Demissão de Ossufo Momade? "É só uma opinião"
11 de outubro de 2024Ossufo Ulane, mandatário da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) na cidade de Nampula, apelou hoje ao presidente do partido, Ossufo Momade, que se demita, a "pedido do povo".
"Para manter a RENAMO a nível nacional, temos de convidar o nosso presidente para renunciar ao cargo de presidente do partido. A renúncia do cargo não significa dizer ao presidente que não vale nada, pelo contrário, vale mais. Mas estamos a responder às auscultações do povo e à vontade do povo para que a RENAMO continue a ser a RENAMO que já foi", afirmou o responsável, durante uma conferência de imprensa na cidade de Nampula.
Ulane acrescentou que os resultados da votação de quarta-feira são o reflexo das más decisões tomadas pelo partido nos últimos tempos, realçando que não faltaram avisos: "O povo, como o dono do partido RENAMO, sempre avisou que as decisões que o partido está a tomar podem ter consequências alarmantes no futuro."
No entanto, em entrevista à DW, o porta-voz nacional da RENAMO desdramatiza o pedido. Marcial Macome considera normal que surjam vozes críticas dentro do partido, frisando que o foco da RENAMO neste momento é outro.
DW África: O que tem a dizer em relação a este pedido para a demissão de Ossufo Momade?
Marcial Macome (MM): Nós acompanhámos aquela entrevista, mas pelo que percebemos e pelo que o próprio Ossufo disse, as declarações foram a título individual. Ele próprio disse que não tinha mandado para falar nem em nome do partido, nem em nome de ninguém. Ele fê-lo na qualidade de membro. Sendo assim, não podemos pronunciar-nos em torno disso, porque cada membro é livre de se pronunciar nos termos que quer.
Esse pronunciamento é de um membro, não é imputado ao partido no seu todo. Respeitamos o posicionamento dele, mas nós, como partido, não temos nada a nos pronunciar em relação ao posicionamento de um membro, tanto que no distrito de que ele faz parte, há órgãos competentes a que pode direcionar o seu ponto de vista.
DW África: Mesmo tendo sido uma posição individual, preocupa ou não à RENAMO que essas vozes comecem a vir a público para fazer o mesmo pedido?
MM: O partido tem mais de um milhão de membros. Qualquer que seja o resultado [das eleições gerais], haverá opiniões favoráveis e contrárias. Nas eleições autárquicas, foi isso que sucedeu. Nós respeitamos o posicionamento de cada um, e cada um é livre para emitir o seu parecer em função dos dados que tem.
Nós, por exemplo, temos uma central onde estamos a fazer o nosso processamento de dados. Então, não sei qual a base e quais são referências que ele tem para se posicionar naqueles termos, mas ele é livre de se pronunciar e respeitamos a opinião diferente. Mas, por mais que surjam essas vozes, o nosso foco neste momento é o partido no seu todo e não uma única pessoa. Estamos concentrados numa eleição geral, no processo eleitoral, e não em comentar as declarações de uma pessoa.
DW África: Mas como é que a RENAMO reage a essas primeiras indicações de resultados, que apontam para uma redução dos votos no partido?
MM: O partido vai-se pronunciar amanhã em torno dos resultados eleitorais, na pessoa de Sua Excelência, o presidente Ossufo Momade, pelo que remetemos qualquer comentário sobre este assunto ao pronunciamento de amanhã do presidente Ossufo.