A primeira de mais de 200 alunas nigerianas de uma escola em Chibok, raptadas pelo grupo terrorista Boko Haram há mais de dois anos, foi resgatada recentemente. Leia na DW África a cronologia dos acontecimentos.
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O rapto de mais de 200 meninas da escola no norte da Nigéria causou consternação em todo o mundo. Na rede social Twitter, o “hashtag” #bringbackourgirls teve mais de 3,3 milhões “retweets”. Uma das jovens foi agora encontrada perto do local de onde desapareceu. Segue-se uma cronologia dos acontecimentos em torno do rapto e as suas consequências.
14 de abril de 2014
Militantes do grupo islamita Boko Haram raptam 276 alunas, a maioria com idades entre os 16 e os 18 anos, de uma escola secundária em Chibok, no estado federado de Borno, no nordeste da Nigéria. Cerca de 50 jovens conseguem fugir aos seus captores nos dias que se seguiram. Mas continua por determinar o paradeiro de 219 alunas.
19 de abril de 2014
O exército Nigeriano anuncia que a maior parte das alunas conseguiu escapar aos raptores ou que foram libertadas pelos soldados, havendo apenas oito com paradeiro por determinar.
O porta-voz militar major-general, Chris Olukolade, admite em seguida que a notícia é incorreta, mas que „não visava enganar o público“. Os pais confirmam que mais de 200 meninas continuam desaparecidas.
23 de abril de 2014
Os nigerianos aderem em massa a movimentos nas redes sociais online para dar vazão à ira causada pela reação do Governo nigeriano. Ibrahim Abdullahi, um advogado de Abuja, lança o primeiro “tweet” com o marcador#BringBackOurGirls.
5 de maio de 2014
O líder do Boko Haram Abubakar Shekau publica um vídeo no qual reivindica o rapto das alunas e ameaça vendê-las como escravas.
7 de maio de 2014
O “hashtag” #BringBackOurGirls atinge o milhão de “tweets”. A campanha conta com personalidades como a primeira-dama dos Estados Unidos da América, Michelle Obama, e Malala Yousafzai, a menina paquistanesa gravemente ferida a tiro pelos talibãs.
13 de abril de 2016
No segundo aniversário do rapto, a cadeia de televisão norte-americana CNN mostra um vídeo com 15 das meninas sequestradas.
18 de Maio de 2016
Vigilantes civis que apoiam o exército e encontram Amina Ali, uma das alunas raptadas, na floresta de Sambisa.
O ativista dos direitos humanos Jeff Okoroafoar diz que “as famílias das restantes meninas ainda têm esperanças que elas regressem sãs e salvas”.
20 de maio de 2016
Notícias da libertação de uma segunda aluna de Chibok são desmentidas pelos pais das meninas raptadas, que não reconhecem a jovem como pertencente ao grupo das sequestradas.
Reféns do Boko Haram libertados na Nigéria: "Ainda dói"
As 293 mulheres e crianças libertadas na semana passada pelo exército nigeriano das mãos do Boko Haram foram levadas para um campo de refugiados perto da cidade de Yola. Mas o seu sofrimento está longe de terminar.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
O sorriso perdido
"O que se percebe imediatamente é que as crianças aqui quase não riem", conta um funcionário do acampamento de Malkohi, na periferia da cidade nigeriana de Yola. Cerca de metade das perto de 300 pessoas que eram mantidas em cativeiro pelo Boko Haram tem menos de 18 anos. Um terço das crianças no acampamento sofre de desnutrição.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Primeiros dias de vida no acampamento
Lami Musa é mãe da mais recente moradora do acampamento de Malkohi. Deu à luz na semana passada. Um dia depois foi salva por soldados nigerianos. Durante a operação de resgate várias mulheres foram mortas pelos terroristas. "Apertei firmemente a minha filha contra o meu corpo e inclinei-me sobre ela", recorda a jovem mãe.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Filho perdido durante o cativeiro
Halima Hawu não teve tanta sorte. Um dos seus três filhos foi atropelado enquanto os terroristas a raptavam. Durante a operação de resgate um soldado nigeriano atingiu-a numa perna, porque os membros do Boko Haram usam as mulheres como escudos humanos. "Ainda dói, mas talvez agora o pior já tenha passado", espera Halima Hawu.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Poucos alimentos para as crianças
Babakaka, de três anos, teve de passar seis meses com o Boko Haram. Só raramente havia algum milho para as crianças, contam antigos prisioneiros. Quando foram libertados pelos soldados, Babakaka estava quase a morrer de fome. Babakaka continua extremamente fraco e ainda não recebeu tratamento médico adequado no acampamento.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Sobrevivência por um triz
A mãe de Babakaka foi levada para o Hospital de Yola juntamente com cerca de outras vinte pessoas gravemente feridas. Durante a fuga, alguém que seguia à sua frente pisou uma mina. A explosão foi tão forte que a mulher ficou gravemente ferida. Perdeu o bebé que carregava.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Roupas usadas do Ocidente
Exceptuando algumas doações de roupas velhas, ainda não chegou muita ajuda internacional às mulheres e crianças do acampamento de Malkohi. Aqui há falta de muitas coisas, sobretudo de pessoal médico. Não há qualquer vestígio do médico de serviço no acampamento. Apenas duas enfermeiras e uma parteira mantêm em funcionamento o posto de saúde temporário.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
Dependentes de voluntários
"Não entendo por que motivo o nosso serviço de emergência nacional não faz mais", reclama a assistente social Turai Kadir. Por sua própria iniciativa, Turai Kadir chamou uma médica para tratar das crianças mais desnutridas. Na verdade, essa é a tarefa da NEMA, a agência nigeriana de gestão de emergências, que está sobrecarregada.
Foto: DW/Jan-Philipp Scholz
"Incrível capacidade de resistência"
Regina Musa voltou há poucos meses dos Estados Unidos para dar aulas de Psicologia na Universidade de Yola. Agora, a psicóloga presta aconselhamento psicológico a mulheres e crianças. "As mulheres têm demonstrado uma incrível capacidade de resistência", diz Musa. Durante o período traumático, muitas delas também se preocupavam com os filhos de outras pessoas. Autor: Jan-Philipp Scholz (em Yola)