Em vitória apertada, vice-presidente da África do Sul, empresário milionário Cyril Ramaphosa, é eleito novo líder do partido no poder no país. O anúncio oficial foi feito no início da noite desta segunda-feira (18.12).
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A votação para escolher o sucessor do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, na liderança do Congresso Nacional Africano (ANC), teve início na noite de domingo (17.12) e prolongou-se pela manhã desta segunda-feira (18.12).
Foi uma tarde de muita expectativa, até que, no início desta noite, o partido no poder na África do Sul conheceu seu novo presidente.
Bontle Mpakanyane, funcionária da Comissão Eleitoral da África do Sul, anunciou a vitória do vice-presidente do país, o empresário milionário Cyril Ramaphosa.
"Tivemos três cédulas estragadas e quatro abstenções e a distribuição de votos é a seguinte: A camarada Nkosazana Dlamini-Zuma recebeu 2.261 votos e o camarada Cyril Ramaphosa recebeu 2.446 votos. Declaramos o camarada Cyril Ramaphosa como novo presidente do Congresso Nacional Africano", anunciou.
Observadores haviam adiantado que seria uma corrida apertada. O novo líder do ANC provavelmente se tornará o próximo Presidente da África do Sul, após as eleições de 2019.
A maioria dos delegados de base havia apoiado a candidatura de Ramaphosa, de 65 anos, que, apesar de ser parte da administração de Zuma, prometeu combater a corrupção e revitalizar a economia.
Um dos empresários mais ricos da África do Sul, Ramaphosa é um veterano da luta contra o apartheid e ajudou a negociar a transição para a democracia.
Já a candidata preferida do Presidente Zuma, sua ex-esposa Dlamini-Zuma, de 68 anos, prometeu a redistribuição das riquezas em benefício da maioria negra.
Mais de 4.700 delegados do partido se reuniram nos arredores de Joanesburgo para eleger o sucessor de Jacob Zuma, que encerra dois mandatos na liderança do ANC - marcados por escândalos e acusações de corrupção que ameaçam dividir o mais antigo partido de libertação de África.
ANC Ramaphosa - MP3-Stereo
Posicionamento público
Numa atitude pouco convencional, altos líderes do ANC defenderam publicamente o candidato em que iriam votar.
O porta-voz nacional do ANC, Zizi Kodwa, e o líder parlamentar do partido, Jackson Mthembu, declararam ter votado em Ramaphosa. Mthembu disse que escolheu o vice-presidente "e outros cinco líderes incorruptíveis" para salvar o partido e o país.
"O ANC tem que ser salvo de si mesmo. Precisa-se de uma liderança com a vontade política para lidar com a corrupção no ANC e no Estado e, assim, salvar nosso país", avaliou Mtembu.
Já Zizi falou em uma escolha pela esperança.
"Precisamos de uma liderança que nos inspire, que nos traga a esperança de que a África do Sul pode ser melhor amanhã sob a liderança do ANC", disse.
Saída de Zuma
No entanto, Jacob Zuma disse, esta segunda-feira, que estava satisfeito com as contribuições que deu ao partido.
"E estou feliz por dizer agora que estou saindo, muito feliz. Porque fiz as minhas contribuições. Não há o suficiente que possamos fazer para podermos dizer que fiz tudo", declarou à imprensa.
Já o analista político Lukhona Mnguni considera que, após o congresso, o ANC terá que lidar com Jacob Zuma.
"Este albatroz que é Jacob Zuma, mas não só Jacob Zuma, a corrupção dos líderes regionais no ANC. Não é apenas sobre Jacob Zuma, mas sobre como limpar massivamente o seu gabinete na remodelação. E essa é a primeira coisa que ele [o novo líder do ANC] enfrentará", considerou.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.