Dezenas de detenções após tentativa de golpe de Estado na Gâmbia
2 de janeiro de 2015As autoridades da Guiné-Bissau prenderam um militar gambiano fugido de Banjul, capital da Gâmbia, segundo informações da agência Lusa.
Quatro oficiais suspeitos de participar da tentativa de golpe, cuja identidade não foi revelada, terão procurado refúgio na Guiné-Bissau, disse uma fonte militar à agência de notícias AFP. Também não foi revelado como chegaram à Guiné-Bissau.
O Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, estava no Dubai no momento da tentativa de golpe de Estado, na passada terça-feira (30.12.2014). Ele regressou ao país no dia seguinte, culpando "terroristas" e dissidentes pelo incidente.
"É um ataque de dissidentes baseados nos Estados Unidos da América, Alemanha e Reino Unido", disse Jammeh num discurso televisivo na quarta-feira, sem identificar a quem se referia. "Este não foi um golpe de Estado. Foi um ataque de um grupo terrorista apoiado por certos poderes que não irei nomear."
Jammeh insistiu que as Forças Armadas "são muito leais" e que só os ex-soldados, incluindo um alto comandante, teriam participado no ataque ao palácio presidencial.
Jammeh no poder há 20 anos
Na noite de terça para quarta-feira, um grupo de homens fortemente armados liderado por um desertor do exército atacou o palácio presidencial, mas foram repelidos por forças leais ao Presidente Jammeh, que governa o país há 20 anos desde que tomou o poder por meio de um golpe de Estado em 1994.
Investigadores terão descoberto o plano de ataque e três suspeitos, incluindo o alegado cabecilha do grupo, foram mortos, segundo um oficial militar.
Clima tenso
Neste momento, vive-se um clima de tensão na capital da Gâmbia, contou à DW África um jornalista freelancer, que, por razões de segurança, pediu para não ser identificado.
"Há uma forte presença das forças de segurança na capital Banjul, onde está o palácio presidencial. Penso que é o porque o Presidente está de volta à cidade e quer fortalecer a segurança", disse.
Reações internacionais
Os Estados Unidos da América condenaram fortemente qualquer tentativa de tomar o poder por meios não constitucionais. Além disso, Washington negou qualquer participação na alegada tentativa de golpe de Estado na Gâmbia, em resposta às alegações do Presidente Jammeh.
O Senegal também já condenou a aparente tentativa de golpe de Estado. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu ao Governo e às forças de segurança em Banjul para agirem "com pleno respeito pelos direitos humanos."
Esta não é a primeira tentativa de derrubar o governo na Gâmbia. Em 2006, as forças de segurança do país impediram uma outra tentativa de golpe. A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional teme que, após o sucedido, os suspeitos tenham sido executados sem julgamento.