Dia dos Direitos Humanos: Pandemia agravou desigualdades
Lusa
10 de dezembro de 2021
Dois anos de pandemia agravaram as desigualdades que a ONU queria erradicar com a Declaração de 1948, avalia a Alta Comissária Michelle Bachelet. Hoje, 10 de dezembro, assinala-se o Dia dos Direitos Humanos.
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A crise da Covid-19 "provocou um aumento preocupante das desigualdades, a começar pelas taxas desproporcionadas de infeção e morte nas comunidades mais marginalizadas", disse a Alta Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, numa mensagem em vídeo por ocasião do 73.º aniversário da adoção da Carta dos Direitos Humanos, que se assinala esta sexta-feira, 10 de dezembro.
A pandemia "contribuiu também para o aumento dos níveis de pobreza, fome e para a redução do nível de vida", enquanto aumentaram os protestos, a instabilidade social e os conflitos, sublinhou a Alta Comissária.
As mulheres, os trabalhadores informais, os idosos e os mais jovens estão entre os mais atingidos pela pandemia e as suas consequências socioeconómicas, mas também as pessoas com deficiências e membros de minorias étnicas e religiosas, sublinhou Bachelet.
A desigualdade também aumentou entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em conta que as previsões sugerem que em 2022 os primeiros terão crescimento económico, enquanto os últimos continuarão em recessão.
Momento crítico da política mundial
Estas divergências "foram agravadas pela taxa de vacinação incrivelmente desigual", disse Bachelet, recordando que nos países de alto rendimento, em média, 65% dos adultos receberam pelo menos uma dose de vacina anti-Covid, enquanto nas economias mais pobres a percentagem cai para 8%.
Bachelet lembrou ainda que, juntamente com a crise de saúde, o mundo está a atravessar outra crise ambiental, com 15.000 mortes e 98 milhões de pessoas afetadas em 2020 devido a desastres climáticos.
"Estamos num momento crítico da política mundial, em que o mundo ainda não recuperou da pandemia e está a tentar, por outro lado, fazer as mudanças radicais necessárias para evitar outras catástrofes ambientais futuras", alertou a antigo Presidente do Chile.
Amnistia Internacional celebra 60 anos
Desde a defesa de prisioneiros políticos até ao lobby contra o controlo global do comércio de armas, a iniciativa de um advogado transformou-se na maior rede de ativistas dos direitos humanos no mundo.
Foto: Getty Images/AFP/L. Neal
Amnistia para prisioneiros esquecidos
Em 1961, o ditador de Portugal ordenou a prisão de dois estudantes por terem feito um brinde à liberdade em público. Afetado pela notícia, o advogado Peter Benenson escreveu um artigo que teve um impacto global: pediu apoio para as pessoas perseguidas pelas suas convicções. Isso levou à criação da Amnistia Internacional, uma rede global que faz campanhas contra as violações dos direitos humanos.
Foto: Miguel Riopa/AFP/Getty Images
Campanhas para salvar vidas
O objetivo inicial da Amnistia Internacional era a defesa dos prisioneiros políticos não violentos. Uma longa lista de ativistas, desde o sul-africano Nelson Mandela ao russo Alexei Navalny, já receberam o apoio da Amnistia Internacional como "presos de consciência". A organização logo expandiu o seu foco para protestar contra a tortura e a pena de morte.
Foto: Getty Images/S. Barbour
Cruzada contra a tortura
Nos anos 70, quando a organização lançou a sua primeira campanha global contra a tortura, forças armadas em todo o mundo utilizaram-na, em muitos casos, contra os prisioneiros políticos. Mas as campanhas do grupo também contribuíram para uma tomada de consciência que ajudou a promover a criação de resoluções da ONU contra o uso da tortura, que foram agora assinadas por mais de 150 países.
Foto: Tim Sloan/AFP/Getty Images
Crimes de guerra
A Amnistia Internacional baseia as suas campanhas em provas obtidas por ativistas. Nas zonas de guerra, onde os civis são mais vulneráveis aos exércitos e às milícias, é necessária documentação das violações dos direitos humanos para responsabilizar os criminosos. A organização manteve um registo público que comprovou crimes de guerra russos, sírios e da coligação liderada pelos EUA na Síria.
Foto: Delil Souleiman/AFP/Getty Images
Acabar com o comércio de armas
A Amnistia Internacional procura impedir que as armas cheguem às zonas de guerra, onde muitas vezes são utilizadas contra civis. Embora um tratado internacional imponha regras destinadas a regular o comércio internacional, a compra e venda de armas continua a aumentar. Entre os maiores exportadores, a Rússia e os EUA não ratificaram o tratado e muitos outros não o cumpriram.
Foto: Chris J Ratcliffe/Getty Images
Campanha pelo aborto legal e seguro
As campanhas da Amnistia Internacional também abrangem a igualdade de género, os direitos das crianças e o apoio à comunidade LGBT. Mas Governos e figuras religiosas já criticaram a organização por defender o acesso ao aborto. Na foto, ativistas argentinos colocaram ramos de salsa e ervas, usadas para induzir abortos, às portas do Congresso Nacional, em Buenos Aires.
Foto: Alejandro Pagni/AFP/Getty Images
Uma rede internacional em expansão
Desde o seu início, na década de 1960, a Amnistia Internacional cresceu e transformou-se numa ampla rede global de ativistas que, além de participarem em campanhas de solidariedade global, trabalham para combater as violações locais dos direitos humanos. Com milhões de membros e apoiantes, a organização tem ajudado a poupar da morte e da detenção milhares de prisioneiros por todo o mundo.