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Simango preocupado com ação da Junta Militar da RENAMO

Lusa
3 de agosto de 2019

Chamado a comentar o fim das hostilidades militares no país, líder do MDM alerta para a necessidade de se promover a inclusão no país para não se "abrir uma porta para a insurgência no futuro" que prejudique o acordo.

Daviz Simango
Daviz Simango, líder do MDMFoto: DW/A. Sebastião

O líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Daviz Simango, sugeriu, em entrevista à Lusa, que a contestação de uma ala da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição) à liderança do partido e do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR) social, iniciado esta semana, resulta da falta de transparência.

O líder da terceira força política moçambicana chamou a atenção para a necessidade de se promover a inclusão, para não se "abrir uma porta para a insurgência no futuro" e prejudicar o acordo de cessação de hostilidades militares.

"Não basta a gente assinar por assinar, para transportarmos a imagem de que em Moçambique há ciclos eleitorais em paz", disse Daviz Simango, em alusão ao acordo de cessação das hostilidades, assinado a 1 de agosto na Gorongosa.

Filipe Nyusi (esq.) e Ossufo Momade (dir.) assinaram o acordo de paz na Gorongosa.Foto: DW/A. Sebastião

Para o líder do MDM, "é preciso falar com as pessoas, aproximá-las, ouvi-las e resolver os problemas, e é preciso compreender qual é a expectativa (...) porque a expectativa pressupõe que as pessoas acreditavam no seu envolvimento militar, e acreditavam que depois teriam alguma coisa" disse, em relação à cisão na ala militar da RENAMO.

Em causa estão as contestações de um grupo liderado pelo major-general da RENAMO Mariano Nhungue e que se autodenomina Junta Militar da Renamo. O grupo exige a renúncia do líder do partido, Ossufo Momade, acusando-o de estar a "raptar e isolar" oficiais da Renamo que estiveram sempre ao lado do antigo presidente do partido, Afonso Dhlakama, que morreu a 03 de maio do ano passado.

Ossufo Momade, líder da RENAMOFoto: Getty Images/A. Barbier

"Nós temos consciência de que parte das pessoas, que eventualmente não estejam integradas, são pessoas que cumpriram a sua missão no processo de criação e no desenvolvimento da própria democracia. Entretanto são pessoas úteis e são pessoas importantes na nossa sociedade, são nossos irmãos, são pessoas amáveis", precisou Daviz Simango, que defendeu a publicação da lista dos guerrilheiros a integrar para a transparência do processo de DDR.

 "As pessoas querem a paz, todos eles querem integração, único problema aqui é a comunicação, é o problema de ouvir, e assegurar as motivações", sublinhou, sustentando que "o moçambicano não tem interesse nenhum em, de ciclo eleitoral em ciclo eleitoral, estar a gastar os pacatos recursos financeiros" para gestão de conflitos provocados por intolerâncias políticas.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo ameaçou quarta-feira (31.07) com ações militares se o Governo moçambicano insistir em negociar com o presidente do partido, considerando que o processo do diálogo viola o espírito dos acordos de paz celebrados pelo líder histórico do partido, Afonso Dhlakama.

Na próxima semana deverá ser assinado, em Maputo, um acordo de paz mais amplo, e que prevê a integração nas forças de segurança do contingente armado da Renamo.

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