eleições legislativas, agendadas para setembro, Merkel mostra-se empenhada em reforçar a segurança no país e combater a imigração ilegal para impedir que a extrema-direita conquiste mais votos.
Berlim lançou uma ofensiva para tentar travar o fluxo de refugiados para o país e combater as causas da imigração. E a chanceler, que abriu as portas a mais de um milhão de refugiados desde 2015, tem agora debatido parcerias com vários países.
Na quinta-feira, Merkel esteve no Cairo e a Alemanha ofereceu 500 milhões de dólares em ajuda, segundo as autoridades egípcias. À Tunísia, Berlim prometeu 250 milhões de euros para formação profissional, para as pequenas e médias empresas e para a agricultura.
Crise migratória preenche agenda de Merkel na Tunísia
Criar oportunidades na Tunísia
O ministro alemão para a Cooperação Económica, Gerd Müller, também esteve em Tunes na sexta-feira e inaugurou um "Centro Germano-Tunisino para o Emprego, Migração e Reintegração". A ideia é dar aos jovens informações sobre oportunidades de trabalho e formação profissional.
"Há cerca de 1.500 tunisinos que têm de ser reintegrados e que não podem regressar à Tunísia como gente fracassada", afirmou Müller.
A taxa de desemprego na Tunísia ronda os 16%, segundo dados oficiais – cerca de um terço dos licenciados não consegue encontrar trabalho.
O Presidente da Tunísia, Béji Caïd Essebsi, disse que o acordo anunciado esta sexta-feira é motivo de agrado para os dois países.
A bordo de um navio militar alemão no Mediterrâneo
O "Frankfurt am Main" navega nas águas do Mar Mediterrâneo desde janeiro. Auxilia no resgate de refugiados a caminho da Europa e serve de apoio a outros navios. A DW África viajou na embarcação.
Foto: DW/D. Pelz
Missão delicada
O maior navio da Marinha alemã, o "Frankfurt am Main", prepara-se para levantar âncora. Os militares têm em mãos uma missão delicada no Mar Mediterrâneo, no âmbito da operação naval europeia "Sofia": travar a migração ilegal para a Europa, apanhar os "passadores" e resgatar os refugiados que naufragam.
Foto: DW/D. Pelz
Visão periférica
O navio funciona 24 sobre 24 horas. Os militares revezam-se nos turnos. Na ponte de comando, monitorizam o mar envolvente com a ajuda do radar. Os objetos que aparecem no monitor não são só embarcações de refugiados. Há muitos navios comerciais e de cruzeiro que navegam no Mediterrâneo. O "Frankfurt am Main" cruza-se também frequentemente com outras embarcações da operação "Sofia".
Foto: DW/D. Pelz
Saúde a bordo
O mar está demasiado agitado - os refugiados não se costumam fazer ao Mediterrâneo com este tempo. A tripulação dedica-se, por isso, a outras tarefas. A paramédica Shanice S. conduz um teste auditivo de rotina a um soldado. Os tripulantes fazem exames médicos regularmente. É possível inclusive realizar operações no hospital de bordo. Também há um dentista no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Médicos, padeiros e padre a bordo…
Andreas Schmekel (à dir.) comanda mais de 200 pessoas no navio. A bordo seguem marinheiros, médicos, cozinheiros, padeiros e um padre. A maioria dos tripulantes passa vários meses no navio.
Foto: DW/D. Pelz
Sempre alerta
Os tripulantes têm de estar preparados para resgatar refugiados que entrem em apuros. Por isso, o técnico Jan S. testa as lâmpadas num dos contentores na proa. É para aqui que os refugiados são levados inicialmente. É aqui que são revistados pelos militares e que se avalia o seu estado de saúde. Quando centenas de refugiados sobem a bordo ao mesmo tempo, o processo pode demorar um dia inteiro.
Foto: DW/D. Pelz
Dia-a-dia dos militares
Se não há náufragos a bordo, os militares continuam os seus treinos regulares, incluindo de tiro, mesmo que a missão no Mediterrâneo não preveja o uso de armas de fogo. Também são testados o combate a incêndios ou a prontidão da resposta face a possíveis vazamentos no navio. Em caso de emergência, cada decisão e gesto é crucial.
Foto: DW/D. Pelz
Tudo em ordem e pratos limpos
Além dos turnos de vigia e dos treinos também é preciso limpar o navio e preparar a comida. Todos os dias, durante uma hora, os militares limpam todos os quatro cantos do navio - desde a bússola aos corrimões. Sobra pouco tempo livre.
Foto: DW/D. Pelz
Visita de vizinhos
Os vizinhos também fazem visitas no Mar Mediterrâneo. A fragata alemã "Karlsruhe" e o porta-aviões italiano "Cavour" realizam um exercício em conjunto com o navio "Frankfurt am Main". É preciso concentração máxima ao leme. Esta é uma manobra difícil.
Foto: DW/D. Pelz
Um armazém flutuante
O "Frankfurt am Main" costuma servir de apoio a embarcações mais pequenas, fornecendo combustível e água. Feridos podem ser tratados no hospital de bordo. Agora, uma parte do navio é utilizada para acolher refugiados que naufragam e que são, depois, transportados para o porto mais próximo ou transferidos para outro navio.
Foto: DW/D. Pelz
Posto de gasolina em alto mar
A fragata espanhola "Numancia" abastece no "Frankfurt am Main". É uma manobra complicada pois as embarcações navegam a uma velocidade de 20 km/h. Os navios têm de se manter à mesma distância durante a operação. Abastecer em alto mar chega a durar mais de uma hora.
Foto: DW/D. Pelz
Saudades
Este placard serve de motivação aos marinheiros, indicando os dias que faltam para o regresso a casa. Em alto mar os telemóveis não têm rede. Mas, a cada duas semanas, o navio atraca num porto do Mediterrâneo – é uma oportunidade para reabastecer a embarcação e dar aos militares a oportunidade de se recuperarem da vida a bordo.