Dezenas de mortos em explosão de camião-cisterna na Tanzânia
Lusa | EFE | AFP | mjp
10 de agosto de 2019
62 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas na explosão de um camião-cisterna acidentado nos arredores de Morogoro, no leste da Tanzânia, indicou a polícia num novo balanço do acidente deste sábado (10.08).
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"Temos a lamentar 62 mortos, 58 homens e quatro mulheres. Há ainda 72 feridos, 64 homens e oito mulheres, no hospital de Morogoro", a cerca de 200 quilómetros a oeste da capital da Tanzânia, Dar es-Salam, declarou à imprensa Liberatus Sabas, chefe das operações da polícia tanzaniana.
As vítimas são, na maioria, condutores de moto-táxis e pessoas da zona que ocorreram ao local onde o camião se despistou para recuperar combustível.
Segundo o governador de Morogoro, Stephen Kebwe, quando as pessoas enchiam as suas latas com combustível, um homem tentou arrancar a bateria do camião, provocando a explosão. "A região de Morogoro nunca tinha tido um desastre de tal magnitude", disse Kebwe à imprensa no local.
"Mobilizámos todos os médicos do hospital regional de Morogoro para que os feridos possam ser atendidos. Os pacientes que já estavam lá, mas não em estado grave, foram transferidos para outros hospitais" para dar lugar às vítimas da explosão, adiantou o governador.
"Vamos parar com esse hábito", pede o Presidente
No final da manhã, a polícia anunciou a extinção do incêndio. No local, viam-se moto-táxis destruídos e carbonizados espalhados entre as árvores também marcadas pela explosão.
O Presidente John Magufuli apresentou as suas condolências aos "afetados, em particular as famílias das vítimas" e disse rezar para que "os feridos se restabeleçam rapidamente". Num comunicado, o chefe de Estado declarou-se ainda "muito chocado por as pessoas se precipitarem sobre veículos acidentados para pilhar a sua carga". "Vamos parar com esse hábito, por favor", pediu Magufuli.
Em 2016, mais de 100 pessoas morreram na explosão de um camião-cisterna na localidade de Caphirizadje, na província moçambicana de Tete.
Artigo atualizado a 10 de agosto às 18h30 (CET).
Tragédia em Tete
A explosão de um camião-cisterna em Tete, centro de Moçambique, durante um roubo coletivo de combustível causou 93 mortos. Dezenas de famílias ficaram desestruturadas e sem base de sustento.
Foto: DW/A. Zacarias
A explosão
A explosão deste camião-cisterna (17.11) que transportava combustível, em Nhacathale, localidade de Caphiridzange, província de Tete, centro de Moçambique, matou 93 pessoas, segundo o último balanço oficial. Entre as vítimas, há duas grávidas e 12 crianças, que estavam envolvidas no roubo coletivo do combustível, quando se deu a explosão. Há 50 feridos no hospital provincial, 13 em estado crítico.
Foto: DW/A. Zacarias
Camião abandonado
Este camião de uma companhia malauiana transportava dois tanques de combustível. Ter-se-á desviado da rota, para vender combustível a revendedores de rua, segundo a agência Lusa. Mas uma das secções do tanque incendiou-se. Os motoristas ter-se-ão posto em fuga e, na ausência das autoridades, a população começou a retirar combustível da segunda secção do tanque, onde se deu a explosão.
Foto: DW/A. Zacarias
Roubo de combustível fatal
Esta moto foi usada por alguns populares para o transporte de combustível, desde o local onde se encontrava o camião, em Nhacathale, na localidade de Caphiridzange, para as casas dos populares, para posteriormente ser vendido.
Foto: DW/A. Zacarias
Aldeia de luto
Em Nhacathale quase todas as famílias estão de luto. Há órfãos, viúvas e há casas onde todos perderam a vida. Dezenas de famílias ficaram desestruturadas e perderam a base de sustento. No sábado (19.11), pelo menos 22 corpos foram a enterrar no cemitério local.
Foto: DW/A. Zacarias
Causas ainda por apurar
A ministra da moçambicana da Administração Estatal e Função Pública, Carmelita Namashulua, visitou o local da tragédia, cujas causas permanecem incertas, disse.
A ministra anunciou que o Governo criou uma comissão para assegurar que a desintegração das famílias não conduza os sobreviventes para um caos social. A comissão de apoio social deverá fazer um levantamento das necessidades.
Foto: DW/A. Zacarias
Sozinho com 11 filhos
Manuel António ficou viúvo. Tinha duas esposas, as duas morreram carbonizadas no local da tragédia. António tem agora 11 filhos menores à sua guarda. O carpinteiro de 57 anos conta que quando a explosão aconteceu estava no mato à procura de madeira para sua carpintaria.
Foto: DW/A. Zacarias
Lágrimas
Helena chora pela irmã. Muitas famílias estão desesperadas, porque a cada dia há mais mortes no hospital e há novas famílias atingidas ou repetindo o luto. Vários residentes dizem que vai demorar ainda muito tempo até que a aldeia recupere da dor da tragédia.
Foto: DW/A. Zacarias
Famílias desestruturadas
Joseph, de 51 anos, perdeu três elementos da família na explosão do camião-cisterna. Sobrinho, irmão e cunhado, todos morreram no local da tragédia. Moçambique cumpriu três dias de luto nacional.
Foto: DW/A. Zacarias
Sofrimento generalizado
Enquanto se choram os mortos, trata-se dos feridos. O Governo moçambicano anunciou que reforçou a capacidade de intervenção dos serviços de saúde, nomeadamente do Hospital Provincial de Tete, incluindo mais médicos, medicamentos e a disponibilização de dispositivos de climatização para os blocos de enfermaria. Ainda nenhum dos feridos teve alta.
Foto: DW/A. Zacarias
Órfãos
Muitos menores ficaram órfãos em Nhacathale, na sequência da explosão do camião-cisterna que transportava combustível. Na aldeia, quase ninguém sai à rua para consolar os vizinhos em luto, como é tradicional na cultura moçambicana. Isto porque quase todas as casas estão de luto.