Deportações: Novo PM britânico abandona "plano Ruanda"
6 de julho de 2024O novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse este sábado (06.07) "não estar preparado" para continuar com o polémico acordo de deportação de migrantes para o Ruanda.
O programa foi firmado com Kigali pelo Governo conservador do ex-primeiro-ministro Rishi Sunak, que foi derrotado nas eleições de quinta-feira (04.07) no Reino Unido.
"O plano Ruanda estava morto e enterrado antes de começar. Não estou preparado para continuar com artifícios que não funcionam como dissuasores", disse Starmer aos jornalistas na sua primeira conferência de imprensa como o novo chefe do Governo britânico.
Política conservadora
O ex-primeiro-ministro Rishi Sunak apostou a sua reputação política no plano conservador para "parar os barcos", promovendo o controverso plano de deportação apesar da oposição de grupos de defesa dos direitos humanos e de decisões judiciais.
O Partido Trabalhista, no entanto, afirmou que iria abandonar o plano de deportação de requerentes de asilo para o Ruanda, pessoas que atravessaram o Canal da Mancha de barco a partir do norte de França.
A medida foi um dos primeiros atos de Starmer no cargo, embora fosse amplamente esperada. Durante a campanha eleitoral, o líder trabalhista tinha dito que iria abandonar o plano que custou centenas de milhões de dólares.
Starmer fez o anúncio depois de realizar a sua primeira reunião do gabinete no número 10 de Downing Street, na sequência da vitória clara do Partido Trabalhista, que derrubou 14 anos de Governo conservador.
Crítica do lado conservador
No entanto, o cancelamento da política de deportação para o Ruanda já mereceu críticas de Suella Braverman, uma conservadora da linha dura do partido e possível candidata a substituir Rishi Sunak como líder do partido.
"Anos de trabalho árduo, atos do Parlamento, milhões de libras gastas num esquema que, se tivesse sido implementado corretamente, teria funcionado", disse hoje, continuando: "Há grandes problemas no horizonte que, receio, serão causados por Keir Starmer".
A imigração tornou-se uma questão política cada vez mais central desde que o Reino Unido deixou a União Europeia em 2020, em grande parte com a promessa de "retomar o controlo" das fronteiras do país.
Starmer afirmou anteriormente que a política de Sunak não resolvia o problema e nem era vantajosa em termos económicos.
"Muito trabalho pela frente"
O novo PM comprometeu-se a resolver o problema "a montante", combatendo os grupos de contrabando de pessoas. No centro desta política estará um novo Comando de Segurança das Fronteiras de "elite", composto por especialistas em imigração e em aplicação da lei, bem como pelo serviço de informações internas MI5, afirmou.
Sobre a primeira reunião do seu Governo, depois de ter sido investido no cargo na sexta-feira (05.07) pelo Rei Carlos III, Starmer admitiu ter "muito trabalho pela frente".
Entre uma série de problemas que enfrentam, estão a dinamização de uma economia lenta, a correção de um sistema de saúde falido e o restabelecimento da confiança no Governo.