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Cuando Cubango: UNITA denuncia intimidações a seus fiscais

Adolfo Guerra (Menongue)
23 de dezembro de 2021

A UNITA no Cuando Cubango denuncia ameaças de morte e expulsão de seus fiscais nos postos de registos oficiosos nas comunas do Mavengue e Mawé, no município do Calai. Governo critica Galo Negro por falta de organização.

Angola Sitz der Oppositionspartei UNITA
Comité da UNITA em CalaiFoto: Adolfo Guerra/DW

Zacarias Fumela, Mateus Kanheva, António Daniel e Valério Woloti são fiscais indicados pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e credenciados pelo Governo para acompanharem o registo eleitoral oficioso nas comunas do Mavengue e Mawé, no município do Calai, província do Cuando Cubango.

Os quatro foram alvos de agressões verbais e ameaças de morte pelos líderes tradicionais e até mesmo pela população, denuncia o secretário municipal da UNITA no Calai, Constantino Tchicondico: "O MPLA instruiu os sobas e a juventude no sentido de ameaçar".

"Começaram pelo Mavengue. Ameaçaram de morte os nossos fiscais que até tiveram de abandonar a comida que haviam levado," relata.

Segundo Constantino Tchicondico, "quatro dias depois, a juventude da comuna do Mavengue partiu para reforçar a juventude na comuna do Mawé fazendo a mesma confusão. Os ficais não tiveram outra alternativa, tiveram de abandonar a comuna do Mawé e caminhar uma distancia de mais de 80 quilómetros,” acrescenta.

"Nesta altura, as duas comunas não têm fiscais dos partidos da oposição", lamenta o secretário municipal da UNITA no Calai.

Administração descola-se do ocorrido

Sem comentar as acusações de ameaça de morte, o diretor do gabinete provincial dos registos e modernização administrativa, Nelson Armando, confirma a expulsão dos fiscais da UNITA, mas descorda que o ocorrido tenha sido ordem da administração comunal.

"O que nos constou é que os fiscais chegaram à comuna no período noturno e apresentaram-se às autoridades tradicionais a dizerem que eram militantes da UNITA, que foram lá para fazer trabalho de fiscalização - quando poderiam ir apresentar-se às autoridades do Estado," afirma.

"Acreditamos nós que terá sido o motivo da reação negativa da população, incitada pelas autoridades tradicionais. Mas não foi nem a direção municipal do registo, nem a administração comunal que expulsou os fiscais", garante.

Em 2022, Angola realiza eleições geraisFoto: Getty Images/AFP/M. Longari

Burlar os números

Para Constantino Tchicondico "é clara" a tentativa do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) de tentar burlar os números, uma vez que Velemo José Viwango, membro da JMPLA, é o secretário municipal do Balcão Único de Atendimento ao Público (BUAP), onde é feito o registo eleitoral oficioso.

"Alguns estão a registar até menores de idade. É mais um ângulo de manobra que eles encontraram para fraudes," acusa. 

O secretário municipal da UNITA no Calai mostra- se inconformado com a situação dos ficais do seu partido: "Não está dito que os fiscais não têm o direito de acompanhar lá onde tem a bandeira deles. Nós até perguntamos:  'Em que artigo está escrito?' Mas só diziam que são ordens superiores".

Os secretários do BUAP são da responsabilidade do administrador municipal ou comunal. O responsável provincial Nelson Armando disse, entretanto, que a fiscalização dos registos é de lei e é para todos os interessados no processo.

"Queremos é apelar aos partidos políticos ou coligação de partidos políticos que os fiscais a serem credenciados para a operação deste processo, que sejam residentes daquela zona não importar fiscais e, se assim não for, que antes criem antes condições logísticas - desde o alojamento à alimentação", declarou.

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