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EducaçãoAngola

Angola: Escolas em condições precárias onde falta quase tudo

Adolfo Guerra (Menongue)
27 de abril de 2022

Professores e encarregados de educação, na província angolana do Cuando Cubango, pedem às autoridades que melhorem as condições das escolas primárias onde falta quase tudo. Autoridades provinciais remetem-se ao silêncio.

Escola primária no Cuando Cubango
Nas salas de aula faltam carteiras e cada aluno leva a sua cadeiraFoto: Adolfo Guerra/DW

As escolas primárias na província angolana do Cuando Cubango estão em condições precárias e colocam em risco a vida de estudantes e funcionários. É o que dizem professores e encarregados de educação.

Umas dessas escolas é a "Nº 10", localizada no bairro Tomás, nos arredores da capital, Menongue.

Joaquim Chingalule, encarregado de educação e residente naquele bairro, mostra-se indignado com o abandono da escola que formou muitos que hoje exercem cargos na região.

"É uma escola abandonada, não oferece condições nenhumas. Não oferece condições para os alunos estudarem, nem para os professores e outros funcionários administrativos. E esta escola está nas imediações de dois bairros com muita população [Tomás e Saprinho]. É uma escola pequena, que tem apenas quatro salas de aula péssimas - sem janela, nem portas - já para não falar de carteiras ou material de secretaria", lamenta.

Na escola primária Nº10 estão matriculados 1.245 alunos para apenas quatro salasFoto: Adolfo Guerra/DW

Promessas que não se cumprem

Manuel Kassueca, subdiretor pedagógico da escola "Nº 10", confirma a vulnerabilidade a que estão submetidos os alunos e os funcionários. Segundo Kassueca, o complexo escolar necessita de tudo. 

"Quando estamos na época da chuva, não se estuda porque parte da escola está sem cobertura das chapas. Temos que dispensar os professores. Também não temos um espaço propício [para a direção da escola], estamos aqui sentados em cima de um muro. É complicado. O facto de não ter janelas e portas também condiciona o processo de ensino e aprendizagem", diz Manuel Kassueca.

Na escola estão matriculados 1.245 alunos no presente ano letivo e há apenas quatro salas. Os processos e documentos da escola são levados para a sua residência devido à falta de uma área administrativa.

O responsável pedagógico lamenta que uma instituição de ensino, criada nos anos 60, esteja abandonada, apesar das promessas feitas em contrário: "O que nós podemos pedir ao Governo é que possa mesmo ajudar-nos", apela Kassueca.

Parte dos alunos tem de ficar fora das salas de aula e estudar ao relentoFoto: Adolfo Guerra/DW

Ensino condicionado

Bernardo Cativa, pedagogo formado em Ciências da Educação na Universidade Cuito Cuanavale, no Cuando Cubango, diz que a falta de condições das escolas são uma influência negativa no ensino dos alunos. Cativa teme inclusive pela vida dos estudantes e professores.

"Em Angola, o professor é mal visto. Nós, os professores, passamos mal. Quanto aos alunos, é um caso sério. Que escolas temos hoje? Escolas sem portas, sem janelas, carteiras, quadros… Está a chover e tanto o professor como os alunos têm de se albergar num cantinho. Nas escolas que não têm tecto falso dificulta muito, e o professor não consegue sequer terminar com o programa letivo."

A DW tentou ouvir o Gabinete Provincial da Educação do Cuando Cubango para saber se há medidas para resolver o problema das escolas. No entanto, as autoridades provinciais remeteram-se ao silêncio.

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