Detidos na prisão de Brazzaville tratados "pior que animais"
Lusa
25 de setembro de 2021
Centro de Ação para o Desenvolvimento denuncia a situação na prisão da polícia de Brazzaville, onde "as condições são comparáveis a tortura e a tratamentos cruéis, desumanos e degradantes", lê-se num relatório.
Publicidade
Uma organização não-governamental denunciou o tratamento desumano nos calabouços da polícia de Brazzaville, onde as pessoas "recebem pior tratamento do que os animais", apelando à melhoria das condições de detenção.
"A nossa investigação revela que nas prisões do departamento da polícia de Brazzaville as condições a que são submetidos os detidos são horríveis e ultrapassam o limite da gravidade", lamentou o Centro de Ação para o Desenvolvimento (CAD) no documento divulgado na sexta-feira (24.09).
O CAD observa que "as condições são comparáveis a tortura e a tratamentos cruéis, desumanos e degradantes", no âmbito de um inquérito que abrangeu o período de janeiro a agosto deste ano.
Alguns dos detidos na direção do departamento da polícia de Brazzaville vêm das prisões, uma medida para aliviar a sobrelotação das prisões durante o período da luta contra a Covid-19.
Sobrelotação
"As celas estão sobrelotadas e infestadas de ratos, baratas, formigas, mosquitos e outros insetos. Há cheiros insuportáveis", disse Trésor Nzila, diretor executivo do CAD, citado pela agência de notícias AFP.
Contactadas pela AFP fontes do departamento de direitos humanos do Ministério da Justiça e Administração Prisional recusaram-se a comentar o relatório, que foi amplamente divulgado nas redes sociais.
"Tendo em conta a gravidade da situação nas celas (...) o CAD apela ao Governo para que tome medidas urgentes para aliviar o congestionamento, desinfetar e renovar as prisões", conclui o documento.
Extravagância sai à rua em Brazzaville
Elegantes e extravagantes. São assim os "sapeurs", os dandys congoleses. É certo que dão particular importância à aparência física, mas nunca deixam de valorizar o convívio. O seu mote é "ver e ser visto".
Foto: DW/Justin Makangara
Atenção, vêm aí os sapeurs!
Estes senhores que se passeiam pela capital da República do Congo de Brazzaville fazem parte de uma sociedade especial: a S.A.P.E., a "Sociedade de Ambientadores e Pessoas Elegantes" (em francês: Société des Ambianceurs et des Personnes Èlégantes). Há quem conote o nome da sigla com o termo francês "sapes" (trapos). É esta, provavelmente, a origem do termo "sapeur".
Foto: DW/Justin Makangara
"Dandys" africanos
Os verdadeiros sapeurs não deixam nada ao acaso. Todos os detalhes são tidos em conta, pois para eles um guarda-roupa extravagante é simplesmente um imperativo, como se pode observar neste encontro em Brazzaville, a capital da República do Congo. Esta subcultura surgiu na era colonial, quando os homens congoleses imitavam, se bem que de forma exagerada, o estilo da burguesia branca parisiense.
Foto: DW/Justin Makangara
Comerciante, pai, conhecedor de moda
Hoje existem milhares de sapeurs, em Brazzaville e especialmente em Kinshasa, a capital da vizinha República Democrática do Congo (RDC). Mas a tendência também é comum nos bairros congoleses de Paris, Bruxelas e Londres. Loumikou Brice de Brazzaville é membro desde 1992. Tem dois filhos e é comerciante de profissão.
Foto: DW/Justin Makangara
Negócio só para homens? Nem por isso!
Os sapeurs diferem muito uns dos outros, no que respeita a currículos, antecedentes pessoais ou ocupações. Praticamente todas as profissões estão representadas: desde taxistas a funcionários públicos. Os sapeurs são, na sua maioria, masculinos, mas também há algumas mulheres no movimento: uma delas é Fanny.
Foto: DW/Justin Makangara
O guarda-roupa do carpinteiro
Apesar de sua aparência extravagante, nem todos sapeurs são ricos. Como carpinteiro, Dior Aimé ganha apenas o suficiente para cuidar de sua família. "Eu gosto de gastar dinheiro em roupas novas", diz. De resto é obrigado a administrar bem o seu salário, porque não chega para tudo.
Foto: DW/Justin Makangara
Igual entre iguais
Vestido com roupas finas, Dior Aimé encontra-se regularmente com "correligionários" em Brazzaville para discutir sobre estética e outros tópicos. O sentido de comunidade é quase algo de religioso para ele. Para muitos "sapeurs", cachimbos e charutos são importantes acessórios de moda.
Foto: DW/Justin Makangara
A vida particular de um "sapeur"
Na vida cotidiana, Dior Aimé também veste roupas comuns - como aqui com a sua família. Os "sapeurs" não são apenas considerados elegantes e muito conscientes das tendências da moda internacional. Um verdadeiro "sapeur" tem de ser, também, muito delicado, educado e atencioso. Numa palavra: tem de ser um "cavalheiro".
Foto: DW/Justin Makangara
Usa saia, mas não é escocês
Como é sabido: gostos não se discutem. Ocasionalmente, os "sapeurs" organizam competições em que o estilo excêntrico de um é medido pelo gosto dos outros.
Foto: DW/Justin Makangara
Monsieur La Fontaine
O nome real deste músico e comerciante é Ely Nsossana. O homem de 42 anos é solteiro e não tem filhos. Mas ele não é solitário: a sua família é o clube de sapeurs "Diabos Vermelhos" ou "Red Devils". 40 membros pertencem a este clube, tendo a maioria deles aderido ao movimento em tenra idade.
Foto: DW/Justin Makangara
"Conquistar a beleza de um mestre"
"Para mim, o mais importante não é o espetáculo que damos", diz Monsieur La Fontaine. "Não se trata de uma aventura, mas sim da nossa capacidade de dominar a beleza: o importante é andar bem vestido, bem estilizado, bem perfumado. Temos que respeitar as cores, criar um estilo harmonioso e, se tudo correr bem, conseguimos, de facto, conquistar a beleza de um mestre sapeur."