Cristãos egípcios novamente sob a mira dos terroristas
Reuters | AFP | AP | DPA | cvt
3 de novembro de 2018
Centenas de cristãos egípcios enterraram sete pessoas, este sábado (03.11), mortas a tiros quando retornavam de um mosteiro copta. Presidente prometeu intensificar segurança.
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Dois autocarros foram atacados, na sexta-feira (02.11), perto do mosteiro situado a 260 quilómetros do Cairo, na província de Minya. Sete pessoas foram mortas, seis delas membros da mesma família, e pelo menos 18 ficaram feridas, incluindo crianças. Um rapaz de 15 anos e uma rapariga de 12 também estão entre os mortos.
Durante o velório, os parentes das vítimas choravam e se abraçavam em busca de apoio.
Aida Shehata, que foi baleada nas pernas, contou à agência Associated Press que homens mascarados abriram fogo contra em três ônibus. Dois dos autocarros foram capazes de acelerar e chegar ao mosteiro, mas os militantes conseguiram parar o terceiro veículo, matando o motorista e seis dos passageiros, incluindo o seu marido e o seu irmão.
"Há uma mistura de tristeza e dor", disse o bispo Macarius, chefe da diocese copta na província de Minya, aos enlutados.
"Tristeza por estes dolorosos acontecimentos estarem a ser repetidos e dor porque os coptas são parte desta terra", acrescentou.
O Ministério do Interior informou que a polícia estava a perseguir os autores do ataque, que estão foragidos.
Problema antigo
O ataque da sexta-feira foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) que, junto com grupos afiliados, disse ser responsável por vários ataques à minoria cristã do Egito - incluindo um que matou 28 pessoas quase no mesmo local, em maio de 2017.
Houve, no entanto, uma pausa nos ataques contra os cristãos desde dezembro passado, quando um homem armado matou 11 pessoas em uma igreja e numa loja de propriedade cristã, perto do Cairo.
Embora o exército e a polícia do Egito tenham iniciado uma operação contra grupos militantes em fevereiro, alguns dos cristãos enlutados disseram que segurança deve ser ainda mais reforçada.
O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, lamentou as vítimas e prometeu avançar com a campanha.
Os coptas, uma denominação ortodoxa que compõem cerca de 10% dos mais de 90 milhões de habitantes do Egito, são a maior comunidade cristã do Médio Oriente. Há muito tempo, eles reclamam de perseguição e proteção insuficiente.
O Governo prometeu 100.000 libras egípcias (cerca de 5.600 dólares) em compensação para as famílias dos mortos e a metade deste valor para aqueles que necessitavam de tratamento médico prolongado, de acordo com a agência de notícias estatal MENA.
"River Tales": Histórias ao longo do Nilo
O Nilo é uma artéria vital para os muitos países que atravessa. Três jovens fotógrafos contam, em imagens fascinantes, a(s) vida(s) ao longo do rio no Egito, na Etiópia e no Sudão.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Um dia na vida de uma família em Rosette
Os fotógrafos não quiseram mostrar conflitos políticos, mas sim as pessoas e como vivem o seu dia a dia, apesar de todas as dificuldades. Mahmoud Yakut conta a vida em Rosette, no Egito. A base da subsistência de muitas pessoas aqui é a agricultura. A fertilidade dos solos no delta do Nilo é uma bênção para os habitantes.
Foto: Mahmoud Yakut
Piscicultura no Nilo
O rio mais comprido do mundo passa por Rosette no Egito, onde muitas pessoas vivem da pesca. Na água bóiam estruturas de madeira para a criação de peixe, sobre as quais estão pequenas cabanas. Cada cabana tem espaço para uma cama e uma minúscula cozinha. As culturas são constantemente vigiadas por um membro da família.
Foto: Mahmoud Yakut
A vida na cidade
Rosette é ponto de encontro entre o passado e o presente: a cidade portuária é um centro de comércio importante desde a Idade Média. A História aqui é inseparável do comércio. A vida das pessoas é muito simples. Ao mesmo tempo, Rosette é famosa pela hospitalidade e generosidade dos seus habitantes.
Foto: Mahmoud Yakut
O papel das mulheres
As mulheres de Rosette são, geralmente, donas de casa, que se ocupam das crianças e de outros afazeres: por exemplo, cozinhar o pão nos fornos tradicionais de cerâmica. Também vendem legumes e queijo caseiro no mercado. Apesar de pobres, os citadinos são muito hospitaleiros. Partilhar é uma filosofia de vida.
Foto: Mahmoud Yakut
Laboratório de criação
Os fotógrafos já exibiram este seu trabalho sobre o Nilo em muitas galerias. Al-Sadig Mohamed é sudanês. O fotógrafo sente-se inspirado pela cerâmica tradicional ao longo do Nilo. Para Al-Sadig Mohamed, o artista e material influenciam-se mutuamente.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Artéria vital
A cerâmica do Nilo tem uma tradição milenar. Até à construção da barragem de Assuan, as enchentes do Nilo traziam solos férteis. Hoje mais do que nunca, a água é um recurso valioso. Por isso, o Nilo é considerado uma artéria vital, que simultaneamente simboliza a mudança constante. As pessoas aqui dependem do Nilo como fonte de água, via de transporte, fornecedor de energia e espaço vital.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Tradições milenares
Os vasos em cerâmica são úteis e belos ao mesmo tempo. Assim, o mais antigo artesanato do mundo desenvolveu inúmeras formas ao longo dos séculos. Hoje, museus e galerias expõem muitos exemplares de cerâmica núbia. Eles contam a história da cultura dos núbios no Sudão, um país desde sempre fortemente caracterizado pelo Nilo.
Foto: Elsadig Mohamed Ahmed
Lições de humildade no Nilo Azul
A viagem continua ao longo do Nilo Azul até à Etiópia com o fotógrafo Brook Zerai Mengistu. O Nilo Azul nasce na Etiópia e aqui vive uma comunidade de estudiosos da Bíblia adeptos do Cristianismo primitivo. Os estudiosos vivem à margem da sociedade para obterem acesso ao mundo espiritual e tornarem-se curandeiros para as outras pessoas. A sua formação na solidão voluntária demora 14 anos.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Catequese
De vez em quando os estudiosos abandonam a sua comunidade, para mendigar alimentos na aldeia. Mendigar ensina-lhes a ser humildes. E a humildade, na sua opinião, é uma via de acesso à força espiritual.
Foto: Brook Zerai Mengistu
Unidade e eternidade divina
A parte etíope do Nilo Azul representa a unidade e a eternidade divina. Para além das cidades, o Nilo proporciona espaço e paz.