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Liberdade de imprensaAngola

Angola: "O Estado tomou o monopólio da imprensa"

3 de maio de 2022

Instituto para a Comunicação Social da África Austral entende que Angola não tem muitos motivos para celebrar no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Jornalista diz que o Estado faz o que quer da imprensa nacional.

Foto de arquivo: Protesto pela liberdade de imprensa no Quénia, em 2013.Foto: picture alliance/AP Photo/S. Azim

Assinala-se esta terça-feira (03.05) o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Em Angola, o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) diz que "infelizmente, não há muito para comemorar", trinta anos depois da declaração de Windhoek para o Desenvolvimento de uma Imprensa Livre, Independente e Pluralista, adoptada por jornalistas de todo o mundo reunidos num seminário convocado pela Organização das Nações Unidas.

"Infelizmente, 12 meses depois de termos comemorado pela última vez o Dia da Liberdade de Imprensa em Angola, não temos muito por comemorar na passagem desta importantíssima efeméride", considera André Mussamo, presidente do MISA-Angola.

Segundo o responsável, o país registou recuos no que toca à liberdade de imprensa nas últimas três décadas e as razões são várias, "por exemplo, a não existência de pluralidade de conteúdos". Mussamo cita a falta de cobertura por parte dos órgãos públicos da greve dos médicos e dos professores do ensino superior.

"Paira nas redações uma espécie de ouvidos de mercador para não dizer cultura do medo com grandes factos à luz de critérios de noticiabilidade a serem ignorados olimpicamente pelos jornalistas", frisa. "É um claro sintoma de censura, de autocensura, seja o que for, por mais que os poderes instituídos, as direções dos órgãos, tentem dizer o contrário para ficarem bem na fotografia".

Controlo e coação

Mário Paiva, um dos jornalistas angolanos presentes no ato de assinatura da declaração de Windhoek, em 1993, afirma que o "Estado angolano tomou o monopólio da imprensa". Para o jornalista, trinta anos depois, há um claro retrocesso que se caracteriza "principalmente pela tentativa de controlo por parte das autoridades governamentais dos meios de comunicação social, no sentido de limitar e coagir os jornalistas, a independência dos meios e a liberdade profissional".

O Jornalismo Mundial Sob Cerco Digital é o tema do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa de 2022. Mário Paiva lembra os três pilares que nortearam o espírito da declaração de Windhoek consagrada pela Assembleia Geral das Nações Unidas: "A independência dos meios, o pluralismo e a diversidade".

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, esta terça-feira, o MISA-Angola e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos realizam em Luanda uma conferência para refletir sobre a imprensa.

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