Governador critica "máfia" que explora madeira angolana
Lusa
21 de setembro de 2021
Em Angola, o governador da província do Cuando Cubango admite a existência de uma máfia na exploração da madeira - que envolve angolanos e asiáticos - e defende concessões para combater a ilegalidade.
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"De facto está instalada uma máfia na madeira, que está muito ramificada e que passa por nós angolanos e vai terminar em pessoas oriundas da Ásia e não se sente aqui uma vontade de organização", disse esta terça-feira (21.09) Júlio Bessa, em declarações à rádio pública angolana.
Segundo o governador do Cuando Cubango, sempre que as autoridades tomam uma medida "algumas vozes vão se levantando, no sentido de contrariar".
"Mas o que nós temos dito é que não nos assusta, não estou com receio dessas pessoas, eu tenho sido uma pessoa muito aberta, tenho reunido frequentemente com os parceiros, com a associação dos madeireiros e temos tipo uma abertura total neste sentido", sublinhou.
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Concessões de exploração
Júlio Bessa realçou que "as ideias são claras" e tem defendido que à semelhança do setor petrolífero é preciso dar-se concessões. "Este é o ponto de vista do governo do Cuando Cubango. As empresas petrolíferas concorrem para um bloco, se ganharem estão no bloco 2, 32 ou 34, aqui também tem que ser assim", salientou.
A exploração desmedida da madeira em várias províncias angolanas, especialmente no leste do país, tem sido denunciada há vários anos, tendo em 2018, o Governo atribuído a cidadãos angolanos a culpa pela exploração da madeira por estrangeiros.
Em 2018, o Secretário de Estado para os Recursos Florestais, André Moda, disse que a presença de cidadãos estrangeiros na exploração desse recurso natural, "é devido ao comportamento do próprio cidadão nacional", pela prática do trespasse da licença de exploração.
A desertificação causada pelo homem
Um terço da massa terrestre está coberto de desertos. As paisagens áridas não param de crescer em todo o mundo devido ao uso excessivo dos solos e a desflorestação. E a culpa é do ser humano.
Foto: picture-alliance/dpa
Desertos por toda a parte
Houve um tempo em que hipopótamos e elefantes ainda viviam no Saara. Hoje, o Saara é uma paisagem árida. Este pequeno lago é uma reminiscência dos tempos passados. O lago é alimentado por águas subterrâneas provenientes de chuvas absorvidas pelo solo há milhares de anos. Infelizmente, o clima mudou e criou uma enorme paisagem árida. Os desertos continuam a se formar e a culpa é humana.
Foto: Imago Images/robertharding
A ação humana destroi a natureza
A formação de desertos causada pela ação humana é chamada de desertificação. Quando humanos destroem os recursos naturais em áreas com clima seco, as plantas desaparecem e o solo se torna infértil. Estes fenómenos de desertificação são vistos em 70% das áreas áridas da Terra, como esta zona na Índia.
Foto: picture-alliance/dpa
Ameaça global
A cada ano, formam-se 70.000 quilómetros quadrados de desertos, o que corresponde à área da Irlanda. Segundo a Agência Alemã para Cooperação Internacional (GIZ), 40% da população de África está ameaçada pela desertificação. Na Ásia, são 39% e, na América do Sul, 30% da população. Algumas zonas dos Estados Unidos e da Espanha também estão ameaçadas.
Foto: picture-alliance/F. Duenzl
Excessos
Uma das razões para a expansão dos desertos é a explosão populacional em alguns países. Na China, por exemplo, o solo já seco tem que alimentar mais e mais pessoas. Os agricultores mantêm muitos animais em suas pastagens, que devoram até mesmo as últimas plantas. Assim, o solo é erodido pelo vento e pela chuva. Na China, cerca de 2.500 quilómetros quadrados de deserto formam-se a cada ano.
Foto: Imago/Xinhua
Um mar sem água
O Mar de Aral, na fronteira entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, é um símbolo da política agrícola fracassada que levou à desertificação. Anteriormente, o Mar de Aral era o quarto maior lago do mundo. Hoje, pouco disso restou. Desde a era soviética, os dois países exploram o lago para irrigar os campos de algodão. Consequentemente, os navios dos pescadores foram deixados em terra firme.
Foto: picture-alliance/dpa
Desflorestação
Não só os países emergentes sofrem com o solo seco. Na Espanha, a desertificação está a progredir cada vez mais rápido. O motivo é o grande número de turistas. Florestas inteiras são derrubadas para dar lugar à construção de hotéis. Assim, o solo perde a sua sustentação e fica desgastado. A região de Guadalajara, perto de Madrid, também está a ser afetada.
Foto: picture-alliance/ ZUMAPRESS/M. Reino
Deslocamentos
Além da destruição dos ecossistemas, a desertificação gera muitos outros problemas. Empobrecidas e desnutridas, muitas pessoas são forçadas a deixar a sua terra natal. Em África, a desertificação afeta 485 milhões de pessoas, segundo dados da GIZ. As Nações Unidas estimam que mais de 60 milhões de pessoas deixarão as zonas desertificadas de África até 2020.
Foto: Reuters/Murad Sezer
Luta contra a desertificação
Alguns países declararam guerra à desertificação. Há décadas, a China tem tentado neutralizar o fenómeno através do reflorestamento. O projeto "Green Wall" (Muro Verde) tem um objetivo ambicioso: replantar uma área do tamanho da Alemanha até 2050. As Nações Unidas também chamam a atenção para o problema do Dia Mundial de Combate à Desertificação, celebrado a 17 de junho.