Crocodilos mataram dezenas de pessoas na ilha de Chinde, província moçambicana da Zambézia. Habitantes acusam autoridades de nada fazer para os proteger dos ataques. Governo está sem capacidade de resposta e pede ajuda.
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Dezenas de pessoas têm sido atacadas por crocodilos no distrito de Chinde, a sul da província da Zambézia. Só nos últimos seis meses, 15 pessoas morreram em ataques, segundo as autoridades locais.
A população diz que os crocodilos chegam a saltar para as canoas para atacar os passageiros. "Atacam quando as pessoas vão buscar água e vão à pesca. O problema é que não há um poço para ir buscar água e nós bebemos sempre água lá no rio", relata Inácio Costa, residente no distrito de Chinde.
João Gordinho, outro morador deste distrito, pede ajuda: "Na área de Candaia, as pessoas são atacadas quando vão à pesca e nós atravessamos outras margens para fazer machamba. Nós não temos meios e estamos a pedir ajuda ao Governo."
"Há uma grande guerra com o crocodilo"
O administrador de Chinde, Pedro Vírgula, diz que tem feito o que pode para tentar pôr fim aos ataques. O problema é que há pouco peixe e demasiados crocodilos. "A população vive da pesca e o peixe está a escassear no mar. Por isso, a população tenta procurar mais locais onde encontrar peixe e isso cria guerra com os crocodilos", explica.
Crocodilos atacam população na Zambézia
"Há uma grande guerra com o crocodilo. Já recebemos duas armas, já temos caçadores, mas, mesmo assim, não estamos a conseguir. Portanto, estamos a trabalhar com alguns líderes e pessoas influentes na comunidade, para ver se nos ajudam", conta o administrador.
Segundo o porta-voz da polícia, Sidner Lonzo, é preciso um trabalho conjunto para evitar mais mortes. "Temos de trabalhar com os líderes comunitários para sensibilizar a população, principalmente as crianças, para não se fazerem ao rio", diz.
O administrador de Chinde, Pedro Vírgula, diz que os ataques de crocodilos atingiram uma proporção tal, que ultrapassa a capacidade de resposta do governo local. "Nas margens do rio Zambeze, há muitos ovos de crocodilo e não há uma campanha de recolha destes ovos", lamenta.
"Já levantámos essa questão ao próprio governo provincial. Tem de haver uma campanha ou negociar-se com os países vizinhos para comprarem os ovos de crocodilo ou arranjarem algum agente económico", sublinha o administrador, que pede a intervenção do governo provincial.
Até ao momento, a DW África não conseguiu obter uma resposta do Governo.
Lazer em vez de terror: o jardim zoológico de Maiduguri na Nigéria
Durante anos, o grupo terrorista islamita Boko Haram marcou a vida em Maiduguri. Ainda hoje acontecem atentados ocasionais. Mas o regresso à vida normal já permite prazeres como uma tarde passada no jardim zoológico.
Foto: DW/T. Mösch
Elefantas à espera dum elefante
As elefantas Izge e Juma são muito populares entre os visitantes. Mustapha Pogura (segundo da esquerda) veio da cidade vizinha de Yobe para passar uma tarde no jardim zoológico. "Antigamente teria receado vir por causa da falta de segurança. Mas agora reina aqui a paz." Pogura diz que ainda seria melhor se investissem mais no jardim zoológico. Os tratadores queriam um elefante para as elefantas.
Foto: DW/T. Mösch
Parque e zoológico há quase 50 anos
Chefes tradicionais e patrocinadores privados doaram alguns animais quando o parque foi criado em 1970. Em 1974, após uma visita ao parque, o Presidente queniano Jomo Kenyatta enviou uma série de animais da savana para a Nigéria. O parque transformou-se definitivamente num jardim zoológico. Mas aos poucos os animais foram morrendo de velhice ou porque não se adaptavam ao clima seco e quente.
Foto: DW/T. Mösch
Sombra e sossego no meio da azáfama urbana
Por um bilhete de 50 nairas (dez cêntimos do euro) o visitante pode visitar 17 hectares de parque com jaulas e cercas. Uma mão cheia de quiosques vende refrescos. Os visitantes preferem vir ao fim da tarde para fugir à canícula. Os pares sentam-se nos bancos à sombra e as crianças observam as cobras.
Foto: DW/T. Mösch
Um sítio para as crianças
A estudante Khadija (à direita), de 15 anos, e a sua irmã Aisha (segunda da direita) vieram com amigos. O leão é um dos animais preferidos de Khadija. "Fico feliz por haver um sítio tão bonito para nós, crianças", diz Aisha. Aos fins-de-semana o jardim zoológico enche bastante. Os empregados dizem que nos feriados importantes como a Festa do Sacrifício, vêm milhares de visitantes.
Foto: DW/T. Mösch
Leões comilões
Por detrás de uma grade grossa, o leão parece saciado. O rei dos animais partilha o recinto com duas leoas. Quando Maiduguri vivia o terror do Boko Haram, era difícil alimentar os leões. Foi preciso sacrificar-lhes algumas das cabras do jardim zoológico. Muitos carnívoros não sobreviveram, contam os tratadores.
Foto: DW/T. Mösch
Crocodilos prolíficos
A natureza conferiu aos crocodilos a capacidade de sobreviverem longos períodos sem comer. Estes não parecem ter sofrido nos anos de escassez de Maiduguri. O recinto está quase sobrelotado, porque os répteis reproduzem-se com rapidez. Fotos tiradas há alguns anos mostram o recinto cheio de lixo. Mas hoje os crocodilos dormitam sobre a areia branca e limpa.
Foto: DW/T. Mösch
Um diretor confiante
O diretor Usman Lawal trabalha aqui há mais de 20 anos. Mostra com orgulho o canto onde os crocodilos enterram os ovos. "Os governos passados não estavam interessados no jardim zoológico," conta. "Também por isso perdemos tantos animais”. Mas o atual governador do estado de Borno aumentou o orçamento, diz o diretor: "Pudemos proceder a limpezas e reparação de jaulas e recintos."
Foto: DW/T
Um recomeço com novos escritórios
O diretor Lawal tem grandes planos para o seu jardim zoológico. Fundos adicionais de Borno e o aumento de visitantes permitiram-lhe construir um novo edifício administrativo para os cerca de 40 empregados. Alguns recintos também obtiveram cercas novas.
Foto: DW/T.Mösch
A hiena aguarda uma casa nova
As jaulas para as hienas e os chacais estão na outra margem do pequeno rio que atravessa o parque. Para os ver, os visitantes têm que atravessar uma ponte. No outro lado do rio ainda falta construir e reparar muita coisa. A hiena decerto que agradeceria uma casa nova: a sua jaula é minúscula. Anda em círculos com um ar perdido e agitado.
Foto: DW/T. Mösch
Novos animais para assegurar o futuro
As avestruzes têm um recinto grande, para o qual vieram há pouco tempo. Pertenciam ao governador Kashim Shettima, que os ofereceu ao zoológico. Um gesto que o diretor Lawal agradece e diz que espera conseguir obter mais animais da savana, como zebras e girafas. Talvez o Quénia possa voltar a ajudar, acrescenta: "Brevemente iremos contactar as autoridades em Nairobi."
Foto: DW/T. Mösch
Babuínos no meio de detritos plásticos
Um dos maiores desafios para a administração são os visitantes que desrespeitam as regras. Há pessoas que acham graça atirar garrafas de plástico ou sacos de plástico com água aos babuínos. O lixo fica no recinto. Já em 2014 os peritos se queixavam do mau comportamento dos visitantes. Pelo menos o jardim deixou de ser ponto de encontro para traficantes de drogas e prostitutas e os seus clientes.
Foto: DW/Thomas Mösch
Uma cidade que anseia pela paz
O jardim zoológico fica numa estrada principal que leva ao centro da cidade. Os visitantes no parque estão longe da azáfama que reina lá fora. A vida em Maiduguri regressa lentamente à normalidade. Têm ocorrido alguns ataques suicidas nos arredores. Servem para lembrar às pessoas em Maiduguri que a liberdade ainda está longe de ser um dado adquirido.