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Detidos ex-banqueiros envolvidos nas dívidas moçambicanas

Lusa
4 de janeiro de 2019

As autoridades britânicas prenderam quinta-feira, em Londres, três antigos banqueiros do Credit Suisse envolvidos nos empréstimos a empresas públicas moçambicanas. Enfrentam agora um pedido de extradição para os EUA.

Foto: picture-alliance/Keystone/S.Schmidt

Andrew Pearse, um antigo diretor do banco Credit Suisse, Surjan Singh, diretor no Credit Suisse Global Financing Group, e Detelina Subeva, vice-presidente deste grupo, foram detidos em Londres e enfrentam um pedido de extradição para os Estados Unidos, onde a Justiça investiga se os investidores foram deliberadamente enganados nos empréstimos a empresas públicas moçambicanas, no âmbito das chamadas dívidas ocultas. 

De acordo com as agências internacionais, que citam os procuradores da Justiça em Nova Iorque, a investigação, que envolve também o antigo ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang, abarca a atuação de três antigos banqueiros que intermediaram empréstimos a empresas públicas moçambicanas realizados à margem das contas, no valor de mais de 2 mil milhões de dólares.

Chang foi o primeiro a ser detido

No âmbito desta investigação, o antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang foi detido na África do Sul no dia 29 de dezembro, quando tentava embarcar para o Dubai, na sequência de um pedido de extradição das autoridades norte-americanas.

Manuel Chang está detido na África do SulFoto: picture-alliance/dpa

A comunicação social moçambicana e estrangeira refere que o antigo governante, que é atualmente deputado da Assembleia da República, é acusado de conspiração para fraude eletrónica, conspiração para fraude com valores mobiliários e lavagem de dinheiro.

Manuel Chang foi ministro das Finanças de Moçambique durante o Governo do Presidente Armando Guebuza, entre fevereiro de 2005 e dezembro de 2014.

Então com o pelouro das Finanças, foi Manuel Chang que avalizou dívidas de mais de 2.000 milhões de dólares (1.760 milhões de euros) secretamente contraídas a favor da EMATUM, da ProIndicus e da MAM, empresas públicas ligadas à segurança marítima e pescas, entre 2013 e 2014.

A mobilização dos empréstimos foi organizada pelos bancos Credit Suisse e VTB.  Uma auditoria internacional deu conta da falta de justificativos de mais de 500 milhões de dólares (440 milhões de euros) dos referidos empréstimos, sobrefaturação no fornecimento de bens e inviabilidade financeira das empresas beneficiárias do dinheiro.