Daviz Simango é nomeado membro de fórum da ONU-Habitat
Arcénio Sebastião (Beira)
30 de junho de 2019
Autarca da Beira e líder do MDM foi escolhido para representar Moçambique no bureau político do Fórum Africano para Segurança Urbana das Nações Unidas. Fórum tem como papel implementar os objetivos urbanos da ONU.
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Daviz Simango, presidente do Conselho Autárquico da Beira, na província moçambicana de Sofala, e líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o terceiro maior partido do país, foi nomeado esta semana membro-executivo do bureau político do Fórum Africano para Segurança Urbana das Nações Unidas (AFUS).
O comitê executivo é um fórum para a discussão sobre a implementação das diretrizes de todo o sistema da ONU sobre cidades e assentamentos humanos mais seguros.
"É um fórum ligado à ONU-Habitat [o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos] para melhorar a segurança urbana. É um fórum de implementação das decisões das Nações Unidas neste campo sobretudo em relação à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e à Agenda 2063 [da União Africana], recentemente adotada em Nairóbi nos finais do mês de maio", explica Daviz Simango em entrevista à DW África.
"Na qualidade de bureau político, nós temos a missão de interagir com todos países africanos, com todos municípios africanos e com todos estados africanos no sentido de atingirmos esses grandes objetivos que compõem o desenvolvimento sustentável da África", diz o autarca da Beira.
O bureau atualmente constituído por dez membros, dentre os quais presidentes das autarquias africanas e representantes da União Africana e da ONU-Habitat, deverá ainda incluir mais cinco membros com vista a reforçar os trabalhos e assegurar que as políticas urbanas nas várias cidades possam ser desenvolvidaas e implementadas de uma forma sustentável, além de garantir que nenhum cidadão "fique para atrás no âmbito do desenvolvimento urbano", acrescentou Daviz Simango.
Como representar Moçambique no fórum?
Daviz Simango o único moçambicano a fazer parte desta agremiação, afirmou o autarca este sábado (30.06) na Beira após o seu desembarque da África do Sul. O autarca garantiu que vai dar o seu máximo de modo que Moçambique seja bem representado naquele fórum formado por vários países africanos.
Daviz Simango pretende apresentar detalhadamente as reais dificuldades e necessidades das autarquias do país, sem dar nenhum olhar político. Para a sua nomeação, decorrida na quinta-feira passada (27.06), o autarca diz que pesaram mais as suas competências na gestão autárquica desde 2003, quando ascendeu a este cargo.
Os últimos desenvolvimentos sobre a resposta dada pelas autoridades aquando da passagem do ciclone Idai e as consequentes inundações, bem como o acompanhamento do atual processo de reconstrução, também pesaram na decisão das Nações Unidas.
Ciclones em Moçambique: Agora, a reconstrução
A cidade da Beira recebe durante dois dias a conferência internacional de doadores, após os ciclones Idai e Kenneth. Os ciclones afetaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Este é um retrato de um país abalado.
Foto: Lena Mucha
Ajuda chega à Beira
Helena Santiago, de 53 anos, trabalha nos escombros da sua casa no bairro dos CFM - Maquinino, na Beira, onde vive com o marido e oito filhos. A sua casa não resistiu ao ciclone Idai. A conferência internacional de doadores que começa esta sexta-feira (31.05) na Beira poderá ser uma esperança para muitos afetados como Helena Santiago, pois uma das metas é a reconstrução.
Foto: Lena Mucha
Beatriz
Beatriz é fotografada com três dos sete filhos em frente ao seu campo de milho devastado. A sua aldeia natal, Grudja, esteve dias a fio debaixo de água. Beatriz e os filhos conseguiram salvar-se das enchentes que surpreenderam os moradores na manhã de 15 de março. Durante três dias, as pessoas ficaram à espera de ajuda no telhado da escola ou em cima das árvores, ou até que a água baixasse.
Foto: Lena Mucha
Centro de saúde destruído
Pacientes e crianças estão à espera de serem atendidos por uma equipa de emergência em frente ao centro de saúde de Grudja. O centro foi completamente destruído pelas inundações. Medicamentos e materiais de tratamento ficaram inutilizáveis devido à água.
Foto: Lena Mucha
Salvação
No telhado da escola primária Nhabziconja 4 de Outubro, muitas das pessoas salvaram-se das inundações. Algumas semanas depois do desastre, esta escola conseguiu retomar as aulas. Muitas outras escolas, no entanto, continuam fechadas.
Foto: Lena Mucha
Regina
Regina trabalha com a sogra, Laina, na sua propriedade. Antes da passagem do ciclone, Regina morava com o marido e os cinco filhos numa aldeia próxima de Grudja. As inundações destruíram a sua casa e as plantações. Ela e o marido refugiaram-se em cima de uma árvore e sobreviveram. Alguns dos seus filhos morreram nas inundações, outros ainda estão desaparecidos.
Foto: Lena Mucha
No Revuè
O rio Revuè, na localidade de Grudja, transbordou devido às fortes chuvas após o ciclone, inundando grande parte das terras circundantes. Nesta foto, tirada depois do nível da água ter voltado ao normal, estas mulheres lavam a roupa nas margens do rio.
Foto: Lena Mucha
Campos arruinados
Nesta imagem, as jovens Elisabete Moisés e Victória Jaime e Amélia Daute, de 38 anos, estão num campo de milho arruinado. Como muitos outros, tiveram que esperar vários dias nos telhados de Grudja depois das fortes chuvas, em meados de março. 14 dos seus vizinhos, incluindo 9 crianças, afogaram-se durante as inundações.
Foto: Lena Mucha
Escola primária tornou-se hospital
Mulheres e crianças estão à espera de tratamento médico, dado por uma equipa de emergência numa escola primária no distrito de Búzi, a oeste da cidade costeira da Beira. O ciclone Idai atingiu a costa moçambicana nesta cidade de cerca de 500 mil habitantes no dia 15 de março.
Foto: Lena Mucha
Fila para sementes
Em muitas partes do país, as plantações ficaram destruídas pelas enchentes. Durante um ano, pelo menos 750 mil pessoas deverão ficar dependentes de alimentos, segundo estimativas do Programa Alimentar Mundial. Em Cafumpe, no distrito de Gondola, 50 famílias receberam sementes de milho, feijão e repolho da organização de assistência alemã Johanniter e da ONG local Kubatsirana.
Foto: Lena Mucha
Reconstrução
Em Ponta Gea, na Beira, regressa-se à vida quotidiana. Muitas infraestruturas foram destruídas pelo ciclone. Nesta foto, cabos de energia destruídos e linhas telefónicas estão a ser reparados. Mas, a poucos quilómetros daqui, aldeias inteiras precisarão de ser reconstruídas. Em muitos sítios, ainda falta água e alimentos.