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Arquiteto recebeu 3 milhões de dólares de Carlos do Rosário

15 de fevereiro de 2022

No julgamento das dívidas ocultas, o arquiteto Mahomed Fekih confirmou ao Tribunal de Maputo ter recebido três milhões de dólares sob ordens do réu António Carlos do Rosário para construir uma casa e dois hotéis em Tete.

António Carlos do Rosário, um dos 19 arguidos no processo
António Carlos do Rosário, um dos 19 arguidos no processoFoto: Romeu da Silva/DW

O Tribunal Judicial de Maputo ouviu nesta segunda-feira (14.02) o declarante Mahomed Fekih, arquiteto da empresa Walid Construções que executou uma casa e dois hotéis de António Carlos do Rosário, antigo dirigente dos serviços secretos moçambicanos e presidente das três empresas públicas - ProIndicus, Ematum e MAM - usadas como pretexto para contração das dívidas.

A partir da Argélia, numa vídeoconferência, o declarante confirmou ter recebido pelo trabalho três milhões de dólares vindos da Logistic para a empresa Walid Construções a mando do réu António Carlos do Rosário.

Segundo o declarante, o contrato de empreitada com António Carlos do Rosário "foi verbal". Questionado pelo Ministério Público, o arquiteto explicou: "Foi um acordo tácito porque já vínhamos trabalhando."

Veja imagens da audição de Ndambi Guebuza

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Mohamed Fekih confrmou igualmente à procuradora Ana Sheila ter recebido vários pagamentos da Privinvest autorizados por António Carlos do Rosário em momentos separados.

"Quem o orientou a escrever na fatura? São duas faturas que enviou para o senhor Jean Boustani", o negociador da empresa de estaleiros navais Privinvest, com sede em Abu Dabi, perguntou a procuradora. "Só tenho informação desde o e-mail do Jean Boustani aos montantes, ao conteúdo das faturas e tudo isso foi por orientação do cliente. Eu não conheço a empresa que pagou, nem o senhor Jean Boustani, nem o conteúdo que foi pedido para escrever", respondeu.

Declarante desmente "martelanço"

O declarante confirmou ainda os e-mails trocados com António Carlos do Rosário, que o réu classificou como "martelanço".

E porque António Carlos do Rosário disse que os e-mails eram forjados, o Ministério Público perguntou ao declarante qual seria a necessidade de forjar os referidos e-mails.

"Não tenho interesse nenhum em forjar os documentos que eu enviei porque tinha de justificar trabalhos que foram feitos pela empresa. Mesmo que os documentos tenham sido forjados, o que não é verdade, mas, os edifícios estão lá. O próprio cliente sabe que ninguém forjou nada", frisou o arquiteto.

Na próxima quinta-feira (17.02) será ouvido o antigo Presidente Armando Guebuza, na qualidade de declarante.

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