A Assembleia Geral das Nações Unidas elegeu Makiese Kinkela Augusto para o Comité Consultivo para as Questões Administrativas e Orçamentais, para o período 2019-21.
Encontro da 73a Sessão da Assembleia Geral da ONUFoto: Getty Images/AFP/T. A. Clary
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Segundo a comunicação social angolana, o diplomata angolano Makiese Kinkela Augusto foi eleito membro do Comité Consultivo para as Questões Administrativas e Orçamentais da ONU (ACABQ, na sigla em inglês), na sexta-feira (02.11), na sequência dos trabalhos da 73.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, que decorrem em Nova Iorque até 30 de dezembro.
Makiese Augusto é o primeiro diplomata lusófono eleito para o ACABQ, um órgão subsidiário da Assembleia Geral das Nações Unidas, criado pela Resolução 14, de 13 de fevereiro de 1946.
Diplomata de carreira do Ministério das Relações Exteriores, há 17 anos, o conselheiro Makiese Augusto teve uma passagem pela Missão Permanente de Angola como diplomata e trabalhou nos Escritórios do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra.
Prédio das Nações Unidas, em Nova IorqueFoto: Fotolia/TAF
Trabalho do comité
O Comité Consultivo para as Questões Administrativas e Orçamentais tem por missão escrutinar e supervisionar a proposta de Orçamento Geral das Nações Unidas, submetida pelo secretário-geral antes de ser apresentada à Assembleia Geral.
Por outro lado, tem o dever de emitir recomendações e pareceres sobre os programas de orçamentos do Secretariado das Nações Unidas, dos fundos das agências especializadas e internacionais afiliadas no sistema da ONU e sobre qualquer decisão relacionada com questões administrativas, financeiras e orçamentais.
O comité é composto por 16 peritos de competência reconhecida e comprovada no domínio das questões relativas ao sistema multilateral, em particular das questões administrativas e orçamentais das Nações Unidas, bem como no domínio dos procedimentos e mecanismos de decisões políticas e diplomáticos do sistema da ONU.
Segundo a página do Comité Consultivo para as Questões Administrativas e Orçamentais na internet, seus membros são eleitos pela Assembleia Geral por um período de três anos, com base em uma ampla representação geográfica. Os membros servem a título pessoal e não como representantes dos Estados-membros. O comité realiza três sessões por ano.
As batalhas de Kofi Annan
Nascido no Gana, Kofi Annan tornou-se no primeiro líder africano e negro da ONU e num dos grandes nomes da diplomacia mundial. Bateu-se pela paz, mas a luta nem sempre correu bem.
Foto: Getty Images/AFP/H. Zaourar
Estrela em ascenção da Organização das Nações Unidas (ONU)
Kofi Anan nasceu no seio de uma conhecida família no Gana em 1938. Estudou na Suíça e nos Estados Unidos. Começou a trabalhar na ONU com 24 anos. Em 1993, tornou-se chefe das operações de manutenção da paz. Um dos primeiros desafios foi a crise na Somália, quando confrontos entre forças norte-americanas apoiadas pela ONU e milícias da Somália causaram a morte a 18 soldados americanos.
Foto: Getty Images/AFP/H. Zaourar
Derrotas na Bósnia e no Ruanda
As forças de manutenção da paz da ONU não conseguiram travar os genocídios no Ruanda e na Bósnia na década de 90. As missões malogradas levaram Annan a “criar uma nova compreensão de legitimidade e necessidade, de intervenção frente a graves violações dos direitos humanos”, escreveu na sua auto-biografia de 2012.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Apoio norte-americano
Em 1996, os EUA queriam substituir o então secretário-geral da ONU Boutros Boutros-Ghali, que, por repetidas vezes, ia contra os interesses de Whashington. Annan, por seu lado, enquanto substituto de Boutros-Ghali, autorizou a intervenção na Bósnia liderada pelos norte-americanos. Mais tarde, o veto dos EUA ao segundo mandato de Boutros-Ghali abriu caminho para Annan chegar ao posto em 1997.
Foto: Reuters/R. Wilking
Prémio Nobel da Paz
Em 2001, o Comité do Prémio Nobel da Paz atribuiu o galardão à ONU e ao seu líder, Kofi Annan, elogiando Annan por revitalizar a ONU e lutar pelos direitos humanos. “Não estou aqui sozinho”, disse Annan no discurso de aceitação. Annan agradeceu ao Comité em nome dos seus colegas da ONU “que dedicaram a vida e, em muitos casos, arriscaram ou perderam a vida pela paz.”
Foto: picture-alliance/dpa/H. Junge
Annan vs Whashington
Os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003, ignorando o Conselho de Segurança da ONU e irritando muitos dos seus aliados mais próximos. Annan opôs-se abertamente à invasão a que chamou de “ilegal”. As declarações causaram revolta entre os que anteriormente o apoiaram em Washington.
Foto: picture-alliance/ dpa/Y. Logghe
Sob investigação
Em 2004, Annan viu-se envolvido num escândalo de corrupção devido ao programa no Iraque “Petróleo por Alimentos”, pois o seu filho Kojo recebia honorários de uma empresa envolvida no programa. Annan acabou por ser ilibado de má conduta, mas ficou por esclarecer o seu papel na obtenção do negócio pelo filho. Alguns analistas acreditam que o escândalo foi orquestrado por diplomatas norte-americanos.
Foto: Getty Images/A.Burton
Depois da ONU
Kofi Annan terminou o segundo mandato de cinco anos em 2006 e foi sucedido por Ban Ki-moon. Mas o diplomata ganês permaneceu ativo na luta pela paz. Ao lado de Nelson Mandela, Desmond Tutu e outros diplamatas e ativistas reconhecidos, Annan fundou a organisação não governamental “The Elders”, que luta pela pez e pelos direitos humanos.
Foto: Getty Images
Tentativa falhada na Síria
Annan voltou aos holofotes como o enviado da ONU à Síria, em 2012, durante a fase inicial do conflito que viria a transformar-se na infindável e sangrenta guerra civil. No entanto, abandonou o posto cinco meses depois, frustrado com a falha em honrar compromissos por parte dos grandes poderes. “Perdi as minhas tropas a caminho de Damasco”, disse.
Foto: Reuters/Sana
Myanmar: a última missão
Em 2016, Annan viajou para o Myanmar para liderar uma comissão consultiva no conflito com os Rohingya, gerando muitos protestos entre a maioria budista no país. A comissão pediu ao Governo que terminasse com a pobreza entre o povo Rohingya e garantisse os seus direitos. Em outubro de 2017, Annan pediu à ONU que pressionasse Myanmar para receber de volta os Rohingya exilados.