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DesportoEuropa

Didier Drogba recebe "Prémio Presidente UEFA" 2020

António Deus
2 de outubro de 2020

O ex-avançado do Chelsea e da Costa do Marfim é recordado pelo Presidente da UEFA como um "pioneiro" e pelo seu "compromisso com a excelência dentro e fora do campo".

Foto: UEFA/Reuters

Todos os anos, uma personalidade do futebol é distinguida pela UEFA com o Prémio Presidente da UEFA. 2020 é o ano de Didier Drogba. O ex-avançado do Chelsea e antigo internacional pela Costa do Marfim é recordado pelo Presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, como um "líder e pioneiro", destacando também o seu "compromisso com a excelência dentro e fora do campo".

Aleksander Čeferin, presidente da UEFAFoto: picture-alliance/dpa/L.Duperrex

O prémio reconhece feitos notáveis, excelência profissional e qualidades pessoais exemplares, e Aleksander Čeferin admira o desejo de Drogba em ajudar a melhorar a vida de crianças em países em desenvolvimento após a sua retirada dos relvados.

"Didier é um herói para milhões de adeptos do futebol pelas suas conquistas ao longo da brilhante carreira que teve como jogador. Ele é um líder, um pioneiro. Vou-me lembrar dele como um jogador fantástico, pela habilidade, força e inteligência, mas acima de tudo, pelo seu apetite insaciável de vencer, uma caraterística que está tão presente no seu desejo em ajudar os outros fora do campo", disse Čeferin.

A fundação do ex-jogador de 42 anos procura fornecer assistência educacional, como a construção de escolas, o que, em última análise, pode dar às crianças uma saída das condições de pobreza em que estão envolvidas. Já em época de pandemia da Covid-19, Drogba propôs às autoridades da Costa do Marfim que o hospital da sua fundação, em Abidjan, fosse um centro de deteção da doença no país.

Drogba também voltou à sala de aula. Depois de deixar os relvados, no final de 2018, após passagens pela China, Turquia, Canadá e Estados Unidos, o antigo jogador voltou aos estudos e frequenta o Mestrado Executivo da UEFA para Jogadores Internacionais (programa MIP), um passo que considera chave para permitir a sua transição para uma carreira de sucesso após ter deixado os relvados.

Didier Drogba recebeu o "Prémio Presidente UEFA" 2020Foto: UEFA/Reuters

"Pensei: 'Como posso continuar a ter o mesmo impacto sem jogar, sem usar o meu físico, as minhas pernas e o meu coração?' A melhor maneira era utilizar o meu cérebro e pensar em como permanecer no futebol e optar por uma carreira administrativa. É por isso que aqui estou, para obter todas as ferramentas necessárias para melhorar, não apenas como pessoa, mas como um homem ambicioso que deseja contribuir para o desenvolvimento do futebol."

Drogba, que recebeu o "Prémio Presidente UEFA" em Genebra, durante o sorteio da Liga dos Campeões, na quinta-feira (02.10), começou a carreira em França, onde representou o Le Mans, Guingamp e Marselha. No entanto, em 2005, José Mourinho resgatou o avançado do Marselha e levou-o consigo para o Chelsea, clube onde se afirmou como um dos maiores avançados do século XXI.

Didier Drogba representou o Chelsea em duas fases. Primeiro, entre as épocas de 2004/05 e 2011/12. Depois de duas épocas fora de Londres, divididas entre a China e a Turquia (campeão nacional pelo Galatasaray), Didier voltou a Stamford Bridge em 2014/15, ficando apenas mais duas épocas. Ao todo, somando as dez temporadas com a camisola do Chelsea, Drogba somou 381 jogos oficiais, 164 golos e 86 assistências. A nível de títulos coletivos, o costa-marfinense ganhou todos os troféus possíves no futebol inglês: Premier League, FA Cup (Taça de Inglaterra), Taça da Liga Inglesa e a Community Shield (Supertaça).

Ao todo, foram 16 títulos pelos "blues", um deles a Liga dos Campeões. Na épica final de 2012, frente ao Bayern Munique, em plena Allianz Arena, Drogba marca os dois golos mais emblemáticos da carreira no Chelsea. Fez o golo do empate (1-1) aos 88 minutos e, no desempate por grandes penalidades, Drogba marcou o penálti que garantiu a primeira Liga dos Campeões da história do Chelsea. 

"Ganhar uma 'Champions', ter jogado e marcado pelo meu país num Campeonato do Mundo... Tudo isso eram sonhos quando eu era pequeno. Existem tantas crianças nos países em desenvolvimento que têm potencial para se tornarem não apenas jogadores de futebol, mas também médicos, professores e engenheiros. Por isso, é importante ajudar e apoiar os nossos jovens para que eles possam realizar os seus sonhos e aspirações."

Drogba é o maior goleador da seleção da Costa do Marfim, com 65 golos em 105 jogosFoto: AP

Pela seleção da Costa do Marfim, Didier Drogba foi um dos "indomáveis" que levou a seleção africana ao primeiro Mundial de futebol, em 2006. Depois do feito, voltou a liderar a seleção a mais dois campeonatos do mundo: ao Mundial de 2010, na África do Sul, e em 2014, no Brasil. Pela Costa do Marfim, Drogba fez 105 jogos e 65 golos. É o maior goleador da seleção e o terceiro jogador com mais internacionalizaçãos, atrás de Didier Zokora (123) e Kolo Touré (118). Faltou apenas um título pela Costa do Marfim, que, curiosamente, ganhou o CAN em 2015, um ano depois da retirada de Drogba da seleção.

Didier Drogba foi campeão europeu pelo Chelsea em 2012Foto: Getty Images/AFP/J. Macdougall

Didier Drogba junta-se agora a uma lista de vencedores do "Prémio Presidente UEFA" que está repleta de lendas como Sir Bobby Charlton, Eusébio, Raymond Kopa, Johan Cruyff, Francesco Totti, David Beckham ou Eric Cantona.

Vencedores do Prémio Presidente UEFA:
1998: Jacques Delors (Comissão Europeia, França)
1999: Não houve prémio
2000: Guy Roux (França)
2001: Juan Santisteban (Espanha)
2002: Bobby Robson (Inglaterra)
2003: Paolo Maldini (Itália)
2004: Ernie Walker (Escócia)
2005: Frank Rijkaard (Países Baixos)
2006: Wilfried Straub (Alemanha)
2007: Alfredo Di Stéfano (Espanha)
2008: Bobby Charlton (Inglaterra)
2009: Eusébio (Portugal)
2010: Raymond Kopa (França)
2011: Gianni Rivera (Itália)
2012: Franz Beckenbauer (Alemanha)
2013: Johan Cruyff (Países Baixos)
2014: Josef Masopust (República Checa)
2015: Não houve prémio
2016: Não houve prémio
2017: Francesco Totti (Itália)
2018: David Beckham (Inglaterra)
2019: Éric Cantona (França)
2020: Didier Drogba (Costa do Marfim)