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Deslocados de Ancuabe receiam novos ataques terroristas

Lusa
18 de março de 2024

Famílias reassentadas no centro de Nankumi, distrito de Ancuabe, devido aos ataques em Cabo Delgado, admitiram hoje o receio pela situação atual, alegando que se encontram no corredor utilizado pelos grupos insurgentes.

O distrito de Ancuabe continua a acolher muitas pessoas deslocadas pelo terrorismo em Cabo Delgado (foto de arquivo)
Ancuabe continua a acolher muitas pessoas deslocadas pelo terrorismo em Cabo Delgado (foto de arquivo)Foto: Delfim Anacleto/DW

Segundo contaram à Lusa fontes locais, os recentes ataques na comunidade de Pulo, no distrito de Metuge, e a passagem de grupos de insurgentes pela sede distrital de Quissanga e Ilha das Quirimbas, no Ibo, é uma das causas que deixa preocupadas as famílias reassentadas em Nankumi, posto administrativo de Metoro, por considerarem que se localiza no corredor usado pelos rebeldes durante as suas movimentações.

"Aquela mata Silva Macua, Intutupue e Pulo, ali no meio é que é corredor deles. Então, quando a população apanha as movimentações, fica mal, uma vez que fugiram de Quissanga, alguns de Macomia e outros pontos, quando se apercebem que estão a passar ficam mal por não saberem para onde ir", disse uma fonte, a partir de Ancuabe.

O centro de reassentamento de Nankumi localiza-se ao longo da estrada N380, uma das poucas asfaltadas da região, a cerca de 30 quilómetros da sede distrital de Ancuabe e 100 quilómetros da cidade de Pemba, localizado entre as matas de Nampipi, em Metuge, e Quissanga, facto que segundo os reassentados facilita a movimentação dos terroristas.

"Eles sempre passam, é por isso que as famílias estão a temer um possível ataque, porque ninguém percebe como operam", acrescentou.

No pico dos ataques terroristas, o centro de Nankumi chegou a acomodar pouco mais de 800 famílias deslocadas do norte e centro de Cabo Delgado, sobretudo dos distritos de Macomia, Quissanga e Mocimboa da Praia.

"Tem ali famílias de Quissanga, Macomia e Mocimboa da Praia, algumas já tornaram a Mocimboa da Praia e as que ficaram estão a reclamar, fugiram na expectativa de ficarem seguras, mas não, quando anoitece ficam atentas ao ambiente de fora", concluiu.

Reforço da narrativa extremista para conquistar apoio?

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Ataque à aldeia de Pulo

O ataque de insurgentes à aldeia de Pulo, em Metuge, há cerca de duas semanas, em que morreram seis pessoas, obrigou os reassentados a abandonar o centro para a sede de Ancuabe e Pemba, por temerem um possível ataque.

"Dormi nas matas e outros foram a Pemba e Ancuabe, foi uma semana difícil para nós", disse outra fonte, a partir do centro.

Depois de vários meses de relativa normalidade nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem registado, há algumas semanas, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes, que têm limitado a circulação para alguns pontos nas poucas estradas asfaltadas que dão acesso a vários distritos.

A nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado provocou 99.313 deslocados em fevereiro, incluindo 61.492 crianças (62%), indicou uma estimativa divulgada esta semana pela Organização Internacional das Migrações (OIM).

O ministro da Defesa Nacional moçambicano, Cristóvão Chume, confirmou em 29 de fevereiro ataques de insurgentes em quatro distritos da província de Cabo Delgado, mas garantiu não se trata "de um recrudescimento" das atividades terroristas no norte.

"Eu quero dizer que não é isso que está a acontecer, porque se fosse efetivamente isso, estaríamos a dizer que há distritos ou sedes distritais que estão ocupadas, sem acesso das populações. O que aconteceu é que há grupos pequenos de terroristas que saíram dos seus quartéis, lá na zona de Namarussia - que temos dito que é a base deles -, foram mais a sul, atacaram algumas aldeias e criaram pânico", disse Cristóvão Chume.

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