Multiplicam-se os protestos contra o Presidente togolês, Faure Gnassingbé. Ao mesmo tempo, aumenta a repressão policial.
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A instabilidade no Togo não pára de aumentar. Organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que, só no final da semana passada, sete pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em protestos contra o Presidente Faure Gnassingbé, no poder desde 2005. As autoridades togolesas refutam os números.
Ao todo, estima-se que quase 100 mil pessoas participaram nos protestos, que começaram em meados de agosto.
No sábado, mais um togolês terá sido morto em Sokodé, a segunda maior cidade do país. Na capital, Lomé, as manifestações parecem ter acalmado. Mas dezasseis togoleses foram condenados pelo tribunal de primeira instância por "distúrbios à ordem pública, resistência à polícia, agressão, violência e rebelião".
O Governo do Togo confirma apenas que cerca de 60 pessoas foram presas e quatro acabaram por morrer baleadas. Mas, segundo o ministro togolês da Segurança, Damehane Yark, ainda não está claro quem foi o autor dos disparos.
"Onde é que as pessoas foram baleadas e por quem? Eu posso assegurar que não são só as forças de segurança que têm armas", afirmou.
Apesar do Governo garantir que apenas tem sido usado gás lacrimogénio, a oposição acusa a polícia de utilizar outros tipos de armas e de já ter provocado a morte de menores.
Intimidação governamental
A oposição denuncia ainda atos de intimidação por parte do Executivo togolês. Segundo o testemunho de vários cidadãos, os militares têm estado a aterrorizar a população, atirando tiros para o ar durante a noite para aumentar o medo.
"Como é que isto está a acontecer? Vocês dizem que querem paz mas vejam como perseguem as pessoas pelas ruas", questiona um residente.
Crise no Togo agrava-se
Que solução?
Faure Gnassingbé tentou acalmar a situação propondo a realização de um referendo sobre o limite dos mandatos presidenciais no país.
No entanto, a oposição continua a exigir a demissão do Presidente e quer que, no futuro, o líder só possa permanecer no comando do país por dois mandatos de cinco anos, como previa a Constituição do país em 1992. No entanto, em 2002, a Lei foi alterada para que o pai do atual Presidente se pudesse candidatar a um terceiro mandato.
"Voltar à Constituição de 1992, como a oposição exige, é possível, mas isso não acontecerá", comenta Jean Degli, advogado e presidente do movimento "Construir o Togo". "Mas poderíamos, por exemplo, revogar a lei constitucional de 2002. O retorno de apenas certos fundamentos de 1992 seria suficiente", acrescenta.
Famílias influentes em África
Para muitos, a política continua a ser um negócio de família: o filho recebe a Presidência de herança, a filha dirige a empresa estatal, a esposa torna-se ministra. Há vários exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa
Filha milionária
Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente angolano, é uma das dez pessoas mais ricas de África. Do império da empresária constam a maior empresa de telecomunicações do país e uma cadeia de hipermercados. Além disso, dos Santos lidera a petrolífera angolana Sonangol. O irmão José Filomeno dirige o Fundo Soberano de Angola, que gere mais de cinco mil milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
O meu pai decide…
Teodoro Nguema Obiang Mangue é vice-Presidente da Guiné Equatorial – e o filho do chefe de Estado. O pai, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, dirige o país desde 1979. O seu enteado, Gabriel Mbaga Obiang, é ministro das Minas e Hidrocarbonetos. A petrolífera estatal GEPetrol é controlada pelo cunhado do Presidente, Nsue Okomo.
Foto: Picture-alliance/AP Photo/F. Franklin II
O meu filho, o guarda-costas
Muhoozi Kainerugaba é o filho mais velho do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que está desde 1986 no poder. Ele é um oficial superior no Exército ugandês e comanda a unidade especial responsável pela proteção do chefe de Estado. A mulher de Museveni, Janet, é ministra da Educação e do Desporto. O cunhado, Sam Kutesa, é ministro dos Negócios Estrangeiros.
Foto: DW/E. Lubega
Uma irmã gémea influente
Jaynet Désirée Kabila Kyungu é filha do ex-Presidente congolês, Laurent Kabila. Agora, é o seu irmão gémeo, Joseph Kabila, que governa o país. Jaynet está no Parlamento; além disso, tem uma empresa de comunicação. Os "Panama Papers" revelaram que ela foi co-presidente de uma empresa offshore que terá tido participações no maior operador móvel no Congo.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
De secretária a primeira-dama
Grace Mugabe é a segunda mulher do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe. Começaram a namorar enquanto ela ainda era a sua secretária. Entretanto, Grace é presidente da "Liga das Mulheres" do partido no poder e tem bastante influência. Grace, de 51 anos, é vista como a sucessora do marido, de 92 anos, embora ela tenha afastado essa hipótese.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
A ex-mulher ambiciosa
Nkosazana Dlamini-Zuma foi a primeira mulher eleita como presidente da Comissão da União Africana. Antes, foi ministra dos Negócios Estrangeiros no Governo do Presidente sul-africano Thabo Mbeki. Foi também ministra do Interior no Executivo do ex-marido, Jacob Zuma. O casamento desfez-se antes de Dlamini-Zuma ocupar esses cargos ministeriais.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Prinsloo
A empresa familiar, o Estado
Nas mãos da família do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, estão numerosas empresas estratégicas e altos cargos na política. O irmão Maurice é dono de várias empresas, a filha Claudia (na foto) dirige o gabinete de comunicação do pai e pensa-se que o filho Denis Christel esteja já a ser preparado para assumir a Presidência.
Foto: Getty Images/AFP/G. Gervais
Autorizado: Presidente Bongo II
O autocrata Omar Bongo Ondimba governou o Gabão durante 41 anos até falecer, em 2009. Numas eleições polémicas, em que bastou uma maioria simples na primeira volta, o filho do ex-Presidente, Ali Bongo, derrotou 17 opositores. Ele foi reeleito em 2016. A família Bongo já governa o país há meio século.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Tal pai, tal filho
Dos cerca de 50 filhos do ex-Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma, Faure Gnassingbé foi o único a enveredar pela política. Entretanto, governa o país. Os pais dos atuais chefes de Estado do Quénia e do Botswana também já tinham estado na Presidência.