Deputado de origem senegalesa estreia-se no parlamento alemão
21 de outubro de 2013 O sotaque denuncia-o: Charles Huber é um homem da Baviera. Nasceu em Munique, no sul da Alemanha, e é um adepto da sua terra natal e do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU).
"Decidi-me pelo programa de Angela Merkel e da CDU", afirma Huber numa publicidade da campanha para o seu partido. "Somos nós que fazemos o nosso próprio destino. Então, façamo-lo em conjunto para uma Alemanha mais forte".
Mas nem sempre Huber foi um democrata-cristão. Até 2004, pertenceu ao partido rival, o Partido Social Democrata (SPD). Em 2009, apoiou a campanha da União Social-Cristã (CSU) e agora, nas legislativas deste ano, integrou as listas da CDU. A mudança é uma constante na vida de Charles Huber.
A ligação ao continente africano
Foi há um mês que Huber deu o salto e foi eleito para o Parlamento alemão. É a primeira vez que há dois deputados de origem africana no Bundestag. No novo Parlamento, o número de deputados com um passado de imigração sobe de 21 para 34. Mas a expressão "passado de imigração" não agrada a Huber.
"Acho que não ajuda à integração ou à identificação com o país em que nasci", explica, acrescentando: "Posso ter uma cor de pele diferente da maioria dos alemães, mas isso não significa que tenha um passado de imigração". "Do ponto de vista sociológico, não sou um imigrante. Mas é claro que a maioria das pessoas não sabe isso. Ao nível da aparência, sou provavelmente mais imigrante do que outros."
A mãe de Huber era alemã, o pai um diplomata senegalês. A ligação com o continente africano também está patente na sua biografia. Na sua página na internet, Huber, de 56 anos, define-se como criador cinematográfico, dentista e consultor para questões interculturais e africanas. Charles Huber foi conselheiro do Ministério do Turismo etíope e ajudou empresas alemãs a assentar pé no mercado africano. Huber tem também outro vínculo ao país dos seus antepassados, o Senegal. Em 2002 fundou a Associação "Afrika Direkt", que ajuda jovens de famílias carenciadas.
Fazer o seu destino
A diversidade não falta nas profissões e nos projectos de Charles Huber. O destino está nas mãos de cada um, é o lema de vida do agora político.
"É preciso ter iniciativa própria em tudo o que fazemos. E isso não tem nada a ver com a cor da pele", diz o deputado. Para Huber, "o sucesso pessoal não deve depender da iniciativa do Governo. É a própria pessoa que decide aquilo em que se quer tornar. Há técnicos de computadores e contabilistas da Índia. Há pessoas em altas posições na BMW ou na Mercedes que vêm de África, da Rússia, do mundo inteiro".
"O que conta para mim é que estas são pessoas altamente qualificadas. Só isso. Creio que aqui todos têm uma oportunidade. A minha carreira é exemplo disso", conclui.