Decisão sobre extradição de Chang adiada para março
Lusa | ar
26 de fevereiro de 2019
Tribunal sul-africano adiou para 07 de março decisão sobre o pedido norte-americano de extradição de Manuel Chang.
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O tribunal sul-africano de Kempton Park, arredores de Joanesburgo, adiou esta terça-feira (26.02.) para 07 de março a decisão sobre o pedido norte-americano de extradição do ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, acusado de fraude e lavagem de dinheiro nos EUA.
O juíz William J. J. Schutte disse que, em caso de incompatibilidade de calendário, a audiência tem outra data prevista para 11 de março.
"O arguido permanece em custódia sem fiança e informarei o ministro [da Justiça] sobre a continuidade da sua detenção", adiantou o magistrado sul-africano.
Pedido de extradição
Numa sessão que durou cerca de duas horas, o advogado de Chang, Willie Vermeulen, invocou as declarações feitas pela ministra sul-africana das Relações Exteriores e Cooperação, Lindiwe Sisulu, para insistir que o pedido de extradição de Moçambique seja recebido pelo Tribunal.O Ministério Público, na voz do procurador J.J du Toit, explicou que a ministra não tinha competências para falar do assunto e que as suas afirmações não eram do interesse da justiça, pelo que Phindi Mjonondwane, porta-voz do Ministério Público pela província de Gauteng adiantou que "pelo respeito pela separação de poderes, como Ministério Público preferimos não comentar em torno do que foi tornado público pelos média citando a ministra Lindiwe Sisulo. Mas como Ministério Público podemos afirmar que nos encontramos aqui em cumprimento da instrução do ministro da Justiça, que nos notificou para a análise dos dois casos [pedido de extradição dos EUA e de Moçambique]".
Questionada acerca do pedido moçambicano não ter dado ainda entrada no tribunal Mjonondwane, afirmou que "recebemos o pedido, se não estou enganada, na quinta-feira dia 21 de fevereiro. A única razão pela qual este pedido ainda não deu entrada perante o tribunal, deve-se ao facto de até aqui não cumprir com os pré-requisitos, de entre outros um mandado de captura, que deve ser feito de acordo com este tipo de caso”.
Estou estupefacto com esta alegaçãoRespondendo a esta alegação, o General Zacarias Cossa, adido de segurança junto do Alto Comissariado de Moçambique na África do Sul e porta-voz do Governo de Maputo neste caso, destacou que "pessoalmente estou estupefacto com esta alegação. Pelo que sei, há um mandado de captura internacional emitido por um juiz do Tribunal Supremo de Moçambique, que está anexo ao pedido de extradição de Moçambique. Então, esta é uma questão que no seu devido tempo vai ter que ser revista a nível do Ministério Público sul-africano, pois impõe-se que os dois pedidos de extradição estejam presentes em tempo útil no tribunal para serem apreciados”.
Decisão sobre extradição de Chang adiada para março
O juiz William Schutte disse que a decisão sobre se os dois processos estarão nas suas mãos ou não vai depender da palavra final do diretor dos procuradores.
O ministro da Justiça da África do Sul, Michael Masutha, confirmou que a última decisão deste caso está em suas mãos, apesar de poder ser recorrido junto do Tribunal Supremo.
“Recebi o pedido de Moçambique, bem como a solicitação do Governo dos EUA. Depois de concluídos os casos pelos tribunais, os dois pedidos serão reencaminhados de volta aos meus escritórios. Depois de analisá-los, tomarei a decisão em como dar prosseguimento ao assunto”, concluiu Masutha.
Impacto da crise na vida dos moçambicanos
Trabalhadores em Maputo relatam as dificuldades que enfrentam todos os dias, com o país mergulhado numa crise financeira. Alguns ainda conseguem pequenos lucros, enquanto outros tentam estratégias para atrair clientes.
Foto: DW/Romeu da Silva
Novos tempos, menos lucros
Ana Mabonze tem uma loja de gelados há pouco mais de sete anos e diz que os rendimentos não têm sido bons ultimamente. Por dia, lucra apenas o equivalente a cerca de dois euros. O negócio é feito na ponte cais, também conhecida por Travessia. Nestes dias, os lucros baixaram porque os automobilistas que iam de ferryboat para Katembe agora usam a nova ponte.
Foto: DW/Romeu da Silva
"Boa cena"
O negócio de transferência de dinheiro por telefone conhecido por Mpesa está a alimentar muitas famílias. É o caso de Angélica Langane, que na sua banca "Boa Cena" diz ter clientes frequentemente, porque muitos estão preocupados em transferir dinheiro, seja para pagar dívidas, fazer compras ou apenas para ter a sua conta em dia.
Foto: DW/Romeu da Silva
O dinheiro não aparece
Numa das ruas de Maputo também encontramos Dulce Massingue, que montou a sua banca de venda de fruta. Para ela, este negócio não está a dar lucros. Diz que o pouco que ganha apenas serve para pagar o seu transporte. Nestes dias de crise, Dulce pensa em mudar de negócio, mas tudo depende do dinheiro que não aparece.
Foto: DW/Romeu da Silva
Trabalhar para pagar o transporte?
O trabalho de Jorge Andicene é recolher garrafas plásticas para serem recicladas pelos chineses. Sem ter revelado quanto ganha por este negócio, Jorge diz que não chega a ser bom, porque o mercado está muito apertado. Os preços de vários produtos subiram, por isso também os lucros são apenas para pagar o transporte.
Foto: DW/Romeu da Silva
"As pessoas comem menos na rua"
A dona desta barraca não quis ser identificada, mas confessa que por estes dias o negócio baixou bastante. Vende hambúrgueres e sandes. As pessoas agora preferem trazer as suas refeições de casa para poupar dinheiro, diz. O negócio rende-lhe por dia o equivalente a dois euros, dinheiro que também deve servir para comprar outros bens para as crianças.
Foto: DW/Romeu da Silva
Costureira também não vê lucros
O arranjo de roupas é outro negócio pouco rentável, mesmo nos tempos das "vacas gordas". É oneroso transportar todos os dias esta máquina, por isso Maria de Fátima decidiu ficar num dos armazéns na cidade de Maputo, pagando um determinado valor. São poucos os clientes que a procuram para arranjar as suas roupas.
Foto: DW/Romeu da Silva
Negócio já foi mais próspero
Um dos negócios que tinha tendência de prosperar na capital era a venda de acessórios de telefones. Mas como há muitas pessoas que fazem este negócio, a procura agora é menor e o lucro baixou muito. O que salva um pouco estes empreendedores é o facto de cada dia haver novos tipos de telefones.
Foto: DW/Romeu da Silva
Poder de compra reduzido
Nesta oficina trabalham jovens mecânicos especializados na reparação de radiadores. Não quiseram ser identificados, mas afirmam que durante anos este negócio lhes rendia algum dinheiro para pagar a escola. Mas com a crise que se vive agora, a situação agravou-se. São poucos os clientes que os procuram e alegam que muitos moçambicanos perderam poder de compra.
Foto: DW/Romeu da Silva
Nada de brilho
O negócio de engraxador é outro que já não está a render, segundo os profissionais. Os únicos indivíduos que os procuram são estrangeiros de origem europeia, sobretudo portugueses. Os nacionais, diz Sebastião Nhampossa, preferem fazer o serviço por conta própria em casa. Com esta crise, é normal os engraxadores serem visitados apenas por um ou dois clientes por dia.
Foto: DW/Romeu da Silva
Estratégias para atrair o cliente
Quando as atividades da Inspeção Nacional das Atividades Económicas (INAE) trouxeram à tona a real situação de higiene nos restaurantes, muitos cidadãos passaram a não frequentar estes locais. Como forma de deleitar a clientela, o dono deste pequeno restaurante promove música ao vivo de cantores da velha guarda e ten uma sala de televisão para assistir a jogos de futebol.