Dez oficiais da RENAMO integraram a polícia moçambicana
Lusa
2 de agosto de 2019
Comandante geral da PRM frisou que os dez oficiais "não são estrangeiros, mas sim moçambicanos", e, portanto, "têm o direito de contribuir para a ordem e segurança do país".
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A Polícia da República de Moçambique (PRM) apresentou esta sexta-feira (02.08) os dez oficiais da Renamo que vão integrar a corporação, no âmbito do acordo de cessação das hostilidadesassinado na véspera entre o Governo e o principal partido da oposição.
"Estes são os membros provenientes da RENAMO que passam a integrar a Polícia da República de Moçambique", disse o comandante geral da polícia, Bernardino Rafael, falando durante a apresentação dos novos membros à corporação nas instalações da Unidade de Intervenção Rápida da PRM em Maputo.
Trata-se de um grupo de dez membros, que deverão ser formados intensivamente sobre os estatutos da PRM num período de 45 dias para integrarem as fileiras da corporação, no âmbito do cumprimento do acordo assinado na quinta-feira pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi, e o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade.
O momento do abraço entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade
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"Estes irmãos não são estrangeiros, mas sim moçambicanos. Por isso, têm o direito de contribuir para a ordem e segurança no nosso país", acrescentou Bernardino Rafael.
Além do acordo para a cessação das hostilidades militares em Moçambique assinado na quinta-feira, as partes vão assinar este mês um acordo geral de paz final, que será depois submetido como proposta de lei ao parlamento.
O Governo moçambicano e a RENAMO já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.
Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.