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Dia de África no Fórum Social Mundial

8 de fevereiro de 2011

Os movimentos sociais de África ganharam voz esta segunda-feira em Dacar no Dia de África e das Diásporas do Fórum Social Mundial, que está a decorrer no Senegal. Mas o dia foi marcado também pela desorganização.

Na imagem, a marcha inicial do Fórum Social Mundial em Dacar, no SenegalFoto: Renate Krieger/DW

Não foi nas salas de aula da Universidade Cheikh Anta Diop, em Dacar, que aconteceu o Dia de África e das Diásporas do Fórum Social Mundial. Foi nos corredores e nas ruas de acesso aos edifícios. O motivo: muitas das salas que constavam da programação do Fórum não estavam disponíveis para o evento. A surpresa fez com que os críticos da globalização se misturassem a centenas de alunos que passavam de uma sala de aula à outra.

Assim como o Dia dos Povos Indígenas no Fórum Social Mundial em Belém, Brasil, em 2009, o Dia de África e das Diásporas queria apresentar e debater diferentes temas africanos. Por exemplo, com uma conferência sobre a comemoração dos 50 anos de independência de vários países do continente, ou a relação entre a migração e o desenvolvimento.

Mamadou Kann vem da Mauritânia e é responsável pelas relações internacionais de um coletivo contra a repressão no próprio país. Ele já participou de um Fórum Social Africano, mas é a primeira vez que vem a uma edição centralizada do evento: o Fórum Social Mundial. Kann ficou decepcionado: „Este primeiro dia foi um pouco azedo. Vimos que não existe comunicação aqui no Fórum, não sabemos para onde ir para participar dos ateliês." O mauritano também se mostrou descontente com as condições exigidas para participar no Fórum; segundo Kann também existem organizações de vítimas, como a dele, que queriam participar em reuniões específicas – mas em todas elas era preciso pagar, ele diz "assim, não podemos fazer ouvir a nossa voz, pelo menos entre as organizações que estão por aqui“.

Muitos críticos do Fórum costumam atacar a desorganização do evento. Os fundadores do encontro admitem a crítica, mas dizem que se trata de um encontro que acaba por se organizar por si mesmo.

Alioune Tine, presidente da organização de defesa dos direitos humanos, RADDHOFoto: Renate Krieger/DW

O Consenso Africano

E foi o que acabou por acontecer no fim da tarde diante da biblioteca da Universidade. Cinco homens africanos conseguiram chamar a atenção dos transeuntes quando se colocaram numa roda e proclamaram o que chamam de Consenso Africano. Alioune Tine, presidente da organização de defesa dos direitos humanos RADDHO, explica que esse consenso tem base num modelo de desenvolvimento puramente africano: „Este continente não é pobre, concentra o maior número de recursos do mundo, e também tem grandes extensões de terra, além de diversidade étnica. Por isso, é preciso romper com algumas ideias prontas." Aioune Tine falou ainda sobre o capitalismo financeiro e especulativo, que atingiu os seus limites com a crise de 2008. Ele lembra que muitos países conseguiram construir sozinhos muitas coisas que funcionam. O presidente da RADDHO espera conseguir levar a ideia do chamado Consenso Africano, que se opõe ao Consenso de Washington de defesa de uma economia de mercado, a vários parlamentos no continente inteiro. O Dia de África também foi palco para nomes conhecidos da política africana e internacional. Num painel sobre o continente africano, a globalização e a geopolítica, o presidente anfitrião do encontro, Abdoulaye Wade, destacou a diversidade, colocando-se ao lado dos militantes antiglobalização. Porém, mudou de lado apenas simbolicamente: para Wade, conhecido adepto de políticas capitalistas, existem várias soluções para diferentes problemas. O que não pode gerar discórdia, disse ele, é a ideia de querer mudar o mundo.

Autor: Renate Krieger
Revisão: Nádia Issufo/Marta Barroso

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