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Moçambique exige 3,1 MM de dólares à Privinvest

Lusa
17 de outubro de 2023

Moçambique exige 3,1 mil milhões de dólares à Privinvest e ao proprietário, Iskandar Safa, por danos, compensação e indemnização no âmbito do caso das "dívidas ocultas" que hoje começou no Tribunal Comercial de Londres.

Julgamento no âmbito das "dívidas ocultas" começou esta segunda-feira (17.10) no Tribunal Comercial de LondresFoto: picture alliance/imageBROKER

O valor foi revelado esta segunda-feira (17.10) durante o início do julgamento, atrasado após o acordo alcançado há duas semanas com banco Credit Suisse e outros bancos envolvidos no processo. 

O advogado da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique, que representa o Estado neste caso, Joe Smouha, salientou a "escala e velocidade chocantes" da fraude e corrupção cometidos. 

A Privinvest é acusada de subornar funcionários públicos, em particular o antigo ministro das Finanças Manuel Chang, para aprovarem contratos e o financiamento de empréstimos (Proindicus, EMATUM e MAM) para a compra de barcos de pesca e equipamento de segurança marítima à Privinvest. 

A empresa e Iskandar Safa são também acusados por Moçambique de subornarem funcionários dos bancos Credit Suisse e VTB para facilitarem as transações. 

O empresário franco-libanês e o grupo naval negam ambos ter cometido atos de corrupção. 

Os 3,1 mil milhões de dólares (2,94 mil milhões de euros no câmbio atual) que Moçambique exige à Privinvest incluem 700 milhões de dólares (663 milhões de euros) de custos e juros com as dívidas incorridas pelos empréstimos, 1,4 mil milhões de dólares (1,33 mil milhões de euros) que o Estado moçambicano deve a detentores de obrigações e cupões em títulos de dívida externa, e 136 milhões de dólares (129 milhões de euros) de subornos pagos a funcionários públicos. 

O restante é uma estimativa dos lucros que a Privinvest obteve na sequência das receitas de 1,8 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) com os contratos. 

Os 3,1 mil milhões de dólares que Moçambique exige à Privinvest incluem 700 milhões de dólares de custos e juros com dívidas incorridas pelos empréstimosFoto: Privinvest

Julgamento dá "voz ao povo de Moçambique"

Moçambique já tinha anunciado antes que não iria manter o pedido de compensação por "perdas macroeconómicas" resultantes da suspensão de apoios internacionais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros doadores.

O julgamento, vincou Smouha, dá "finalmente voz ao povo de Moçambique", país "sobrecarregado com pobreza e dívida".

O advogado criticou também os bancos envolvidos por tentarem obter “ganhos comerciais rápidos à custa da população e fechando os olhos ao que era óbvio a qualquer banqueiro”.

Como resultado do acordo com o Credit Suisse para Moçambique deixar cair as alegações contra o banco suíço, este renunciou à dívida de 450 milhões de dólares (426 milhões de euros no câmbio atual) mas não pagou qualquer compensação, revelou Smouha.

O Credit Suisse continua a ser potencialmente responsável perante a Privinvest, caso seja provado que o grupo naval subornou os três antigos funcionários do banco Andrew Pearse, Surjan Singh e Detelina Subeva.  

Dívidas ocultas: "O maior condenado é o povo moçambicano"

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