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LGDH cobra responsabilização por espancamento de deputado

Iancuba Dansó (Bissau)
14 de novembro de 2023

Na Guiné Bissau, Liga Guineense dos Direitos Humanos exige responsabilização dos culpados pelo espancamento do deputado Cuca Fadul, alegadamente por seguranças da Presidência, na noite de sábado.

Guinea-Bissau Assembleia Nacional Popular Parlament
Foto: Getty Images/AFP/A. Balde

Após o episódio de violência envolvendo o deputado Farid Michel Fadul ("Cuca Fadul"), alegadamente por seguranças da presidência, que levou a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) a exigir a responsabilização dos culpados, também o Partido da Renovação Social denunciou um clima de medo no país, a que será preciso pôr termo.

O deputado "Cuca Fadul" disse que foi espancado depois de ter feito filmagens, com um drone, na avenida Amílcar Cabral. A avenida no centro de Bissau está em construção e receberá os festejos do dia das Forças Armadas guineenses, na quinta-feira (16.11).

Em conferência de imprensa na segunda-feira, na sede do Parlamento, o deputado explicou que estava apenas a recolher imagens das zonas bonitas da cidade para divulgar nas redes sociais e mostrar "partes boas" do país. 

Filmagens

Segundo "Cuca Fadul", após a filmagem, "chegou uma viatura dupla cabine não matriculada, da qual saiu [um] funcionário da Presidência [da República], com ordem expressa, e foi ele que cometeu essas atrocidades", narrou.

O deputado diz que o funcionário sabia quem ele era. "Um segurança de Estado ainda lhe disse que eu era deputado da Nação. Mesmo assim, ele disse para me baterem, para me espancarem. Imaginem se eu fosse um cidadão normal, a ordem seria o quê, para me matar?", questiona.

"Cuca Fadul" foi levado já inconsciente para a sede dos seguranças da Presidência, junto ao Palácio da República. Ficou com cicatrizes no rosto e diz também que tem sinais de espancamento nas costas e nos pés. 

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Mário Fambé, líder da bancada parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS), disse que se vive um clima de medo no país e lamentou o sucedido. 

"Não temos paz [na Guiné-Bissau]. Todos os cidadãos estão com medo. É assim que podemos levar este país para a frente? Assim é que podemos dirigir este país? É preciso dizer basta", disse.

"Medidas legais cabíveis"

Em comunicado, a bancada parlamentar da coligação Plataforma da Aliança Inclusiva - PAI Terra Ranka, que governa a Guiné-Bissau, pediu ao Governo que tome "medidas legais cabíveis" e acione as entidades sob a sua alçada, para responsabilizar todos os implicados no espancamento do deputado "Cuca Fadul". 

Bubacar Turé, presidente interino da Liga Guineense dos Direitos Humanos, condenou a brutalidade Foto: Iancuba Dansó/DW

Num comunicado lido à DW África por Bubacar Turé, presidente interino da Liga Guineense dos Direitos Humanos, a organização condenou "firmemente" o ato de brutalidade.

"Exigi[mos] a tradução à Justiça dos seus autores morais materiais, exorta[mos] a Presidência da República para colocar os suspeitos à disposição das autoridades judiciárias para o efeito de responsabilização criminal, exigi[mos] a devolução imediata dos bens materiais ilegalmente retirados da posse da vítima", disse.

Este é o segundo caso de rapto e espancamento de um deputado da nação, depois de em 2020 o deputado Marciano Indi ter sido vítima de um grupo de homens armados até agora não identificados. 

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