Inácio Pangaia foi encontrado esta terça-feira (8.11) e internado com ferimentos graves. Delegação provincial de Manica denuncia "mão política" no sequestro.
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Um grupo de onze desconhecidos sequestrou no sábado (5.11), na sua residência, Inácio Pangaia, de 58 anos, delegado do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) do Posto Urbano nº 1, em Chimoio, na província de Manica, centro do país.
Os onze desconhecidos destruíram ainda o mastro e a respectiva bandeira do MDM hasteada na habitação de Inácio Pangaia, que serve também de delegação do partido, bem como vários materiais de propaganda que se encontravam no interior da residência.
Pangaia foi levado para a viatura em que o grupo se fazia transportar. Esta terça-feira (8.11), o delegado do MDM foi encontrado numa mata em Chimoio, a cerca de quatro quilómetros do centro da cidade capital.
Sequestradores ameaçam família e vizinhos
Inácio Pangaia foi raptado na presença de familiares e vizinhos que tentaram socorrê-lo, sem sucesso. Foram ameaçados com armas de fogo pelos sequestradores.
"Ficámos surpresos por ver movimentos estranhos, de homens vigiando a nossa casa. Entraram e pegaram no meu pai. Sem mais nem menos, começaram a espancá-lo para o imobilizar”, conta à DW África Manuela Inácio Pangaia, filha do agredido.
"Quando os vizinhos tentaram defendê-lo, os malfeitores amedrontaram as pessoas com pistolas", sublinha Manuela Pangaia.
Neste momento, Inácio Pangaia está internado numa clínica em Chimoio, a receber tratamento médico devido a graves ferimentos na cabeça e no abdómen.
MDM denuncia "mão política” e PRM promete investigar
O delegado provincial do Movimento Democrático de Mocambique em Manica, Inácio Maicol, lamentou o sucedido e deixou claro que há "mão política” no caso, com vista a silenciar os membros do MDM na região.
"Só pode ser algo de cariz político. Destruíram o mastro, a nossa bandeira e outros materiais propagandísticos. Assim, para onde vamos?", questionou o dirigente político.
Segundo a porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Manica, Elsídia Filipe, até agora, "nenhuma queixa deu entrada em nenhuma subunidade policial”. A agente da PRM garantiu que a corporação está a envidar esforços para esclarecer o caso.
Violência leva a encerramentos
Chimoio -OL - MP3-Mono
Esta é a primeira vez que um simpatizante do MDM é espancado e raptado em Manica, desde que surgiu a onda de raptos no país, envolvendo membros de partidos políticos.
Entretanto, devido ao aumento dos confrontos armados entre homens armados da RENAMO, o maior partido da oposição, e as Forças de Defesa e Segurança os agentes económicos estão a encerrar os estabelecimentos comerciais e estâncias turísticas em Manica.
Alguns estabelecimentos comerciais foram destruídos nos distritos de Báruè, Mossurize, Manica e Tambara durante violentos ataques alegadamente perpetrados por homens armados da RENAMO.
Mudanças climáticas: motivo de mais chuvas e inundações na Beira
A Beira está ameaçada pelas alterações climáticas. A segunda maior cidade de Moçambique tem de se adaptar, já que as inundações são cada vez mais frequentes. Para isso, conta com o apoio da Alemanha.
Foto: DW/J. Beck
A força do mar
O quebra-mar destruído no bairro das Palmeiras mostra a força das ondas do Oceano Índico, na costa da Beira, a segunda maior cidade de Moçambique. Mesmo em condições normais, o nível do mar varia sete metros entre maré baixa e maré alta. Quando há ciclones e ondas criadas por tempestades, essa diferença é ainda maior. E as mudanças climáticas elevam ainda mais o nível do mar.
Foto: DW/J. Beck
Bairros inteiros ameaçados
Alguns bairros da cidade da Beira já estão tão perto do mar que algumas casas já nem podem ser habitadas. É o que acontece em Ponta-Gêa e Praia Nova. As residências já foram parcialmente destruídas pelas ondas. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), o nível do mar deverá subir de 40 a 80 centímetros até 2100.
Foto: DW/A. Sebastiao
Aposta na proteção
Novos canais e mais cancelas, como aqui no bairro das Palmeiras, deverão proteger a Beira de inundações nas partes baixas da cidade. Em caso de chuvas fortes, a cancela abre-se e auxilia na drenagem da água. Até agora, a água das chuvas ficava acumulada - por vezes durante semanas. Um local ideal para a reprodução dos mosquitos transmissores de malária.
Foto: DW/J. Beck
Centro da cidade protegido de inundações
Está a ser construída mais uma cancela perto do porto de pesca. A ideia é melhorar o controlo da entrada e saída das águas na foz do rio Chiveve. O canal de entrada no porto já não precisará de ser dragado com tanta frequência. O projeto de cooperação para o desenvolvimento é financiado pelo banco estatal alemão de desenvolvimento KfW. O valor é 13 milhões de euros.
Foto: DW/J. Beck
Daviz Simango quer mudar a Beira
A luta do edil Daviz Simango para conseguir o dinheiro necessário para a transformação do rio Chiveve levou mais de cinco anos. O presidente da Câmara da Beira, que é do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), da oposição, queixou-se várias vezes da falta de apoio do Governo de Maputo.
Foto: DW/J. Beck
Limpar e mudar o percurso do rio
O rio Chiveve deverá ser limpo e o seu percurso mudado, de forma a passar por um parque urbano. A ideia é que o rio assuma melhor o seu papel natural na drenagem da cidade. Isso protegerá a Beira de inundações, após fortes chuvas, ajudando também a cidade a adaptar-se às mudanças climáticas.
Foto: DW/J. Beck
Área verde no centro da cidade
Depois do rio, a próxima fase do projeto será fazer um parque em torno do Chiveve. O rio é o único espaço verde no centro da cidade da Beira, que tem cerca de 600 mil habitantes - o que a torna a segunda maior cidade de Moçambique. Localizada no centro do país, a Beira tem sido considerada cinzenta e desinteressante.
Foto: DW/J. Beck
Arborizar os mangais
Para fazer as planeadas mudanças no rio, foi necessário retirar muitas árvores dos mangais. Por isso, é necessário um reflorestamento após o final do projeto. Mudas de diferentes espécies já estão a ser cultivadas para esse fim. Elas são muito importantes para a preservação do ecossistema local. Apenas estas espécies sobrevivem tanto em água doce quanto salgada.
Foto: DW/J. Beck
Construtora chinesa
A empresa chinesa CHICO (China Henan International Cooperation Group ) venceu o concurso para pôr em prática os planos para o rio Chiveve. Os meios vêm do banco estatal alemão de desenvolvimento KfW e da cidade da Beira. Além de engenheiros chineses, a CHICO também emprega diversos moçambicanos, tanto homens como mulheres.
Foto: DW/J. Beck
Poluição no rio continua
O projeto de limpeza no rio Chiveve pode estar ameaçado. Não muito longe do centro fica o bairro informal do Goto. Parte do lixo e esgotos dos quase 12 mil habitantes dessa localidade vão parar ao rio. A tão sonhada área verde poderá nunca existir.
Foto: DW/J. Beck
Recolha do lixo com carrinhos de mão
Com a ajuda da agência alemã do desenvolvimento GIZ, a Beira implantou um sistema de recolha de lixo no bairro do Goto. Até agora, os moradores tinham que levar o lixo para os arredores do bairro, para depositá-lo em contentores próprios. Agora, funcionários munidos de carrinhos de mão vão até às ruas estreitas do bairro e recolhem-no. O objetivo é que menos lixo vá parar ao rio.
Foto: DW/J. Beck
Adaptação às alterações climáticas, saúde e parque
No entanto, ainda é difícil imaginar como o Chiveve estará após a finalização do projeto em 2016. Se tudo correr bem, a Beira estará mais preparada para lidar com as mudanças climáticas e sofrerá menos com doenças como a malária. Além disso, o centro seria mais bonito com áreas arborizadas e um parque em torno do Chiveve.