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Difícil liberdade de imprensa em Angola

3 de maio de 2011

Celebra-se hoje o dia mundial da liberdade de imprensa. Em Angola a liberdade é um tema delicado. Por exemplo, na tentativa de manifestação de Março contra o regime angolano jornalistas foram detidos.

Em Angola cada vez mais os órgãos de comunicação social estão a ser comprados ou geridos por pessoas próximas ao poder políticoFoto: picture-alliance/ ZB

Deutsche Welle: Qual é a sua opinião sobre o estado da liberdade de imprensa em Angola?

William Tonet: O estágio da liberdade de imprensa pode ser considerado bastante difícil, não temos a perseguição que tínhamos antes, mas temos agora a monopolização por parte do regime. A maior parte dos órgãos que eram privados está hoje sob sua tutela por causa de uma série de questões económicas e não só, o Estado vem amarfanhando os órgãos que vão tentando pugnar por uma linha mais crítica, uma linha distinta daquilo que o regime gostaria. Temos a grande imprensa chamada independente ou privada nas mãos do próprio regime, portanto podemos ver que não há essa liberdade.

Deutsche Welle: Até que ponto esta tendência pode ser prejudicial?

William Tonet: É sempre prejudicial porque naturalmente nós temos a maior parte da imprensa manietada, e sendo assim há um prejuízo das liberdades, e os órgãos hoje vão fazendo resistência, não é que eles estejam num ambiente de liberdade, eles tem de fazer uma resistência a essa tendência monopolista do próprio regime.

Deutsche Welle: Qual seria a maneira de reverter essa situação?

William Tonet: Eu penso que só uma mudança política de regime, só uma mudança de status quo irá alterar essa tendência. Não acredito que com a atual tendência, porque o dinheiro está extremamente concentrado, consigamos muito mais do que aquilo que tínhamos conquistado e que paulatinamente vem sendo retirado, fruto de uns que tem muito dinheiro e outros que não tem nada, e depois não há nada verdadeiramente do Estado, as instituições estão extremamente partidarizadas.

Deutsche Welle: Qual é o seu nível de esperança em relação a força da imprensa angolana tomando em conta a atual situação do país?

William Tonet: Eu penso que a pouca imprensa que ainda não se deixou manietar vai continuar a bater-se na esperança de que não há mal que sempre dure e que dias distintos poderão acontecer, mas que é necessário continuar a lutar, não se deixar corromper pelo sistema, e lutar em prol da democracia e das liberdades fundamentais do cidadão.

Autor: Nádia Issufo
Revisão: Helena de Gouveia

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