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Crise pós-eleitoral: Mondlane quer carros parados nas ruas

26 de novembro de 2024

Fracassou o primeiro encontro entre o Presidente Filipe Nyusi e os candidatos presidenciais para pôr fim à crise pós-eleitoral. Venâncio Mondlane não participou e anunciou novos protestos para os próximos três dias.

Candidato presidencial Venâncio Mondlane durante as eleições gerais em Moçambique, em outubro de 2024
Imagem de arquivoFoto: Romeu da Silva/DW

Três dos quatro candidatos presidenciais convocados por Filipe Nyusi estiveram na Presidência da República e concordaram em não avançar com o diálogo para discutir a crise política pós-eleitoral sem a presença de Venâncio Mondlane.

O candidato suportado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) condicionou a sua presença no diálogo a garantias de segurança, entre outros pontos. A Procuradoria-Geral da República acusou criminalmente Mondlane de "promover manifestações violentas" e de "tentativa de golpe de Estado".

O Presidente da República, Filipe Nyusi, afirmou hoje que não há motivos para que Venâncio Mondlane esteja fora do país.

"Se há motivos legais que podiam colocar o problema, nós precisamos falar. Se tivesse um sítio conhecido, se calhar sugeria a esta equipa que está interessada em resolver o problema em irmos ter com ele lá. Mas ninguém sabe onde está", frisou Nyusi. "Se estivesse em Gorongosa, podia ir ter com ele lá, mas ninguém sabe onde está."

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Nyusi deixou uma garantia para que Venâncio Mondlane participe nos próximos encontros: "Esforço será feito para que ele esteja aqui."

Mondlane diz que não recebeu resposta

Em direto nas redes sociais, o candidato Venâncio Mondlane explicou que não participou na reunião proposta pelo Presidência da República, nem virtualmente, porque não tinha recebido resposta a uma carta que enviou a Filipe Nyusi com "termos de referência" e uma proposta de agenda para o encontro.

"O Presidente da República está a criar um teatro. Não tem nenhuma vontade genuína de haver um debate sério, um diálogo sério, para resolver o problema da crise pós-eleitoral que Moçambique está a viver", acusou Mondlane.

Ao todo, Mondlane sugeriu 20 pontos de agenda para o diálogo. Em primeiro lugar nessa lista está a "reposição da verdade e justiça eleitorais" e a "responsabilização criminal e civil dos atores da falsificação do processo e documentos eleitorais".

Mais três dias de protestos

Esta terça-feira, o político apelou a novos protestos nos próximos três dias. Mondlane pediu aos moçambicanos para, a partir das 08h00, estacionarem os seus carros, bicicletas ou motorizadas no meio da estrada.

"Vamos usar as nossas estradas como parque de estacionamento, com os carros cheios de cartazes. Vamos desligar o carro na estrada. Fechamos o carro e vamos andar a pé até ao local de trabalho", apelou o candidato presidencial.

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O protesto terminará às 16h00, depois de serem entoados os hinos de Moçambique e de África. Às 21h00, Mondlane pede aos moçambicanos para voltarem às "paneladas" em protesto contra a "fraude eleitoral".

O líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, disse que a ausência de Venâncio Mondlane na reunião de hoje com Filipe Nyusi é preocupante, pois é ele quem tem mobilizado as manifestações nas últimas semanas.

"A sua ausência é perigosa na medida em que nós queremos coisas sérias, responsáveis, e queremos resolver os problemas", salientou Momade.

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