Desconhecidos atacam autocarro no centro de Moçambique
Lusa
5 de setembro de 2019
Um ataque a tiro contra um autocarro de passageiros fez três feridos no centro de Moçambique, disseram fontes locais à agência Lusa.
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O ataque aconteceu num troço de estrada junto ao rio Pungúe, entre os distritos de Gorongosa e Nhamatanda, na província de Sofala.
Os atacantes, ainda não identificados, dispararam "rajadas de balas" contra um autocarro que circulava em direção a norte, no sentido Inchope-Caia, na Estrada Nacional 01 (EN1), a principal via que liga o sul e norte de Moçambique, deixando marcas de perfuração na viatura.
"Três passageiros que seguiam para o Niassa foram levados para assistência no Hospital da Gorongosa", contou um morador.
Um outro morador disse que o autocarro continuou viagem depois de o motorista e outros passageiros prestarem declarações na polícia da vila da Gorongosa.
Ossufo Momade lança campanha eleitoral em Nacala Porto
01:59
Junta Militar demarca-se de ataque
A serra da Gorongosa é um refúgio histórico de guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Apesar de as hostilidades entre o Governo e a RENAMO terem cessado em dezembro de 2016 e de a paz ter sido formalmente subscrita através de acordos assinados há um mês, um grupo liderado por Mariano Nhongo, tenente-general da RENAMO, permanece "entrincheirado nas matas".
O grupo, que se autodenomina Junta Militar da Renamo, contesta o líder do partido, Ossufo Momade, e os acordos assinados por este, nomeadamente os que regulam o desarmamento e reintegração dos guerrilheiros na sociedade.
Fonte do grupo negou à Lusa a autoria do ataque, classificando-o como uma forma de "chantagem" contra a Junta Militar, que formou uma direção à revelia da estrutura oficial do partido e ameaça com ação militar se o Governo não renegociar os acordos de paz.
Nhongo já se havia demarcado de um outro ataque ocorrido em 01 de agosto no centro do país, mas em Nhamapadza, a 200 quilómetros do distrito de Gorongosa, em que duas pessoas ficaram feridas depois de disparos contra um camião e um autocarro de passageiros.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.