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População preocupada com suicídios no Cuando Cubango

Adolfo Guerra (Menongue)
3 de outubro de 2022

A população está preocupada com o número de suicídios na província angolana de Cuando Cubango. Sociólogo apela ao Governo a criar centro de psicossocial. Nos últimos dois anos, 26 pessoas perderam a vida por suicídios.

Symbolbild Einsamkeit Depression Selbstmord
Foto: picture-alliance/Godong

Os transtornos mentais, a pobreza, os problemas amorosos ou familiares, causas genéticas, consumo excessivos de drogas e de álcool são apontados como alguns dos principais fatores que elevaram os casos de suicídios no Cuando Cubando.

Segundo as autoridades, a província aparece na linha vermelha por ser uma das que mais regista mortes por suicídios em Angola. De 2020 a 2021 foram registados 26 casos de suicídios - 21 homens e cinco mulheres.

Em 2022, pelo menos sete pessoas cometeram suicídio na referida província. Os números preocupam as autoridades sanitárias, por esse ser considerado um problema de saúde publica, diz o psicólogo clínico Faustudo Martinho Augusto, supervisor do programa provincial de saúde mental.

Os hospitais na capital da província (Menongue), atendem por dia, em média, de 2 a 5 casos de pessoas que tentaram suicídio, diz Augusto, que também explica as medidas tomadas.

O psicólogo clínico Faustudo Martinho AugustoFoto: Adolfo Guerra/DW

Assistência

"Normalmente, quando isso acontece, tem se dado primeiro uma assistência médica para estabilizar a pessoa, usa-se métodos de desintoxicação e depois os pacientes são encaminhados ao consultor psicológico para então se fazer uma avaliação psicológica. Posteriormente, sugerir o acompanhamento psicológico para que estas 'ideias negativas' sejam minimizadas", disse à DW o psicólogo.

Para a estudante Analdina Jorge, residente em Menongue, que conheceu pessoas que tentaram o suicídio, isso não pode ser a solução para muitas pessoas que estão a sofrer. 

"Precisamos entender que há tempo para tudo na vida, até porque é bíblico. As coisas acontecem no tempo certo", argumenta.

Há cada vez mais casos

Bernardo Cativa diz que o suicídio tem vindo a ganhar contornos preocupantes e que o Governo angolano deve tomar medidas urgentes para se evitar mais mortes.

O professor do complexo escolar Mwene Vunongue apela para uma intervenção mais ativa da sociedade: "os psicólogos em Angola ainda não são valorizados a exemplo de outros países, onde os psicólogos acompanham as famílias para avaliar estes comportamentos".

O sociólogo Ovídio FernandoFoto: Adolfo Guerra/DW

Traumas emocionais

O sociólogo Ovídio Fernando explica que um dos fatores que concorre para o suicídio são os traumas emocionais que têm a ver com as frustrações, as angústias, a baixa autoestima. Fernando entende que os cidadãos devem aprender já na infância, com os pais, a lidar com as frustrações.

Com apenas cinco psicólogos disponíveis para atender cidadãos nos nove municípios que compõem a província do Cuando Cubango, Ovídio Fernando pede mais apoio ao governo da província.

"Pelo menos a nível de cada município, [é preciso que] tenhamos grupo de acompanhamento; por exemplo, psicólogos, sociólogos, agentes sociais, de maneira que esses grupos interdisciplinares trabalhem para com tema da saúde mental e também que se crie um centro de cuidado de psicossocial", disse ele.

A DW contactou o gabinete da ação social família e igualdade do gênero para questionar quais medidas o governo pretende, ou está a tomar, para ajudar famílias e as pessoas que tentaram suicídios, além das medidas para prevenir o mesmo. Porém, até ao fecho desta reportagem, não obtivemos uma resposta.

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