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Deputados guineenses envolvem-se em confrontos físicos

4 de junho de 2021

Cenas de violência entre parlamentares verificaram-se após desacordo entre as bancadas do MADEM-15 e do PAIGC sobre se deveriam começar por debater a atual crise que a Guiné-Bissau enfrenta ou acordos internacionais.

Foto: DW

O Parlamento da Guiné-Bissau viveu nesta quinta-feira (03.06) episódios insólitos de violência, insultos e confrontos físicos entre os deputados das duas maiores bancadas parlamentares, MADEM-15 e PAIGC. A presidente em exercício da mesa da Assembleia Nacional Popular, Adja Satú Camará, teve de suspender a sessão.

A própria Adju Camará, que preside à Assembleia guineense na ausência do presidente Cipriano Cassamá, viria a envolver-se em agressões verbais com a deputada do PAIGC Cadí Seide, ex-ministra da Defesa.

As cenas de violência verificaram-se na sequência de um desacordo entre as bancadas sobre se deveriam discutir a apresentação e votação dos tratados, acordos e convenções internacionais ou se começariam por debater a atual crise social que o país enfrenta.

Legitimidade do Governo questionada

Os partidos da oposição PAIGC e União para a Mudança e os deputados da APU-PDGB questionaram a pertinência de o assunto das convenções ser debatido neste momento, enquanto há greves em vários setores da vida pública.

O vice-líder da bancada do PAIGC, na oposição, Wasna Papai Danfa, disse que não podem debater acordos e convenções na presença dos membros do Governo cuja legitimidade não reconhecem. "Devemos assumir uma postura firme face à violação flagrante da nossa Constituição. Todos nós sabemos que este Governo não resulta das eleições legislativas, é um Governo que assumiu o poder por via da força e antidemocrática. Por ser uma matéria que engaja o país, gostaríamos que fosse debatida só entre os deputados", disse.

Caos instalou-se no hemiciclo Foto: DW

Um pedido da bancada parlamentar do PAIGC que foi rapidamente recusado pela presidente da mesa da Assembleia Nacional Popular. E mereceu também uma resposta da bancada do MADEM-15, partido que sustenta o atual Governo de coligação.

"Estamos tristes com as declarações do líder da bancada do PAIGC. Este é um Governo democrático, constitucional e um Governo legitimo. O programa e os dois OGE deste Governo foram aprovados neste Parlamento. Não damos nenhum golpe de Estado. Portanto, esses membros do Governo que estão aqui podem apresentar as propostas do Governo com toda a legitimidade.", declarou Abdu Mané, líder parlamentar do MADEM-15.

A bancada do PRS, que faz parte da coligação governamental, também apoiou a posição do MADEM-G15. Mas o líder da bancada parlamentar do APU-PDGB, Armando Mango, tem uma posição diferente. "Sabemos que houve um acidente no mar que matou muita gente, sabemos que há greves por todo lado, inclusive na função pública. Deveríamos começar por discutir estas questões no período antes da ordem do dia", defendeu.

Ato "vergonhoso"

Com o impasse no que deve ser debatido, o caos instalou-se no hemiciclo e a sessão parlamentar foi suspensa. Nas redes sociais milhares de guineense classificaram o ato de "vergonhoso".

Na semana passada, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, admitiu a possibilidade de o Parlamento ser dissolvido e serem convocadas eleições antecipadas.

Neste momento, os partidos lançam-se numa espécie da pré-campanha eleitoral em contactos com a base eleitoral.

Qual é o impacto das greves na Guiné-Bissau?

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