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Angola: Mais de 200 casos de desnutrição grave geram alerta

Adolfo Guerra (Menongue)
9 de junho de 2021

Mais de 200 crianças correm risco de vida por desnutrição grave no município do Cuchi, província do Cuando Cubango. Organizações ligadas à juventude exigem medidas urgentes para evitar que "o pior aconteça".

Dürre im Süden Angola
Foto ilustrativa da seca que afeta AngolaFoto: Adilson Abel/DW

As autoridades sanitárias do município angolano do Cuchi, no Cuando Cubango, informam que 244 crianças e adolescentes sofrem de desnutrição grave e correm risco de vida.

O diretor municipal da Saúde, João Pedro Cativa, diz que situação preocupa porque às vezes a população não tem capacidade para se alimentar devidamente, então a consequência é a morte.

Muitas famílias da província vivem em pobreza extrema. Esta semana, a sociedade civil alertou para a situação de desesperode quase 75 mil famílias, depois da seca e de uma praga de gafanhotos, de outubro passado a março deste ano. As colheitas foram devastadas - mais de 250 mil toneladas de alimentos ficaram comprometidas.

"Temos problemas de saúde pública em função da situação, que se pode generalizar e afetar [mais] crianças. Considero que este é o momento [para atuar] e evitar que o pior aconteça", diz Alberto Viagem, diretor-geral da Associação Juventude Unida para o Desenvolvimento Sadio Sociocultural (AJUDSS), pedindo medidas urgentes ao Governo.

Cidade de Cuchi é onde foram registados os casos de malnutriçãoFoto: Adolfo Guerra/DW

Estiagem provoca"calamidade"

No município do Cuchi, o administrador Joaquim de Oliveira salienta que se viveu uma calamidade em termos de escassez de chuva. A estiagem fez com que a população não produzisse em grande escala, contando assim com situações de fome em algumas famílias.

"Desde já, o projeto de combate à pobreza está a fazer a aquisição de sementes de hortícolas para que a população possa produzir mais hortícolas, para garantir a dieta alimentar. Estamos também a trabalhar com cozinhas comunitárias", explica Oliveira

No ano passado, mais de meio milhão de angolanos enfrentou situações de fome ou emergência alimentar, de acordo com um relatório das Nações Unidas divulgado em maio. Uma das principais causas apontadas são as condições climáticas extremas, como a seca, associadas ao alto preço dos produtos da cesta básica. O relatório alerta ainda para a prevalência "muito alta" de deficiências de crescimento das crianças, e o estudo não tem em conta os efeitos da pandemia da Covid-19.

As famílias afetadas pela seca dependem sobretudo de familiares ou de ofertas para se alimentarem, lembra o Programa Alimentar Mundial (PAM), que antevê um futuro difícil em várias províncias angolanas: as chuvas abaixo da média, nos últimos meses, pioraram o estado da vegetação. Isso poderá reduzir a produtividade agrícola e a qualidade dos pastos. 

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