No Zaire, no norte de Angola, inspeções a empresas chinesas detetaram numerosas infrações e incumprimento de horários. Alguns funcionários são obrigados a trabalhar mais de oito horas sem direito a alimentação.
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Das empresas públicas e privadas inspecionadas durante o primeiro semestre do ano no município do Soyo, província do Zaire, norte de Angola, algumas específicas lideram a lista das infrações, avançou o coordenador municipal Abel Angelina.
"Durante os seis meses, inspecionamos 58 empresas e registamos muitas irregularidades em algumas empresas. As empresas chinesas têm tido muita resistência quanto aos pagamentos da segurança social", conta, acrescentando que a maioria das empresas chinesas sedeadas no Soyo "não se vergam a pagar a segurança social."
O munícipe Manuel Carlos, que já foi funcionário das empresas em questão, disse à DW África que a situação em Angola é crítica e que as empresas chinesas pagam um salário mensal 15 mil kwanzas (equivalente a 19 euros).
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"Depois da construção de uma obra tudo acaba, aquilo não é um emprego, mas sim um biscate. Nós queremos emprego, de uma empresa que no fim dá reforma, não é só o Estado que dá reforma", reclama.
Falta de fiscalização do Governo
O cidadão João Emiliano afirma que a falta de fiscalização por parte do Governo resulta nas irregularidades praticadas pelas empresas.
"A base de tudo mesmo é a fiscalização, o Estado tem que ver muito bem essa questão, porque sem a fiscalização nada feito", alerta.
Também o munícipe Pedro Matos reforça que o governo deve fiscalizar mais as empresas. "Não somente na questão da inscrição dos funcionários na segurança social, mas também as condições de trabalho menos adequadas em que trabalham os funcionários, a falta de alimentação, bem como a má remuneração", diz.
"O funcionário sofre e sofre e as empresas saem a ganhar", critica ainda Pedro Matos.
Baohan: A rua mais africana da China
A maior comunidade africana na China vive na Rua Baohan, na cidade chinesa de Cantão, como mostram estas fotografias de Li Dong. Imagens do fotógrafo chinês estiveram recentemente em exposição em Colónia e Bruxelas.
Foto: DW/N.Schwarzbeck
Olhar através da câmara
"Rua Africana" ou "Cidade do Chocolate": é assim que é conhecida a Rua Baohan, na zona sul da cidade chinesa de Cantão. Trata-se da maior comunidade africana na China. Vivem aqui entre 200.000 e 500.000 africanos. O fotógrafo chinês Li Dong conta a história da Rua Baohan através das suas fotos.
Foto: Li Dong
Muita paciência
"Para poder tirar estas fotos, vivi na Rua Baohan durante dois anos. Para criar confiança, tive de me mudar para lá. Dividi um apartamento com quatro africanos. Isso abriu-me as portas para a comunidade", conta o fotógrafo Li Dong. "Com estas fotografias queria mostrar como a China se tornou multicultural."
Foto: DW/N.Schwarzbeck
Novos vizinhos
"Nesses dois anos, eu e o meu vizinho Monen tornámo-nos muito amigos. Encontrámo-nos muitas vezes na Rua Baohan para tomar uma cerveja", recorda o fotógrafo Li Dong. 80% dos imigrantes africanos que aqui vivem são do sexo masculino. A maioria vem dos Camarões, da Nigéria e de Angola.
Foto: Li Dong
Porquê Cantão?
"Cantão tem 14 milhões de habitantes e uma longa tradição como cidade comercial. Isso tem atraído muitos africanos que procuram ganhar dinheiro de forma rápida. A maioria chegou à China há 10 ou 15 anos", diz Li Dong. "Pequim e Xangai não atraem tantos trabalhadores como Cantão. Essas cidades atraem mais académicos."
Foto: Li Dong
Um mercado internacional
Na "Rua Africana" são negociadas muitas coisas, como frutas e vegetais. Tal como os moradores, também as tabuletas com o preço de muitos produtos se tornaram internacionais. A maioria, na verdade, está em chinês. "Mas também se encontram tabuletas em inglês que anunciam os melhores melões do mundo", diz o fotógrafo Li Dong.
Foto: Li Dong
Restaurantes cheios
Os restaurantes do bairro estão particularmente cheios à noite, por volta das 22 horas. "Muitos moradores de Cantão, africanos e chineses, são muçulmanos. Por isso, também existem bastantes restaurantes halal", explica Li Dong.
Foto: Li Dong
Vida noturna vibrante
Também a vida noturna no bairro é pulsante, graças à dança e à música. Os últimos sucessos de Lagos, de Accra e de Kinshasa atraem igualmente chineses, americanos e europeus. "Eu também saí muitas vezes à noite com a minha câmara. Era a melhor maneira de conhecer as pessoas que lá vivem", recorda Li Dong.
Foto: Li Dong
Problemas com a polícia
"Ocasionalmente, surgem amizades ou até mesmo relacionamentos românticos entre chineses e africanos. As pessoas em Cantão normalmente são abertas e têm uma atitude positiva em relação aos africanos", diz Li Dong. "Só há problemas quando a polícia faz rusgas e apanha alguns imigrantes que querem permanecer no país, apesar de os seus vistos já terem expirado."
Foto: Li Dong
De Cantão para o mundo
As fotografias de Li Dong já foram exibidas em Cantão e em Paris. "Muitas pessoas em França não sabiam que existem tantos africanos na China", observa o fotógrafo. Depois da capital francesa, a exposição seguiu para Colónia, na Alemanha, e para Bruxelas, na Bélgica. Li Dong também gostava de expor as suas fotos em África.