Após o regresso a casa mais cedo do que se esperava, são muitas as dúvidas à volta da seleção alemã. O diretor desportivo pede que não se façam análises de cabeça quente e conta com Joachim Löw à frente da equipa.
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Já lá vai o tempo em que se dizia que o "futebol são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha.” Neste mundial, aplica-se mais outro ditado da sabedoria popular: "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Assim foi com a Alemanha. Começou mal com a derrota contra o México, terminou pior, ao perder contra uma Coreia do Sul já de malas feitas para casa.
No rescaldo da derrota e consequente abandono do Mundial, multiplicam-se as análises do que terá falhado. Um dos principais visados é Joachim Löw, o treinador da Mannschaft, que vê as suas escolhas de plantel a serem escrutinadas e questionadas.
Joachim Löw sabe que não pode fugir à responsabilidade e assume que deve repensar a estratégia.
Depois da derrota histórica: e agora, Alemanha?
"Claro que é minha responsabilidade. Claro que estou altamente frustrado e desapontado, agora logo a seguir ao jogo, mas tenho a equipa sob a minha responsabilidade”, afirmou Löw.
A sua continuidade na equipa, é, claro, umas das questões do momento. Joachim Löw está aos comandos da seleção alemã há 12 anos e antes do mundial renovou por mais quatro, ou seja, até 2022. Estará em causa o seu lugar?
Para Oliver Bierhoff, antigo internacional alemão e atualmente diretor desportivo da Mannschaft, o selecionador continuará.
"O Joachim assinou recentemente o contrato, suponho que já tenha ponderado muito sobre isso. Mas acho que, neste momento, não é a altura de fazer uma análise individual. Temos de pensar nisto claro, porque é que não funcionou, mas acredito que o Joachim continue e que vamos voltar à luta”, disse Bierhoff.
Reações
Algumas das antigas glórias da Alemanha expressaram a sua desilusão através do Twitter. Lukas Podolski mostrou-se incrédulo. Numa das publicações, pergunta "isto é verdade?”.
Já Michael Ballack, tem vários tweets críticos. Num deles comenta "pode ir-se cedo para casa por ter uma equipa má, mas não com uma equipa destas! É preciso começar uma análise honesta”. O ex-goleador alemão pergunta ainda pela "liderança, personalidade e mentalidade” da sua seleção.
Revista de imprensa na Alemanha
O tablóide mais vendido da Alemanha, "Bild” repetiu a mesma capa do 7 a 1 ao Brasil em 2014 para ilustrar o desastre de quarta-feira, usando a expressão "ohne worte”, ou seja, "sem palavras”. Quatro anos depois, por motivos diferentes, claro está.
O "Süddeutsche Zeitung" chamou-lhe um "fiasco histórico". O jornal bávaro, de circulação nacional, trata a derrota como merecida e consequente. Diz que a equipa testou os limites da autoconfiança e se sobrestimou.
O "Tagesspiegel" diz: "Fora". Para este jornal baseado em Berlim, é o fim de uma era. E Löw é o maior responsável pelo fracasso na Rússia.
O "Kölner Stadt-Anzeiger" descreve o sucedido como: "Vergonha histórica". Este jornal de Colónia fala no fim da geração de ouro da Alemanha.
"Schadenfreude"
A palavra alemã "Schadenfreude" designa a alegria que se sente pelo azar de terceiros. Também no Twitter, foram milhares os utilizadores que fizeram piadas sobre o infortúnio dos alemães.
Em baixo, um utilizador partilha um vídeo dos melhores momentos da seleção alemã neste mundial . Sete segundos que mostram... uma foto da equipa e nada mais.
Já nesta imagem vêm-se os craques que levam a equipa às costas: Cristiano Ronaldo leva Portugal, Henry Kane leva a Inglaterra, Messi leva a Argentina. E a Alemanha? É um avião leva a Alemanha de volta para casa.
Na imagem em baixo lê-se "Se eu vou para a lama, arrasto toda a gente comigo”. É assim que a utilizadora descreve o que a Coreia do Sul fez, uma vez que mesmo ganhando não tinha hipóteses de se qualificar.
Chegou a hora dos oitavos de final do Mundial
As partidas nos "oitavos" na Rússia serão: França x Argentina; Uruguai x Portugal; Espanha x Rússia; Croácia x Dinamarca; Brasil x México; Bélgica x Japão; Suécia x Suiça e Colômbia x Inglaterra.
Foto: Reuters/F. Bensch
Bélgica: um chocolate como há muito não se via
Três jogos. Três vitórias. Vitória no grupo G e um golaço à Inglaterra. Bela fase de grupos da Bélgica. Repleta de craques desde Courtois a Eden Hazard, a seleção belga pode ser uma ameaça maior que aquela que foi em 2014. Os "diabos vermelhos" vão encontrar o Japão nos oitavos de final, um adversário teoricamente mais acessível no rumo ao sonho da final.
Foto: Reuters/L. Smith
Inglaterra: vai arrefecer o chá de Sua Majestade?
É uma das seleções que tem desiludido os adeptos nacionais e os amantes do futebol. Repleta de grandes jogadores, que atuam ao mais alto nível, na Premier League, só falta saber como funcionam em equipa. Kane é o melhor marcador do Mundial, com cinco golos. O capitão parece ter a forma que construiu no Tottenham. Conseguirá a equipa acompanhá-lo? E a Colômbia, conseguirá pará-lo?
Foto: Reuters/C. Barria
Colômbia encarrilou
Depois de uma estreia a perder com o Japão, a Colômbia goleou a Polónia por 0-3 e encarrilou para o sítio certo. A depender apenas de si, "los cafeteros" venceram a Nigéria e ganharam o grupo H. Agora, nos oitavos de final, vem aí a poderosa Inglaterra. É sentar num sofá e começar a prova de degustação. Prefere café ou chá?
Foto: Reuters/C. Garcia Rawlins
Japão: os "samurais" resistem
Parecia estar tudo controlado, mas o Japão não ganhou para o susto. A seleção asiática partiu para o último jogo no 1º lugar do grupo H e só dependia de si. A derrota com a Polónia fez o Japão cair da líderança e salvar-se com o 5º critério de desempate, o "fair-play". Agora, segue-se a Bélgica. Conseguirão os "samurais" resistir a mais uma "batalha"?
Foto: Reuters/T. Hanai
Brasil: chegou a hora do "mata-mata"
A expressão ficou eternizada pelo último selecionador campeão mundial pelo Brasil, Scolari. A seleção canarinha é pentacampeã mundial e isso tem o seu peso. Para já, o Brasil não tem jogado a sua história, mas sim carregado a mesma. Falta o perfume que encantou o mundo do futebol. O "show de bola". Nem sempre é possível. O "mata-mata" começa frente ao México.
Foto: Reuters/G. Dukor
Suíça: o relógio tem boa pilha
É a segundo mundial consecutivo em que a Suiça passa a fase de grupos. Este relógio parece estar mais afinado. Num grupo em que tinha a concorrência do poderoso Brasil e da destemida Sérvia, a Suíça somou cinco pontos e podia ter batido o pé aos pentacampeões do mundo. O que interessa é passar. 2º lugar assegurado, segue-se a Suécia nos "oitavos". Um belo duelo europeu para acompanhar.
Foto: Reuters/M. Sezer
México: os "sombreros" quase se queimavam
Com duas vitórias em dois jogos, o México líderava o grupo F, longe de pensar em ser goleado pela Suécia. Os mexicanos encostaram-se à "sombra da bananeira" e, quando acordaram, tinham os "oitavos" em risco. No entanto, a Alemanha fez o favor de perder com a Coreia do Sul. Pela 7ª vez consecutiva, o México segue para os oitavos de final, e de lá não tem passado. Segue-se o Brasil!
Foto: Reuters/J. Cairnduff
Suécia: cuidado com os amarelos
Depois da derrota ao cair do pano com a Alemanha, parecia um cenário certo a eliminaçao da Suécia no Mundial da Rússia. Desenganem-se. Os suecos cilindraram o México e nem precisavam da derrota chocante da Alemanha com a Coreia do Sul. Nos oitavos de final, a Suécia vai medir forças com a Suíça. Estilo defensivo? Perguntem à Itália o que se passou no caminho para a Rússia...
Foto: Reuters/A. Couldridge
Argentina rezou mais do que jogou
Alívio! A Argentina venceu a Nigéria nos últimos minutos e chorou como se de uma passagem à final se tratasse. Apenas uma vitória em três jogos, quase comprometeu a seleção vice-campeã do Mundo. Com Maradona na bancada, a seleção argentina muito rezou para vencer a Nigéria e seguir para os "oitavos". A seguir, segue-se a vice-campeã da Europa, a França. Qual dos "vices" irá tombar?
Foto: Reuters/J. Silva
Croácia "ardente"
Limpeza total da Croácia no grupo D. A seleção "ardente", como é conhecida, fez o pleno, batendo Nigéria, Argentina e Islândia. Para muitos, é já considerada uma "outsider" ao título mundial. No último campeonato da Europa, os croatas também venceram o grupo, onde tinham a companhia da Espanha. No entanto, caíram logo nos "oitavos" aos pés do campeão europeu, Portugal. Agora, segue-se a Dinamarca.
Foto: Reuters/A. Gea
França: "Passer, s'il vous plaît!"
"Passem, por favor". Depois do desgosto da derrota na final do Europeu, em "casa", a França não deu azo a surpresas e venceu o Grupo C, onde teve a concorrência da Dinamarca. A primeira e única vez que a seleção gaulesa venceu um campeonato do mundo, de futebol, foi em no Mundial de França, em 1998. 20 anos depois, os jogadores mudaram, mas o talento não. Venha daí a Argentina.
Foto: Getty Images/C. Ivill
Dinamarca avança
Prometia ser mais fácil a tarefa da Dinamarca no Grupo C. Apesar de ter a concorrência da França, os dinamarqueses tiveram dificuldades para vencer o Perú e empatar com a Austrália. A "dinamite", como é conhecia a seleção dinamarquesa, mostrou muitas fragilidades no setor defensivo, constratando com a qualidade do meio-campo, com Eriksen, e do ataque, com Sisto ou Poulsen. A seguir, vem a Croácia.
Foto: Reuters/M. Rossi
Portugal: Espelho meu, espelho meu, vamos jogar como no último europeu?
O coração do povo português já se habituou ao susto, desde o Euro 2016. Portugal segue em frente, mas não convence, nem mesmo os mais otimistas. Dois empates e uma vitória na fase de grupos. O duelo com a Espanha foi intenso; com Marrocos foi tremido; e com Irão foi um suspiro. A equipa talvez se sinta pressionada por ser campeã da Europa. Mas, é isso mesmo. É campeã da Europa. Vem ai o Uruguai.
Foto: Reuters/R. Moraes
Espanha com "Tiki-Taka à rasca"
Depois de ter despedido Julen Lopetegui, técnico do Real Madrid, 48 horas antes do arranque do Mundial, "nuestros irmanos" não respiram a tranquilidade necessária para praticar o futebol que maravilhou o mundo entre 2008 e 2012. Os jogadores mudam e os adversários estudam. Hierro terá agora tempo - não muito - para preparar a equipa para o "mata-mata". Nos "oitavos", vem a anfitriã, Rússia.
Foto: picture-alliance/V.Pesnya
Uruguai sublime!
Três jogos. Três vitórias. Cinco golos marcados e zero sofridos. O Uruguai passeou pelo Grupo A e fez o pleno. Futebol pouco atrativo a nível técnico, mas dos melhores a nível tático. Com uma defesa composta por nomes como Godín (foto: à direita) e Gímenez, e um ataque formado por uma dupla temível: Cavani (à esq.) e o "vampiro" Suárez, Portugal que se prepare.
Foto: Reuters/M. Dalder
Rússia comum entre os mortais.
A goleada frente à Arábia Saudita e o 3-1 frente ao Egíto podiam ter feito acreditar num volte-face russo, no que toca à qualidade do futebo praticado pela equipa da casa. No entano, a derrota contundente frente ao Uruguai por 3-0, revelou as fragilidades nunca expostas frente a equipas de menor dimensão. A Rússia já teve melhores jogadores e seria um grande feito eliminar a Espanha nos "oitavos".