Democratas querem destituição de Donald Trump
11 de janeiro de 2021A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que procurará aprovar uma resolução no Congresso esta segunda-feira (11.01) exortando o vice-Presidente Mike Pence a invocar a 25ª Emenda à Constituição para remover o Presidente Donald Trump do cargo por "ser incapaz". A parlamentar democrata acrescentou que, paralelamente, iniciará um processo legislativo com o objetivo de destituir o Presidente.
"Quando se trata de proteger a nossa Constituição e a nossa democracia, agiremos com urgência, pois este Presidente representa uma ameaça iminente para ambos", disse Pelosi numa carta aos legisladores após a invasão do Capitólio por uma multidão de apoiantes de Trump. O incidente resultou em cinco mortes, incluindo a de um polícia.
"À medida que os dias passam, o horror do contínuo ataque deste Presidente à nossa democracia intensifica-se e com ele a necessidade imediata de ação".
Esta segunda-feira de manhã, Pelosi solicitará à Câmara uma resolução unânime para apelar ao vice-Presidente Pence para invocar a 25ª Emenda à Constituição dos EUA - que permite a desqualificação do Presidente por incapacidade de governar. Para isso, Pence teria de dar um passo em frente e ter o apoio de metade do gabinete presidencial, algo que parece improvável no momento atual.
"Estamos a pedir ao vice-Presidente que responda no prazo de 24 horas. Depois disso, procederemos a trazer a legislação para a destituição a toda a Câmara", disse Pelosi.
"Incitação à insurreição"
Democratas com maioria na Câmara dos Representantes estão a planear uma acusação de "incitamento à insurreição" contra o Presidente dos Estados Unidos para abrir um novo julgamento de "impeachment". Se isso se confirmar, Trump será o único líder na história dos EUA a ser julgado duas vezes.
Para o professor de Direito Constitucional na Universidade de Michigan, Brian C. Kalt, o Congresso até pode aprovar a destituição de Trump rapidamente, mas o Senado não deverá reunir-se até o dia 19 de janeiro - um dia antes da posse do Presidente eleito, Joe Biden. "Não há realmente nada que os obrigue a fazer algo mais rápido do que isso. Se quisessem, poderiam apressar um julgamento, mas não o quereriam fazer", avalia Kalt.
Dado o curto espaço de tempo, vários nomes importantes entre os democratas na Câmara levantaram a possibilidade de apresentar queixas contra Trump, mas só as enviando ao Senado após os primeiros 100 dias da chegada de Biden à Casa Branca, de modo a não condicionar o início do seu mandato.
Este cenário foi apoiado pelo deputado Democrata James Clyburn, que disse domingo que isto daria a Biden "os 100 dias de que necessita para pôr em marcha a sua agenda, e poderemos enviar os pontos algum tempo depois disso".
Entretanto, o silêncio de Trump continua.As suas contas no Twitter e no Facebook foram suspensas na sexta-feirapor "risco de incitamento à violência". A Casa Branca informou que o seu primeiro ato oficial após o assalto ao Capitólio terá lugar na terça-feira (12.01), quando o ainda Presidente viajará ao Texas para visitar o trabalho de construção da vedação da fronteira com o México, o símbolo da sua ofensiva no controlo da imigração.