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Paz em Angola: "Em Cabinda as armas ainda não se calaram"

4 de abril de 2023

Em cabinda, a população diz que o conflito armado ainda continua naquela província. A revelação foi feita na data em que Angola comemora o Dia da Paz e Reconciliação Nacional.

Angola Cabinda | Bekanntgabe der Wahlergebnisse
Foto: Simão Lelo/DW

Para os cabindenses, o memorando de entendimento do Luena, apenas selou a paz militar do Zaire ao Cunene.

António Tuma, secretário-geral do Movimento Independentista de Cabinda, diz que ainda há reflexos de desentendimentos entre as Forças Armadas Angolanas e Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC/FAC).

Tuma diz que o clima no enclave é de medo porque o conflito continua. "O clima sempre foi de guerra e o povo sempre viveu amedrontado".

A FLEC mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando que o enclave era um protetorado português - tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 - e não parte integrante do território angolano.

Intimidações, ameaças e repressões é o pão de cada dia dos ativistas em Cabinda, contou à DW, o ativista cívico, Jeovany Ventura.

"É uma paz fictícia, uma paz que não se faz sentir, as armas no Maiombe ainda continuam a se fazer sentir. Não se pode classificar uma paz, sabendo que há repressão em Cabinda", começou por dizer o ativista.

"Não há paz onde há fome, onde há violação de direitos humanos e onde é proibido tudo o que está relacionado com a defesa dos direitos humanos".

Governo sombra da UNITA

UNITA Foto: Simão Lelo/DW

Já o primeiro-ministro do governo Sombra da UNITA, maior partido da oposição, Raul Taty, acusa o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975) de estar apenas preocupado em abafar a situação e corromper as figuras emblemáticas da Frente para Libertação do Enclave de Cabinda.

Raul Taty questiona a distinção de João Lourenço como "campeão da Paz em África", enquanto Cabinda continua em conflito.

"É uma ofensa absoluta para a resistência de Cabinda. Se ainda há uma guerrilha ativa em cabinda, como é que se vai chamar o João Loureço de campeão da Paz em África quando não consegue pôr paz no seu próprio país?! Cabinda está numa região ainda em conflito militar e como é que vai por paz lá na República Democrática do Congo? Isso é uma contradição, é um paradoxo", disse o dirigente da União Nacional para a Independência Total de Angola.

A questão social e política de Cabinda também preocupa os líderes religiosos. Padre Félix Cubola reconhece que há atropelos no que concerne a liberdade de expressão, de manifestação e de reunião.

O padre diz não há paz em Cabinda: "As armas ainda não se calaram em Cabinda, como se diz.Todos os atropelos de direitos humanos são constatados em Cabinda".

A DW tentou sem sucesso contactar o MPLA.

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