Dependente do petróleo, economia da Nigéria sofre com ataques terroristas
24 de outubro de 2012 Desde os atentados de janeiro deste ano, escasseiam os clientes no mercado de Kantin Kwari na cidade de Kano, no norte da Nigéria. Antigamente vinham aqui comerciantes de todo o país para comprar têxteis.
Mas, em janeiro, morreram quase 200 pessoas em atentados a bomba do grupo fundamentalista islâmico Boko Haram. Na sua pequena loja no mercado, Biljaminu Ahamad vende tecidos coloridos de toda a África Ocidental. O comerciante de 29 anos diz que a sua faturação caiu para metade desde os atentados: "Os problemas são excessivos. Muita gente não tem dinheiro e a segurança precisa urgentemente de melhorar, senão os clientes não regressam", explica o comerciante.
Não é só mercado que sofre, mas também quase todos os setores económicos do norte do país, dominado pelo Islã. Ahmad Rabiu, homem de negócios e presidente da Câmara da Indústria e do Comércio dos Estados federados do norte da Nigéria, explica que a situação de segurança torna difícil aos comerciantes obter créditos bancários.
Segundo Rabiu, a gestão de crises pelo governo central também é pior para a economia do que os próprios atentados. Como exemplo, Rabiu cita a frequente imposição do recolher obrigatório, o encerramento das fronteiras e barreiras à livre circulação dos que paralisam o comércio.
Mas o maior problema não é a segurança. "É o mau estado das estradas e das redes ferroviária e de eletricidade. O comboio devia ser o meio de transporte para carga pesada. Este governo e os anteriores prometeram-nos tanta coisa, mas a rede ferroviária foi alargada pela última vez em 1968, numa operação que ainda fazia parte do planeamento colonial. Desde então, não foi acrescentado um único centímetro", diz o homem de negócios.
Economia em crescimento com base no petróleo
Há alguns anos que a economia da Nigéria sobe em flecha, mas isso deve-se sobretudo à exportação de petróleo. Não há qualquer diversificação económica. As indústrias de amendoim e algodão, em tempos um factor económico importante no norte, colapsaram com o início da prospecção de petróleo nos anos 60. E esta serve sobretudo para enriquecer as elites políticas.
Segundo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), ainda no ano passado dois terços dos nigerianos subsistiam com menos de um dólar por dia. Estimativas conservadoras colocam o desemprego em 50%.
Além disso, há uma enorme e tradicional diferença de qualidade de vida entre o sul que e o norte, que agora é agravada, diz Ahmad Muhammad Tsauni, economista na Universidade Bayero em Kano: "Os investimentos diretos estrangeiros recuaram por causa da situação de segurança. O que se sente mais no norte, particularmente afetado pelos atentados".
Com 150 milhões de habitantes, a Nigéria é o país africano com maior densidade populacional. Todos os analistas concordam que este é um país com um enorme potencial. O Presidente Goodluck Jonathan lançou agora uma iniciativa de fomento da agricultura e da formação para jovens no norte. O objectivo de reduzir a diferença de qualidade de vida entre as duas partes do país.
Autor: Adrian Kriesch/Cristina Krippahl
Edição: Renate Krieger/António Rocha