O líder da RENAMO já está em pré-campanha para as autárquicas em Moçambique, no próximo ano. Afonso Dhlakama promete fazer na província de Gaza, bastião da FRELIMO, o que antigos Presidentes "não fizeram".
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Numa teleconferência, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) prometeu combater a pobreza na província de Gaza, no sul do país.
Afonso Dhlakama diz que, apesar de dois ex-Presidentes serem naturais da província, não há qualquer evidência de desenvolvimento económico na região. Segundo o líder da oposicao, o que o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), tem é "manobra" para "intimidar os membros da RENAMO, os eleitores e as populações de Gaza, dando a entender que Gaza lhe pertence". Mas "é mentira", diz.
"Samora Machel nasceu em Gaza e não fez nada em Gaza, Chissano nasceu em Gaza e não fez nada. Guebuza é de Maputo e não fez nada. E eu pergunto: Como é que todos esses dirigentes vão dizer que Gaza é da FRELIMO?"
Dhlakama promete lutar contra a pobreza em Gaza
"Vou acabar com isso"
O líder da RENAMO promete inverter a situação. No primeiro contacto que teve com os membros e simpatizantes da RENAMO em Gaza desde que se refugiou nas matas da Gorongosa, em Sofala, garantiu que vai acabar com o sofrimento das populações decorrente das cheias e inundações cíclicas.
"Eu, Afonso Dhlakama, vou acabar com isso", assegurou.
Na sua comunicação, o presidente da RENAMO garantiu ainda que vai participar na campanha para as quintas eleições autárquicas moçambicanas, no próximo ano. Segundo Dhlakama, as teleconferências servem também para capacitar os quadros sobre fiscalização e observação eleitoral.
Sobre a sua retirada das matas da Gorongosa, o líder da RENAMO diz que isso acontecerá depois de ser assinado um acordo com o Presidente da República, Filipe Nyusi, na sequência do diálogo em curso entre ambos para uma paz efetiva em Moçambique.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.