Deutsche Bank assina acordo para financiar setor privado
Lusa
9 de maio de 2019
O Deutsche Bank assinou, em Luanda, um acordo-quadro tripartido com o Governo angolano que prevê a disponibilização de um financiamento de 1.000 milhões de euros para apoiar o setor privado em Angola.
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O financiamento será gerido pelo Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA), que ficou com a tarefa de proceder às análises de risco do crédito a conceder, segundo os termos do acordo, que tem o Estado angolano, através do Ministério das Finanças, como garante.
Na cerimónia, em Luanda, o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, assumiu que o acordo esteve para não se concretizar, desconhecendo-se o que esteve em causa, uma vez que o final das negociações se prolongou durante toda a tarde de quarta-feira (08.05).
Fonte do Ministério das Finanças angolano disse à agência de notícias Lusa que a delegação do banco alemão impôs novas condições para concretizar o acordo, mas não adiantou quais, limitando-se a indicar que a assinatura do documento já não ocorreria à hora prevista e salientando a possibilidade de as negociações se prolongarem por mais um a dois dias.
"Resta-me apenas agradecer o empenho de todas as partes que estiveram envolvidas no processo de negociação. Foi um processo que levou o seu tempo. Até ficámos com a impressão de que as coisas já não seriam concluídas a bom trecho, mas também graças ao cumprimento de um conjunto de condições e de processos, com o empenho do BDA, foi possível hoje termos formalmente fechado o processo de negociação", afirmou Archer Mangueira.
Ministro angolano da Energia e Águas na Alemanha em busca de investidores
03:38
Apoio à diversificação da economia
A assinatura do acordo na quarta-feira foi presenciada pelo ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, pelo presidente do BDA e por uma delegação do Deutsche Bank, cujo mandatário, Inácio Ramiro, declarou que o apoio ao setor privado vai ajudar Angola na diversificação da economia e no processo de substituição das importações por exportações.
A Lusa noticiou em 15 de abril que o Deutsche Bank previa emprestar mil milhões de euros a Angola, tendo o Governo publicado dias antes, em Diário da República, as garantias de Estado inerentes ao empréstimo, num despacho assinado pelo Presidente do país, João Lourenço.
O empréstimo, concedido pelo Deutsche Bank Espanha, é destinado ao "fomento do setor privado angolano" e será concretizado "através de acordos-quadro de financiamento a celebrar com bancos comerciais nacionais" angolanos, pode ler-se no despacho do Diário da República angolano de 09 de abril.
O despacho aprova ainda a minuta e anexos dos vários acordos-quadro e confere ao ministro das Finanças angolano a autorização de exercer a qualidade de garante do Estado na assinatura dos mesmos.
O despacho estabelece que as garantias soberanas (Cartas de Garantia) aos acordos individuais de financiamento que venham a ser celebrados ao abrigo dos acordos-quadro "são concedidas casuisticamente, de acordo com as especificidades de cada projeto e desde que se destinem aos setores da agricultura, indústria, agropecuária e pescas".
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.