1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Angola: Militantes da UNITA esperam chegar ao poder em 2022

16 de novembro de 2019

Numa altura em que ainda se analisa a composição da nova direção do partido, o presidente Adalberto Costa Júnior, disse ainda que vai lutar pela devolução do património da UNITA que está na posse do Governo angolano.

Angola Adalberto da Costa Junior Präsident der UNITA
Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITAFoto: DW/B. Ndomba

A eleição de Adalberto Costa Júnior ao cargo de presidente da UNITA vai levar para a direção do maior partido da oposição angolana muita juventude e também nomes sonantes que há muito tempo estão afastados das estruturas do topo da organização, soube a DW África através de fontes do galo negro.

A comissão permanente da segunda força política de Angola está reunida desde a noite de sexta-feira (15.11), altura em que foi revelado o nome do vencedor das eleições do partido. Os membros estão analisar a lista do pessoal que vai compor a direção.

Quem será a nova direção?

O nome do general Paulo Lukamba Gato, figura que dirigiu o partido depois da morte de Savimbi até ao congresso, que elegeu Isaías Samakuva em 2003, é apontado como o possível vice-presidente. Sabe-se também que Adalberto Costa Júnior terá uma mulher no cargo de vice-presidente. Já para secretário-geral do partido, fala-se do nome do ex-secretário provincial de Luanda da UNITA, Álvaro Chikwamanga.

O novo líder da oposição angolana conquistou 50% mais um dos votos, conforme previsto nos estatutos da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), num universo de 960 eleitores, segundo uma fonte partidária.

Congresso da UNITA em Luanda, novembro 2019Foto: DW/N. Borralho

Objetivos

Esta sexta-feira (15.11), Adalberto Costa Júnior disse que a sua equipa vai trabalhar para defender a devolução do património da UNITA que está em posse do Governo angolano. Lutar pela despartidarização dos órgãos do Estado é outra das tarefas da nova presidência, disse.

"Entendemos que, sem a revisão da Constituição, sem a despartidarização das instituições do aparelho do Estado, sem uma Comissão Nacional Eleitoral independente, sem uma justiça isenta e credível, sem um regulador do sistema financeiro independente do Executivo, o país não terá condições para se desenvolver como todos esperamos", disse Adalberto Costa Júnior durante o seu discurso de tomada de posse.

A nova direção da UNITA tem a missão de, no próximo ano, vencer as primeiras eleições autárquicas que o país vai realizar. Com a eleição de uma figura com apoio popular, os militantes da  UNITA esperam chegar também ao poder em 2022.

É também este o desejo de Isaías Samakuva, que liderou o partido durante dezasseis anos. O presidente cessante do galo negro afirma que vai continuar na vida política ativa e já está a preparar as suas memórias sobre o tempo que liderou a maior força política da oposição angolana, uma tarefa que, a seu ver, foi bem sucedida: "Acho que sim, por isso mesmo, é que me sinto aliviado. Vou continuar ativo na política, tenho as minhas memórias por escrever, tenho vários outros livros também, alguns em quase acabados. Tenho muitos planos para o meu futuro", afirmou.

Isaías Samakuva (ao centro), no Congresso da UNITAFoto: DW/N. Borralho

Quem é o novo presidente da UNITA?

Nascido em Quinjenje, que pertence, atualmente, ao Huambo, a 8 de maio de 1962, Adalberto Costa Júnior é deputado. É formado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, e em Ética Pública na Pontifícia Universidade Gregoriana, e militante da UNITA desde 1975.

Adalberto Costa Júnior já exerceu vários cargos de direção: foi responsável da JURA no Porto, em Portugal, e representante da UNITA em Portugal, Itália e no Vaticano.

No seio da UNITA, assumiu as funções de Secretário Provincial em Luanda, secretário para a Comunicação e Marketing, porta-voz, secretário Nacional para os Assuntos Patrimoniais, Primeiro Vice-Presidente e presidente do Grupo Parlamentar.

"Eleição de ACJ representa menos um tabú"

Para o jornalista e analista político, Alexande Neto Solombe, o novo presidente da UNITA vai ter de explicar aos militantes, quais os sacrifícios a consentir para ganharem as eleições de 2022.

"O que acontece é que os partidos, ontem movimentos, carregam sempre pesadas heranças que os convertem em organizações assistencialistas, perdendo muita da energia ou até gerar tensões internas. Uma oposição forte obriga o MPLA a deixar as zonas de conforto e eventualmente aproximar-se dos equilíbrios. A eleição de ACJ representa menos um tabú e é a quebra de um "pau" de arremesso contra a UNITA, explorado pelos seus adversários".

A eleição de Adalberto Costa Júnior, a 15 de novembro de 2019, foi felicitada pelo Presidente da República, João Lourenço, que na sua conta do Twitter escreveu: "Felicito Adalberto Costa Júnior pela sua eleição a Presidente do maior partido da oposição. Que esta eleição represente o fortalecimento da oposição, a bem da democracia".

Saltar a secção Mais sobre este tema