Falta de assistência é fatal
3 de março de 2016 No ano passado, 450 crianças morreram de desnutrição em campos de deslocados no Estado federado de Borno, no nordeste da Nigéria. Enfraquecidas com a falta de nutrientes, estas crianças foram vitimadas por doenças de fácil cura como a diarreia, vómitos e sarampo. Um dos maiores destes campos é Dallori, situado perto da de Borno, Maiduguri, uma região que, nos últimos anos, tem sido devastada por ataques do grupo radical islamita Boko Haram.
Aqui, os deslocados recebem duas refeições por dia, compostas apenas por arroz e feijão. Zara Musa, de 35 anos, e mãe de sete filhos, conta: "Recebemos comida mas não é suficiente. Tenho de coser bonés para arranjar algum dinheiro para comprar óleo e pimenta. E mesmo assim não é suficiente para mim e para os meus filhos. Às vezes, tenho de ir à cozinha pedir mais."
Nos campos de deslocados de Maiduguri vivem mais de 200 mil pessoas. Estima-se que quase 6,500 crianças nestes campos sofrem de má nutrição aguda.
Números disputados
Em fevereiro, as autoridades de Borno publicaram um relatório que indicava que 450 crianças morreram vítimas de desnutrição em 2015. Mas, mais tarde, a informação foi desmentida pelo Governo.
Suleiman Mele é o director executivo da Agência de Assistência Médica do Estado de Borno: "Este número refere-se ao conjunto das mortes no total dos campos de deslocados, por diversas causas. Ao todo, morreram 94 ou 95 crianças vítimas de desnutrição. E, no ano passado foi assim, porque antes as crianças estavam nas mãos do Boko Haram, que não cuidou delas."Uma das poucas organizações internacionais no terreno é a UNICEF. Franck Ndaie é o responsável pela área de Maiduguri e diz que há grandes desafios pela frente: "A cidade de Maiduguri é praticamente um grande campo de deslocados, em que os equipamentos de saúde estão no limite. Estes equipamentos são partilhados entre os deslocados e as comunidades locais. Por isso, é preciso mais apoio dos parceiros, tanto para as comunidades anfitriãs como para os deslocados."
Apelo para mais assistência internacional
A pouco e pouco melhoram as condições de segurança em Maiduguri. Mas, por enquanto, milhares de deslocados ainda não sentem as melhorias no dia-a-dia. Simultaneamente, as autoridades locais e nacionais, responsáveis pelos deslocados, parecem estar no limite das suas capacidades. Organizações de ajuda avisam que, se não for feito nada, a situação humanitária na região pode piorar.