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Desafio de Angola é "formar jovens para ficar no país"

09:37

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19 de setembro de 2025

A deputada do MPLA, Lourdes Caposso Fernandes, defende que Angola precisa valorizar o seu capital humano e criar oportunidades reais para travar a emigração jovem. Em entrevista à DW, defende aposta na transição energética, investimento privado e que os jovens tragam experiência global para Angola.

Deputada do MPLA, professora, advogada, ativista, investidora e legisladora, Lourdes Caposso Fernandes esteve recentemente na Alemanha, a convite do Governo alemão, para participar na iniciativa "Mulheres Líderes da Transição Energética", que reuniu representantes de 15 países para debater igualdade de género e sustentabilidade ambiental.

Em entrevista à DW, a deputada angolana destacou os desafios que países como Angola enfrentam na transição energética, ainda fortemente dependentes das receitas do petróleo. "A transição energética é um desafio maior para países que ainda precisam da exploração petrolífera. Mas temos todo o interesse em combinar os recursos fósseis com o investimento em energias limpas", afirmou.

Caposso Fernandes sublinhou o exemplo do projeto desenvolvido no município do Soyo, província do Zaire, onde se aposta no aproveitamento do gás associado, e destacou a parceria estratégica com o Governo alemão no desenvolvimento de projetos de hidrogénio verde. "Já se vê em Angola muitos projetos com energia solar, hídrica e eólica. Estamos a aprender, mas já somos vozes autorizadas na arena política", reforçou.

Investimento privado e juventude: pilares para o futuro

A deputada defende o investimento privado como motor da empregabilidade sustentável. "O investidor privado tem a obrigação de apostar na juventude local. Isso reduz custos com expatriados e fortalece a economia nacional", afirmou, acrescentando que Angola tem vindo a melhorar nesse campo.

A deputada angolana esteve na Alemanha a convite do Governo alemão, no âmbito de uma iniciativa que reuniu representantes de 15 países para debater a igualdade de género e a sustentabilidade ambientalFoto: Braima Darame/DW

Autora de um livro sobre o sector petrolífero angolano, publicado em 2010 após cinco anos de investigação, Caposso Fernandes tem como principal motivação a valorização do capital humano africano. As suas reflexões sobre competitividade e geração de riqueza em conformidade com as normas internacionais baseiam-se em 22 lições aprendidas ao longo de uma intensa carreira de advocacia internacional, entre 1997 e 2019.

"Estudámos 18 países africanos e percebemos que ainda não estamos onde deveríamos estar. A competitividade é essencial. Precisamos de jovens proactivos, éticos e preparados para o mercado global."

Travar a emigração com oportunidades reais

A deputada alertou ainda para o aumento da emigração jovem e apelou à criação de condições locais que tornem o futuro possível dentro do país. "A juventude quer mais do que sonhos, quer oportunidades reais. Precisamos de políticas públicas eficazes, formação de qualidade e inclusão no mercado de trabalho."

Com experiência internacional em Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, Lourdes Caposso Fernandes reconhece o fascínio que países organizados exercem sobre os jovens. No entanto, defende que a experiência internacional deve servir para adquirir uma mentalidade global com compromisso local. "Temos de ajudar quem nem sequer consegue sonhar em emigrar. Todos somos poucos. Onde quer que estejamos, temos de ser embaixadores do nosso país."