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Dívidas ocultas: Gregório Leão alega segredo de Estado

27 de setembro de 2021

Ex-diretor da secreta recusou-se a esclarecer questões no tribunal, alegando segredo de Estado. Gregório Leão disse não saber como Teófilo Nhangumele integrou o projeto da Zona Económica Exclusiva sem ser quadro do SISE.

Foto: Romeu da Silva/DW

O antigo diretor da secreta moçambicana negou, esta segunda-feira (27.09), em tribunal, responder a algumas perguntas alegadamente por correr risco de revelar segredos do Estado.

Gregório Leão é tido como o esteio da concepção e materialização do Sistema Integrado de Monitoria e Proteção que visava a preservação da Zona Económica Exclusiva (ZEE).

Leão, chamado a explicar por que os valores envolvidos no projeto da ZEE subiram de 302 milhões de dólares para 622 milhões de dólares, explicou: "O que eu sei de forma genérica e sem pormenores, e como eu disse, o próprio diretor da Inteligência Económica podia dar, mas eu sei que há questões operacionais que era preciso tomar em consideração, então foi nessa base que o orçamento teve que subir. As questões operacionais a que me refiro estão estritamente em segredo de Estado e não é neste fórum que vou falar".

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O Ministério Público confrontou o réu com factos que constam do relatório da Kroll, uma empresa que fez auditoria às dívidas ocultas.

No entanto, Leão respondeu que não podia dar informação a estranhos. "Nós. no SISE. não somos interrogados por estrangeiros, por instituições internas. Porque aquela informação é classificada e confidencial. Porque vou entregar à Kroll informação nossa, se este assunto foi discutido em reuniões fechadas? Não seria eu a dar informação à Kroll", argumentou.

Presença de Nhangumele

O réu Gregório Leão negou em sede de tribunal ter autorizado a presença de outro réu, Teófilo Nhangumele, no encontro do Comando Conjunto que era liderado pelo ex-ministro da Defesa Filipe Nyusi, hoje Presidente da República.

Leão disse que foi um engano a presença do réu Nhangumele na reunião do comando que estava sob a égide do Ministério da Defesa de Moçambique, e não sabe quem o convidou.

Gregório Leão: "Nós no SISE não somos interrogados por estrangeiros".Foto: Romeu da Silva/DW

"Foi um erro, foi um engano, eu não sabia, ninguém sabia, pensávamos que fosse um quadro daquelas empresas ou então da nossa instituição, mas depois de apurarmos que não era foi convidado... falei com [o ex-diretor do Gabinete de Estudos da secreta Cipriano] Mutota para sair. Percebi depois que tinham relações de trabalho durante muito tempo", esclareceu.

Recorde-se que Nhangumele, durante o seu interrogatório, identificou-se como sendo o ponto de contato entre a Privinvest e a parte moçambicana que estava interessada no projeto, mas Gregório Leão disse que nunca abordou esse assunto com Nhangumele.

"Em nenhum momento. Desde que fiquei diretor geral do SISE, nunca me encontrei com Teófilo. Em que momento eu teria abordado assuntos delicados sobre o comando conjunto com Teófilo, se no Comando Conjunto tínhamos uma hierarquia?", alegou.

Até ao fecho desta reportagem, o interrogatório ao antigo homem forte do SISE prosseguia e, o próprio juiz teria alertado que a sessão deste dia iria levar mais tempo.

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