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Missão do Fundo Soberano de Angola às Ilhas Maurícias

23 de abril de 2018

Fundo Soberano de Angola envia delegação a Port-Louis para acompanhar processo que culminou com congelamento das suas contas nas Maurícias.

Mauritius Port Louis Parlament
Parlamento das Ilhas Maurícias - Port LouisFoto: Imago/P. Skinner

Delegação do Fundo Soberano de Angola (FSDA) deslocou-se à capital dass Ilhas Maurícias, Port-Louis, afim de acompanhar de perto o processo que culminou com o congelamento das contas daquele fundo geridas pela Quantum Global, uma empresa que tem à testa o suíço Jean-Claude Bastos de Morais, mas que na verdade estará a representar interesses do ex-Presidente do Conselho de Administração (PCA) deste Fundo, José Filomeno dos Santos, também conhecido por Zenú, filho do antigo Presidente de Angola e líder do MPLA, José Eduardo dos Santos.

A comitiva de Carlos Alberto Lopes, atual PCA do Fundo Soberano de Angola e antigo ministro das Finanças, pretende com esta visita encetar contactos junto das autoridades governamentais e judiciais das Maurícias, no sentido resgatar e repatriar os referidos bens para o país.Para compreensão das motivações por detrás da postura das autoridades de Luanda, relativamente à gestão dos investimentos do Fundo Soberano, realizada pela empresa do suíço e alegado testa de ferro do filho do ex-Presidente de Angola, a DW África falou com dois economistas Carlos Rosado de Carvalho e Lopes Paulo. Este último, que também é docente na Universidade Metodista de Angola diz tratar-se de ações que visam colocar ordem num conjunto de anomalias praticadas pela administração de Zenú dos Santos.

José Filomeno dos SantosFoto: DW/A. Cascais

"Uma vez que temos uma nova administração do Fundo Soberano, cabe à mesma tomar as medidas necessárias para garantir o controlo dos capitais da instituição, assim como a sua correta aplicação. Isto significa que não tinham sido corretamente aplicadas antes e essa equipa entende que as opções anteriores não terão sido as melhores. Por esta razão parte com a convicção de primeiramente trabalhar na recuperação do capital, e em seguida proceder à uma nova gestão dos fundos que não seja a Quantum Global."

Paradeiro de 1,7 mil milhões de dólares?

Sobre o assunto, na sua edição desta semana o jornal Expansão questionou o paradeiro de 1,7 mil milhões de dólares norte-americanos recuperados pelo Fundo Soberano à Quantum Global, revelando, por outro lado, o conjunto de investimentos imobiliários e ativos que compõem a sua carteira de negócios.O diretor do jornal, Carlos Rosado de Carvalho diz que apesar dos investimentos do Fundo Soberano parecerem geridas mais ou menos de forma equilibrada, com indicações de que os negócios iam de vento em popa, a verdade é que a não publicação das contas e de tantas outras práticas administrativas menos claras levantam suspeitas.

Carlos Rosado de CarvalhoFoto: DW/J.Beck

"Nós não conhecemos as contas do Fundo Soberano desde 2016. Foi publicado um relatório dos auditores independentes - que levantava uma série de dúvidas-, mas o relatório de contas ainda não está publicado. E não está publicada uma coisa que é muito importante que são as notas às demonstrações dos resultados. Só com o acesso à essas notas e contas publicadas é que saberíamos qual era exatamente a situação dos fundos no final de 2016."

Acusações às autoridades das Maurícias

Em dois comunicados publicados no seu site, a Quantum Global não só acusa as autoridades das Ilhas Maurícias de não lhes terem dado a oportunidade de se defender, ao mesmo tempo que afirma que os investimentos do Fundo Soberano geridos pela Quantum Global têm sido bem aplicados nomeadamente de forma transparente, a julgar pelos relatórios de auditores independentes de reconhecida idoneidade no mercado internacional.O economista Lopes Paulo concorda com tal afirmação, mas dúvida da credibilidade dos referidos relatórios.

Delegação do Fundo Soberano de Angola

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"Com todo o benefício da dúvida, mas também não nos esqueçamos que, um exemplo muito claro, o BPC teve sempre as contas aditadas pelas melhores empresas do mundo e hoje temos o BPC (Banco de Poupança e Crédito) que temos, ao ponto em que chegamos, e depois nos questionamos... e as auditorias que eram feitas?"

Num conjunto da carteira de negócios, o Fundo Soberano detém aplicações em ações de 70 empresas, com destaque para Microsoft de Bill Gates, a rede social Facebook, as gigantes do comércio electrónico Amazon, americana, e Alibaba, chinesa, revelou o jornal Expansão.

 

 

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